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Deixar o cinto de segurança frouxo é arriscado e ilegal

Gustavo Cândido
| Tempo de leitura: 3 min

Instituído em janeiro de 1998 pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o uso obrigatório do cinto de segurança não é novidade para os motoristas. Mesmo os que torcem o nariz para o uso do equipamento concordam que ele ajuda a reduzir danos físicos no caso de acidentes e sabem que podem ser multados caso não o utilizem.

O que muitos motoristas não sabem – ou fingem não saber – é que a utilização errada do cinto pode acarretar sérias lesões e também constitui infração grave de trânsito que pode acarretar uma multa de R$ 127,00 além da perda de 5 pontos na carteira.

Uma das formas mais comuns de uso incorreto do cinto é a colocação de dispositivos para afrouxá-lo. A presilha é mais popular deles. Colocada no cinto na parte que fica logo acima do ombro, ela encosta na alça do veículo fazendo com que o equipamento fique solto sobre o corpo de quem está usando o carro.

“Se você colocar qualquer trava no cinto, em caso de impacto, vai ser jogado contra o pára-brisa. O cinto vai ter se tornado inoperante e ineficiente”, diz o sargento Aparecido Bento, supervisor de trânsito do Pelotão de Trânsito da Polícia Militar (PM).

Ele explica que os motoristas que usam qualquer tipo de técnica para prender o cinto e deixá-lo solto, quando abordados pela polícia, são notificados e orientados a não procederem dessa maneira. “É importante frisar que o objetivo não é a notificação, mas a segurança do cidadão, para que ele não sofra uma lesão e seja vítima no trânsito”, enfatiza o supervisor.

Sem aperto

Rui é aposentado e diz que utiliza a presilha no cinto de segurança enquanto dirige há muito tempo, conta sem revelar o sobrenome. Segundo ele, o equipamento do carro aperta e incomoda na altura da clavícula, por isso comprou uma presilha plástica em um camelô. “Coloco ele acima do ombro e puxo o cinto, só um centímetro, acho que não prejudica”, diz, certo de que não corre risco algum em caso de um acidente.

Quando perguntado sobre a possibilidade de vir a se ferir em uma colisão por causa do cinto ele diz não acreditar que isso ocorra. “Acho que estou arriscado é a levar uma multa”, afirma.

O risco também não passou pela cabeça da estudante universitária Ana Paula, que já usou uma presilha no cinto de segurança quando utilizava o carro da mãe. “Achei que mesmo no caso de uma freada brusca o cinto não ia passar daquilo”, diz, referindo-se ao pedaço preso pelo dispositivo. Ana Paula conta que a mãe parou de utilizar a presilha quando foi avisada que a mola do cinto poderia se danificar com o uso, o que ela não sabe se é verdade.

A bancária Camila diz não usar mais a presilha no cinto, mas confessa ter a utilizado quando tinha outro veículo. “O cinto desse carro não aperta, mas o outro prendia muito o ombro e eu usava”, conta diante do seu Citroën C3. Camila revela que quando não usava a presilha dava um nó no próprio cinto. Ela afirma nunca ter se preocupado com o risco de se machucar.

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Venda liberada

O tipo de presilha mais comum utilizado para prender o cinto de segurança pode ser encontrado facilmente entre vendedores ambulantes. Alguns andam pelo Centro da cidade carregando um arsenal de acessórios para os carros entre os quais as presilhas se destacam.

De acordo com o supervisor do Pelotão de Trânsito não há como impedir o cidadão de comprar o objeto até porque, segundo Aparecido, quem quer prender o cinto inventa um jeito. “Tem gente que coloca até prendedor de roupa”, revela. Para o sargento, o importante é a conscientização. “A pessoa tem que saber que quando usa algo desse tipo está cometendo um ato que pode acabar lesando ela mesma, colocando em risco sua própria vida”, alerta.

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