Bairros

Após chuva, aleluia e besouro ‘atacam’

Lígia Ligabue
| Tempo de leitura: 3 min

Chegou a estação das chuvas e com ela os insetos. Depois da invasão dos pernilongos, Bauru sofre com as aleluias e besouros que aproveitam o clima quente e úmido para reproduzirem. Nos últimos dias, grandes nuvens de aleluias tiraram a paciência dos bauruenses. Apesar de não serem nocivos à saúde, esses bichos - que na verdade são reprodutores de formigas ou cupins -, provocam muita sujeira, além do incômodo de ficar zanzando em volta das luzes.

Moradora da Vila Alto Paraíso, a professora Cássia Castilho, 43 anos, conta que o último final de semana foi um verdadeiro transtorno. “Uma quantidade de aleluia fora da normalidade. E besouros também”, relata. Para espantar os insetos, ela apagou as luzes da casa. “Estava com visita e tivemos que tomar lanche no escuro”, lembra.

O funcionário de uma farmácia na Vila Giunta, que preferiu não divulgar o nome, conta que nos últimos dias da semana passada chegou a entrar mais cedo no trabalho só para limpar o chão, abarrotado de bichinhos. “Tentamos até trocar de lâmpada, para ver se iam embora, mas não teve jeito. Continuou vindo muita aleluia e besouro”, revela. Ele conta que a infestação não chegou a atrapalhar o movimento da farmácia, mas afirma que os clientes ficam bastante incomodados. “Elas entram até na nossa roupa”, conta.

Segundo a professora Fátima do Rosário Kinoll, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, faz parte do ciclo natural destes insetos proliferarem na época de chuvas e calor. “Com as primeiras chuvas, os insetos estão eclodindo, reproduzindo e criando novos ninhos”, explica.

Porém, a especialista destaca que alguns fatores na região contribuem para o aumento de uma certa população de insetos. “Algumas monoculturas possuem pragas específicas. Os canaviais próximos a Bauru são áreas onde proliferam uma espécie de pequena borboleta e de alguns besouros. Já as plantações de eucalipto reúnem mais besouros”, conta.

O desequilíbrio provocado pelas plantações também contribue para a proliferação destes bichinhos. “Os inseticidas utilizados nestas monoculturas também atingem grande parte dos predadores destes insetos”, observa.

Combate

Na área urbana, terrenos sujos e cheios de matéria orgânica acabam aumentando a população de aleluias, por exemplo. “As aleluias são príncipes e princesas de cupim ou formigas. Eles saem dos ninhos nessa época, logo depois das chuvas”, informa a professora.

Fora da colônia, os insetos se acasalam e tentam fundar novos ninhos. “A chuva torna o solo macio, facilitando a escavação por parte dos insetos”, explica Kinoll. Essa, ressalta a especialista, é uma característica comum em áreas de cerrado, como a de Bauru.

Para espantar os besouros e aleluias, as medidas sugeridas pela professora são colocar telas nas janelas e deixar as luzes de fora da casa apagadas, além de manter os terreno limpos. Contra as formigas e cupins, ela recomenda buscar serviço de dedetização. Paciência também ajuda porque o ciclo reprodutivo destes insetos só vai terminar com o final das chuvas, em março do ano que vem.

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Formiga ou cupim

A professora Fátima do Rosário Kinoll, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica que as aleluias são os reprodutores alados de cupins e formigas. Enquanto as aleluias de formiga são mais robustas e possuem os dois pares dianteiros das asas maiores que os outros, as de cupins são mais delgadas e suas asas são simétricas.

Após sair da colônia, os machos de formiga sobrevivem aproximadamente 12 horas. Após o acasalamento, apenas a rainha funda a colônia. No caso dos cupins, as aleluias costumam sobreviver um dia. E o casal funda o novo ninho. Apesar da enorme quantidade de aleluias, poucas conseguem fundar novas colônias.

Durante o período de chuvas, todos os ninhos liberam aleluias. Dependendo do tamanho, algumas poder soltar seus reprodutores mais de uma vez. As novas colônias formadas nesta estação, só vão liberar aleluias na próxima época de chuvas.

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