Sinto-me na obrigação de expressar-me um pouco sobre Fernando de Noronha.
Estive 15 dias do mês de setembro em companhia de minha esposa Ondina no Arquipélago de Fernando de Noronha, onde se aprende a viver com harmonia, solidariedade, troca de gentilezas, cordialidade, onde todos se respeitam e se conhecem, pois moram na ilha mais ou menos 3 mil pessoas, fora os turistas que chegam todos os dias de todos os lugares do mundo.
Existe um controle muito severo e necessário do número de turistas que chegam na ilha, tendo em vista que não possuem captação de água doce, pois a água que usam lá para tudo é dessalinizada, onde tive o prazer de conhecer o sistema de captação e tratamento de água. Controla-se o número de turistas para que eles não sofram com a falta d’água. Existe uma cobrança diária de taxa de preservação ambiental per capta para manterem a ilha sempre limpa. Todo o lixo orgânico da ilha é tratado e o reciclável enviado a Recife no navio Jaqueline II.
A ilha tem 26 quilômetros de comprimento e sua maior largura deve chegar a uns três quilômetros. É mística e repleta de histórias, cercada por um mar infinitamente azul, onde é impossível deixar de exclamar: Meu Pai, obrigado por conceder-me ver isto. Amém.
Júlio Grande, falecido há quatro anos, era uma pessoa muito querida na ilha. Mulato, com mais de 1,90 de altura, além de plantar melancias na pequena Ilha Rata, que faz parte do arquipélago, pasmem, mergulhava sem acessório algum a uma profundidade de 35 metros para capturar lagostas.
Com o coração aumentado de tamanho, comenta-se de esforço físico ou doença de chagas. Quatro anos são passados desde que Júlio Grande tomou banho, perfumou-se, colocou sua melhor roupa, despediu-se de sua esposa, deitou-se em sua cama e faleceu. Tivemos o prazer de falar com a esposa dele.
Citar o lugar mais bonito de Noronha é um problema muito sério. De um extremo, começamos pela Praia do Este e vamos até o Air France sem deixar de citar Cacimba do Padre, Boldró, Baia dos Porcos, Sancho, Conceição, Praia do Meio, Cachorro, Buraco de Raquel, Alagado dos Tubarões e o imperdível mergulho no Atalaia.
Em qualquer lugar que opte por mergulhar, passeando pelo Mar de dentro no barco de turismo, em companhia de muita gente boa e da bela e simpática guia Lu que, mergulhando junto com os turistas, alimenta diretamente na boca as tartarugas gigantes, com mais de um metro de diâmetro e muitos peixes coloridos e arraias bem grandes também, vê-se o fundo do mar a uma profundidade de 20 metros.
Passamos também por uma experiência nova. Nunca tinha pescado no mar. Por isso, é impossível deixar de citar os nomes do pessoal do Porto que é lindo e acolhedor. Estivemos com Dóca, Neguinha, Val, Tadeu, Pirata, Deo, Jacilda, seu esposo Sandrinho e o filho do casal Joãozinho, garoto muito bonito e esperto.
O Deo, com a tarrafa, pescou uma boa quantidade de sardinhas para usarmos como isca. Pescando de linhada, levei um susto grande quando um peixe puxou minha linha, queimando e deixando marca por vários dias em um dedo de minha mão.
Depois de um bom tempo, consegui tirar do mar uma barracuda de 7 quilos, que saboreamos ali mesmo, em uma churrasqueira existente na borda do barco.
E, por falar em saborear, é impossível ir a Noronha sem curtir o Festival gastronômico do Zé Maria com o carismático e simpático recepcionista Renato.
Manoel Zapater Rios