Turismo

Timburi: De onde se avista o Paraná

Eliane Barbosa
| Tempo de leitura: 4 min

Apenas 32 quilômetros separam Piraju de Timburi, a cidade limítrofe do Estado de São Paulo, às margens de dois rios caudalosos: o Paranapanema e o Itararé.

Por conta de tanta água, a pequena, simpática e agradável Timburi sediou no final de semana passado um dos campeonatos de natação mais importantes da América Latina, reunindo mais de 120 atletas: a Maratona Aquática Paulista de Águas Abertas.

Orgulho para seu povo, que há poucos dias também bailou ao som de Cézar e Paulinho na 39ª Fespinga, a Festa da Pinga, que conta com participação maciça do povo de toda a região. Com direito a rainha da festa, baile, comilança, doses etílicas e rodeio a cargo de Waltinho dos Santos.

Rogério Minozzi Correa, o eficiente coordenador de Turismo de Timburi, detalha que Timburi, chamada de “Janela do Poente”, conta com 3.000 habitantes e está a 800 metros de altitude em relação ao nível do mar. Possui clima tropical com temperaturas médias de 25ºC e sua economia se destaca pela agricultura e pecuária, tendo uma grande vocação turística graças às suas peculiares características geográficas.

“Está entre os dois mais importantes rios do Estado de São Paulo, Paranapanema e Itararé”, diz Correa, que lembra que o município conta com fazendas fantásticas, elevações rochosas, cânions e reservas naturais preservadas.

Timburi é nome de uma árvore, ainda presente em toda a cidade. Os índios utilizavam sua madeira para fabricação de canoas e hoje suas sementes se prestam à produção de artesanato.

“Nosso público-alvo é da microrregião. Turistas que nos procuram pela facilidade de acesso, simpatia da população e pelas belezas naturais”, define o coordenador.

Gente que sabe que Timburi oferece passeios de barco, as mais variadas trilhas, visitas a monumentos históricos, pesca esportiva, roteiros por fazendas históricas e muitos eventos turísticos.

O município limita-se ao norte com Chavantes e Ipaussu, ao sul com o município de Fartura, ao leste com Sarutaiá e Piraju, a oeste com Ribeirão Claro (Paraná).

Como se vê, Timburi é rica em história, cultura e hidrografia. Além dos rios Itararé e Paranapanema, que lhes servem de divisa, existem 12 córregos permanentes e dois ribeirões que atravessam suas terras.

“Timburi conta hoje com 165 propriedades rurais, quatro pequenas indústrias no setor extrativo e de transformação e 23 estabelecimentos comerciais”, detalha Corrêa, lembrando da importância que a cultura do café sempre exerceu na região.

Hoje, o café e a pecuária continuam sendo as principais atividades econômicas da cidade, com uma pequena contribuição de outros produtos agrícolas e do turismo, que vem se despontando.

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O camping e a represa

O camping do Redondo, de Timburi, é famoso, bem-estruturado e convidativo. Especial para abrigar gente de todas as idades, incluindo famílias inteiras em busca de tranqüilidade em torno das águas despoluídas dos rios, cachoeiras com 20 metros de altura e da monumental represa de Chavantes.

Inaugurada em 1970, no Paranapanema, para gerar 414 megawatts de energia, a barragem formou um enorme lago que delimita agora a divisa. Trouxe energia, progresso, incremento do turismo e lazer, incluindo a pesca profissional e esportiva.

Fazendo surgir campings à beira d’água, pousadas em “ilhas”, escarpas, colinas íngremes e espigões – combinação entre a região montanhosa e a represa profunda (da linha máxima de água, no alto da barragem, ao ponto da jusante há uma diferença de 74 metros).

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A igreja e o guia

O povo timburiense é amável com os turistas, tornando sempre presente o convite para a exploração de seus pontos pitorescos, que podem ser indicados pelo guia Tarcísio Ambiel, de 82 anos, que faz as honras da casa.

Ex-funcionário do Departamento de Saúde da cidade, amante da natureza, ex-atleta profissional, Ambiel, de ascendência suíça, não demonstra a idade. Parece ter 20 anos a menos, resultado de uma vida regrada, muita pesca, contato com a natureza e caminhadas diárias.

O encontramos no camping, um de seus lugares prediletos, em companhia de familiares. Mostrou o rio, contou histórias da cidade, detalhou as pousadas – são duas na cidade –, curiosidades da igreja local, das casas-flutuantes (há várias na região).

A Igreja da Santa Cruz, um dos cartões postais de Timburi, foi construída de grande blocos de pedra, com precárias condições técnicas. As suas formas são de uma singeleza tocante. A pia batismal é uma verdadeira obra de arte, feita de um único bloco de pedra.

“O construtor da igreja foi o primeiro vigário, o padre Bento Gonçalves Queirós, que, aliás, fez também o relevante trabalho de deixar escrito para a posteridade a formação histórica de Timburi. O jazigo do padre, já falecido, encontra-se sob a escadaria da entrada”, explica. Lugar muito reverenciado pelos fiéis.

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