Em um mundo cada vez mais interconectado, o profissional de relações internacionais costuma ter papel central em decisões que envolvem instituições, normas, estruturas e processos que fazem parte do sistema internacional.
“O profissional investiga a interação entre fronteiras governamentais e não governamentais’’, explica Cristina Yumie Aoki Inoue, coordenadora de graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB), que oferece o curso mais antigo da área, criado em 1974 - segundo o Ministério da Educação, a graduação em RI é oferecida por 96 instituições.
Durante a faculdade, o estudante tem formação multidisciplinar. “O foco é política e economia internacional, mas o aluno também tem aulas de marketing, gestão de políticas públicas e idiomas estrangeiros’’, diz Reginaldo Mattar Nasser, coordenador do bacharelado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Na Universidade de São Paulo (USP), a formação envolve direito, ciência política, historia e economia. “Não há um perfil profissional muito claro, então tentamos oferecer uma formação que permita ao aluno se movimentar entre as distintas expressões da carreira’’, afirma Maria Hermínia Tavares de Almeida, coordenadora do bacharelado da USP.
Já na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o objetivo do recém-criado curso é o marketing internacional de negócios. “Queremos formar o diplomata corporativo, que represente o Brasil lá fora’’, diz Sérgio Pio Bernardes, diretor nacional da graduação em relações internacionais.
Quando soube do curso da ESPM, a caloura Camila Carvalho Nakagawa identificou-se imediatamente. “Sabia que a carreira de relações internacionais era mais ligada à diplomacia, mas a minha área era outra. Eu quero trabalhar em indústrias multinacionais’’, planeja.
Para Camila, o principal atrativo do curso é a formação ampla que ele oferece, responsável por ultrapassar o limite puramente profissional. “Você se torna uma pessoa mais consciente, mais ligada no mundo, pois tem de aprender sobre o cenário político e econômico de países que, até então, você só conhecia o básico.’’
Para Ricardo Camargo Mendes, formado há sete anos pela PUC e hoje diretor-executivo de uma consultoria, o curso é muito geral. “O bacharelado dá uma formação, mas não uma profissão. A pessoa precisa se especializar, posteriormente, em determinada área para conseguir emprego’’, analisa.
De acordo com o Censo da Educação Superior feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação, cerca de 1.500 profissionais se formaram na área de relações internacionais no ano de 2005.
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Opções no mercado
A ampla formação oferecida pelos cursos de graduação em relações internacionais permite que profissionais atuem em áreas tão diversas quanto a diplomacia e o terceiro setor. Eduardo Cançado Oliveira optou pela carreira diplomática ainda quando fazia o curso na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Ele prestou o concurso do Instituto Rio Branco -que oferece o Curso de Preparação à Carreira Diplomática - e ingressou no Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty. Como um dos secretários do departamento cultural do Itamaraty, Oliveira afirma que ser diplomata não é apenas profissão, mas uma opção de vida.
“A carreira lhe proporciona conhecer coisas que nenhuma outra permite. Você viaja o mundo inteiro, conhece lugares que você nem visitaria como turista. Além disso, você aprende muito com interlocutores de áreas diversas’’, detalha. “Mas você tem que abrir mão do contato intenso com a família, tem que se mudar muitas vezes’’, ressalta.
Isabella Freire optou por um caminho diferente. Depois de se formar na UNB, ela foi contratada pela ONG em que estagiava. No dia-a-dia, ela é responsável pelos setores de política ambiental e relações corporativas. “Trabalho com ambiente, é bem gratificante. Apesar de não ganhar tanto quanto no setor privado, tenho certeza de que o trabalho que faço está ajudando o planeta.’’