Três mulheres foram envenenadas em Garça (70 quilômetros de Bauru), ontem pela manhã. Duas delas morreram. O caso, registrado na Polícia Civil como morte suspeita, é envolto em suspense. Supostamente, estaria relacionado a rixas no ambiente de trabalho. As três vítimas são trabalhadoras rurais contratadas por um viveiro de mudas da cidade.
A polícia trabalha com a hipótese da intoxicação ter sido provocada por seu encarregado, cujo nome foi preservado. Ele foi detido. Até o fechamento desta edição, a delegada Márcia Cassoni aguardava a Justiça autorizar a prisão temporária (por 30 dias) do acusado, de 39 anos. Todos os envolvidos trabalham na GM Mudas, situada na avenida Cora Coralina, chácara 13, no Jardim Gisele.
No local, prestam serviço cerca de 20 funcionários. Como habitualmente fazem, ontem pela manhã, parte da equipe tomou o café preparado e trazido diariamente por Nilsa de Fátima Gouveia Quintanilha, 42 anos. No final do expediente, por volta das 11h, apenas ela e as colegas Luciana Cristina de Souza Santos, 37 anos, e Marilena de Souza da Silva, 46 anos, voltaram a tomá-lo.
Poucos minutos depois, quando iam embora juntas, as três passaram mal, segundo apurou a reportagem do Jornal Comarca de Garça. Enquanto se contorciam com dores abdominais, sentiam os músculos se enrijecerem, a visão embaçar e a boca espumar. Com os sintomas, Nilsa caiu no caminho e morreu antes de chegar ao Pronto-Socorro (PS) de Garça.
Já Luciana foi socorrida, mas não resistiu ao envenenamento e morreu pouco depois das 13h. Marilena, que deu entrada no PS com o quadro clínico aparentemente mais grave que o de sua colega de trabalho, conseguiu recuperar-se, informa o Jornal Comarca de Garça. Até o fechamento desta edição, ela permanecia consciente, em observação, internada no local.
Marilena teria comentado que conseguiu sobreviver porque, ao tomar o café, sentiu um gosto forte e “apenas molhou” a boca. A garrafa térmica de Nilsa ficava acondicionada em um depósito, onde ficam os objetos pessoais dos trabalhdores, próximo ao escritório do viveiro, informou a delegada Márcia Cassoni. A garrafa será analisada pela perícia, assim como um pó branco encontrado na propriedade, que também foi recolhido.
Segundo informou o proprietário da GM Mudas, Gustavo Guerreiro, ao Jornal Comarca de Garça, os herbicidas utilizados na propriedade não teriam potencialidade para envenenamento e morte.
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Rixa
O desentendimento entre o encarregado preso e as vítimas reforçaram a suspeita contra o rapaz. Segundo apurou o Jornal Comarca de Garça, na última quinta-feira, Nilsa de Fátima Quintanilha e Luciana Cristina de Souza Santos procuraram o proprietário do viveiro para reclamar da conduta do acusado. Ele estaria adotando práticas que extrapolariam as relações trabalhistas, reprovadas por elas. Antigas, as críticas teriam resultado em atritos.
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A prisão
Não foram as eventuais divergências entre as três vítimas e o encarregado, que resultaram na prisão dele. Inicialmente, o rapaz teria sido detido em virtude de comportamento suspeito, notado por outra funcionária.
Segundo investigou o Jornal Comarca de Garça, a moça teria ido levar algumas mudas a uma área da propriedade, quando resolveu comer uma fruta.
Como não gostou do paladar, teria comentado que iria tomar café para tirar o gosto ruim da boca. Nesse instante, o encarregado a proibiu de tomar café. À polícia, ele nega qualquer envolvimento com o envenenamento das mulheres.
Alegou que, habitualmente, elas não tomavam café naquele horário. Segundo relatou o médico do PS Marcos Miranda ao Jornal Comarca de Garça, as reações das vítimas são semelhantes às provocadas por envenenamento decorrente por um agrotóxico chamado Temik, extremamente tóxico.
Seu uso é permitido como inseticida agrícola nas culturas de batata, café, cana-de-açúcar e citrus. O médico, no entanto, ainda não tinham como afirmar se as mulheres foram, de fato, intoxicadas pelo produto.