Bairros

Extremos da cidade guardam muitos contrastes

Marcelo de Souza
| Tempo de leitura: 3 min

Quando uma pessoa fala que vive nos extremos da cidade, logo vem à mente um lugar isolado, sem o mínimo de infra-estrutura, com uma série de problemas que não serão resolvidos a curto prazo, talvez nem a médio. Muito disso tudo é verdade e o JC constatou que há contrastes nas quatro regiões da cidade.

Em busca de informações sobre como vivem os moradores dos extremos norte, sul, leste e oeste, a reportagem do JC foi aos bairros e questionou seus habitantes, detectando de fato muitos problemas, mas também um lado que a maioria da população de Bauru não conhece desses locais: a solidariedade.

Com exceção do Residencial Lago Sul, um condomínio de alto padrão localizado quase no limite de Bauru com Piratininga, onde os moradores conseguem viver quase como se a cidade não existisse, nos demais pontos cardeais a situação é diferente.

Quem vive no norte (Nova Bauru), leste (Santa Terezinha) e oeste (Val de Palmas) de Bauru enfrenta as dificuldades de morar longe do Centro, já que não é possível encontrar de tudo no local onde moram.

O contato com o Centro da cidade nem sempre é possível, por causa da necessidade de transporte, nem sempre eficiente, segundo os moradores. Nisso os três bairros contrastam com o extremo rico, o sul, onde todos possuem carros e se deslocam com maior facilidade, até porque o acesso é mais fácil pela falta de trânsito na região onde vivem, dominada em sua maioria por condomínios fechados.

No caso do Lago Sul, quem mais enfrenta dificuldades são os empregados, que dependem do transporte coletivo para trabalhar em um lugar afastado. Para os moradores, a dificuldade é zero. Um deles, que preferiu não se identificar, afirma que está vivendo no paraíso. Proveniente de São Paulo, onde o caos urbano é cada vez maior, o morador anônimo considera que encontrou um verdadeiro oásis para viver. “A distância não é problema. Para quem ficava horas no trânsito da Capital, ter que se deslocar até o Centro de Bauru é o de menos”, afirma.

Engana-se também quem acha que os extremos são marcados pela violência. Pelo contrário, o que mais a reportagem do JC ouviu dos moradores foi que os lugares são tranqüilos. Se o Lago Sul é um oásis, o Santa Terezinha parece um refúgio, por causa da tranqüilidade.

Quem entra no bairro, perto do limite com Pederneiras, tem a sensação de estar em uma cidade menor, dentro de Bauru, daquelas que preservam a tranqüilidade que se espera quando se vive no Interior.

Essa tranqüilidade é a principal característica do bairro, fazendo os moradores minimizarem até os problemas de falta de serviços, como creches e posto de saúde, comum a outros locais do município. Na maioria das vezes eles precisam se deslocar para o Núcleo Otávio Rasi para tudo e se queixam disso, ainda que moderadamente.

O quesito segurança, aliás, é um dos aspectos em que os quatro pontos cardeais de Bauru têm em comum. Longe de ser o principal problema, a segurança fica em segundo plano, já que os moradores não reclamam de violência nos bairros. Neste ponto, quem mora no Val de Palmas cobra apenas um posto policial, já que viver próximo a uma rodovia (João Ribeiro de Barros), deixa uma sensação de intranqüilidade.

Outro ponto comum entre os locais é a queixa contra os políticos. Tirando o Lago Sul, os demais bairros têm restrições à classe política. Assim como a maioria da população brasileira, os bauruenses dos extremos da cidade reclamam que os políticos só aparecem na época de campanha, para prometer e depois abandonar. “O poder público não dá atenção”, reclama Mauro Marytins, morador do Residencial Nova Bauru.

Comentários

Comentários