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‘Velha guarda’ japonesa faz Bon Odori

Da Redação
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Dezenas de luminárias brancas e vermelhas, chamadas tyotin, foram presas em fios que se encontram numa armação de ferro de quase cinco metros de altura, o yagurá. No topo, músicos com seus tambores, os taikos, irão comandar as batidas e o ritmo da festa que será realizada hoje à noite no Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru. O evento, denominado Bon Odori, uma homenagem aos mortos, faz parte das comemorações do aniversário da cidade e tem como objetivo divulgar e cultivar a cultura japonesa.

Apesar da tradição japonesa predominar em tudo na festa - da decoração à música, dança, passando pela comida -, a cada ano é maior o número de brasileiros que participam, além dos japoneses e seus descendentes. O Bon Odori é uma festa de tradição oriental que surgiu a partir de rituais praticados por antigos agricultores japoneses e da crença budista de que os espíritos dos falecidos vêm visitar os familiares uma vez ao ano. Tanoue Shimamura, 82 anos, explica que participar do Bon Odori é um modo de rezar para os mortos com alegria.

“A gente fica triste quando alguém morre, mas com essa festa, esquece as lágrimas”, diz em japonês, apesar de morar desde a década de 50 no Brasil. Há 30 anos, Tanoue faz as instalações elétricas para a festividade. Com a ajuda de mais 25 voluntários que participam do clube, ele é responsável pelo funcionamento dos tyotins, as luminárias coloridas, nas quais são pendurados papéis com os nomes de pessoas que contribuíram financeiramente para a realização do evento.

Ao centro do ginásio de esportes, onde hoje acontecerão as apresentações de danças e música, foi armado o yagurá, que simboliza um altar para que as pessoas dancem em volta. “É bem alto porque significa que é preciso enxergar longe”, explica Tanoue. “Se não tem yagurá, não tem Bon Odori”, ensina o presidente do clube, Julio Kosaka, que espera duas mil pessoas para a festa que acontece há mais de 30 anos.

Quem estiver presente na festa, vai assistir apresentações de grupos de música e danças típicas. O som ficará por conta da Bauru Gakudan e da Banda Musical Nipo-Bauru. Estarão à venda comidas japonesas como sushi, tempurá, udon, isca de peixe, sashimi e os doces mandyu, dorayaki e botamoti, que poderão ser degustados em mesas na praça de alimentação.

Quem não dispensa as receitas ocidentais poderá comprar pastéis e espetinhos. A renda da festa será repassada para entidades responsáveis pelas barracas. “Algumas delas são as igrejas Seisho-no-ie, holiniss e o grupo de taiko, que irá usar a renda para a manutenção de seus instrumentos”, explica Kosaka.

A festa será realizada hoje, das 18h às meia-noite no Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru, que fica na rua Monsenhor Claro, 90-51, Centro. O convite para a entrada custa R$ 5,00 por pessoa.

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Expectativas

Os preparativos para o Bon Odori começaram há um mês, período em que foram realizados ensaios das danças todas as terças-feiras, dos quais participaram Kikue Takenaka, 58 anos. Ontem, ela e mais seis mulheres grampeavam delicadas fitas coloridas e confeccionaram flores de papel celofane para decorar o palco onde irão se apresentar.

“Eu vou vestir um kimono branco e cor-de-rosa, todo florido de roxo por baixo”, conta Kinue, ansiosa para pôr em prática a dança que executa há dez anos na festa, assim como a sua amiga Hiroco Nagasawa.

“Vamos apresentar a música Liberdade Ondo e a dança do leque, a Tanabata Matsuri”, conta Hiroco, à espera de um público mais variado para assistir sua apresentação neste ano. “Espero que compareçam mais que no ano passado. Reparei que estão vindo muitas pessoas que não são nisseis. Esta integração está aumentando cada vez mais”, comemora.

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