Cultura

Minissérie ‘Amazônia’ decepciona no ibope

Por Andrezza Capanema | Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min

As coisas não andam nada bem em “Amazônia” (Globo). E o problema, desta vez, não foi provocado pelo conflito entre brasileiros e bolivianos pelo domínio do território do Acre, retratado pela minissérie de Glória Perez. A produção, que estreou no dia 2 de janeiro com média de 34 pontos no Ibope, registrou média de 24 pontos durante todo o mês passado. A antecessora, “JK” - que foi ao ar em 2006, teve média de 31 pontos nas quatro primeiras semanas em que foi ao ar.

Além disso, “Amazônia” amargou média de apenas 15 pontos nos dias 17 e 31 de janeiro. Vice-coordenadora do núcleo de teledramaturgia da Escola de Comunicação e Arte (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Maria Lourdes Motter afirma que o ritmo da produção pode ser um dos responsáveis pela queda nos números. “A minissérie é muito lenta. Televisão precisa de ação, de movimento”, fala. “Cadê o cotidiano de lutas? Não é possível que um lugar que foi disputado pelo Brasil, pela Bolívia e por um aventureiro (Gálvez, interpretado por José Wilker) fosse tão calmo”, completa.

A especialista ainda aponta outras falhas que estariam afugentando os telespectadores da produção. “‘Amazônia não tem conteúdo. Ela se propôs a contar uma história real, mas não explora os fatos históricos dramaticamente. Eu conheço a trajetória de Gálvez e sei que ele está sendo mostrado de maneira superficial.” O casamento entre história e amor sempre deu certo na TV. Mas, segundo Maria Lourdes, “Amazônia” não soube aproveitar a relação entre os dois. “O conflito no Acre virou pano de fundo de relacionamentos amorosos, que também não convencem. Os casais românticos não cativaram o público”.

Apesar das críticas, Glória Perez argumenta que o grande inimigo da produção é o seu horário de exibição. “À meia-noite, o número de televisores ligados diminui. E, durante dois dias na semana, às quartas e às sextas, entramos nesse horário. Sabíamos que seria assim. Nunca tivemos a expectativa de grandes números, minissérie não é novela das oito”, diz a autora.

A Globo faz coro. “Sabíamos que, com a mudança de horário, o patamar de audiência da minissérie ‘Amazônia - De Gálvez a Chico Mendes’ seria alterado, mas continuamos muito impressionados com a repercussão, que tem sido sensacional para uma história completamente desconhecida do público brasileiro”, informa, por e-mail, a Central Globo de Comunicação.

A especialista, entretanto, rebate: “O horário influencia a audiência sim, mas todas as minisséries tiveram esse problema e se saíram melhor (no Ibope). O problema de ‘Amazônia’ é que a minissérie prometeu muito e não está empolgando.”

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