Quem está interessado em comprar um carro usado, mas não sabe se pode confiar no vendedor, ou tem dúvidas sobre a procedência do veículo, pode verificar se o mesmo sofreu algum tipo de adulteração. A Polícia Militar alerta para que os cidadãos fiquem atentos aos detalhes de como identificar carros que tenham sofrido qualquer tipo de modificação e, até mesmo, se foi roubado.
De acordo com o tenente Ângelo, há alguns passos que devem ser seguidos pelo comprador na hora de verificar se o veículo está em condições legais. O primeiro passo, o mais básico, é conferir se o número da placa que consta na documentação é o mesmo que está no automóvel.
“A identificação se inicia pela documentação. Inicialmente a pessoa deve verificar nos órgãos competentes, no Detran, Ciretran ou despachantes autorizados. Com o código Renavam, que consta no certificado de registro e licenciamento do veículo, ela verifica todos os itens referentes a bloqueio por roubo, furto e referentes a multas municipais, estaduais ou federais”, orienta.
Ou seja, pelo número do documento, pelo código Renavam, é possível checar se há alguma coisa errada com o veículo. O tenente destaca que essa consulta pode ser feita pela Internet, ou pessoalmente nos órgãos competentes.
No entanto, nem sempre é possível fazer essa consulta. Nessas feiras de automóveis, por exemplo, não existe essa possibilidade, e, para não comprar gato por lebre, o consumidor deve observar alguns cuidados, fazendo a identificação visual. “O primeiro passo, também neste caso, é a verificação da placa, com o documento do veículo em mãos. Isso é o básico”, enfatiza.
Após essa verificação, o motorista deve ir até a placa traseira e checar alguns detalhes. Após a conferência das letras e números, deve observar a parte da furação das placas, onde está o lacre, se não há rompimento. “Todas as furações são alinhadas, não possuem rebarbas e se o lacre não está rompido”, aponta Ângelo.
A partir daí, deve-se proceder à identificação do chassi do automóvel, através dos números finais do mesmo, que estão localizados em pontos diferentes do veículo. Eles estão localizados nos vidros laterais e um dos pára-brisas. Nesses casos, estão colocados os sete últimos números do chassi. “Pela documentação, a pessoa vai verificar o número do chassi. São 17 algarismos, mas nos vidros são impressos os sete últimos números. Todos os vidros laterais têm que ter essa numeração”, explica o tenente.
Comuns
Ele aponta que há algumas adulterações comuns, que são feitas também nesses casos. Por serem impressos em caracteres de forma quadrada, é possível transformar o zero em oito, o nove em oito, o quatro vira nove e oito, entre outros. Outra forma de adulteração é lixar os vidros e fazer uma inscrição por cima do local lixado.
Nos dois casos, no entanto, é possível ao cidadão comum identificar. Se o indivíduo adulterou os números, basta colocar uma folha branca na parte de dentro do vidro, de forma que os números impressos apareçam na folha. Se houve adulteração, a pessoa vai perceber que o que aparece na folha de papel é o número original. “A parte que foi adulterada não aparece”, explica Ângelo. Se o vidro foi lixado, também é possível saber, já que a textura no local será diferente do restante. Isso quer dizer que a parte lixada fica mais fosca do que o vidro original.
A próxima etapa é verificar o motor. Segundo o tenente Ângelo, a pessoa deve verificar se o número de chassi do documento confere com o que está no motor. Outra informação importante é ver se não há marcas de solda no motor, isso pode ser sinal de adulteração. No motor também há uma etiqueta de identificação, assim como na coluna da porta ao lado do passageiro. Essas etiquetas possuem o número final do chassi e são auto-destrutíveis, ou seja, não é possível retirar as etiquetas sem que elas rasguem.
“Em alguns veículos os números do chassi são localizados na região do banco dianteiro direito. Em alguns mais antigos, como o Fusca, sob o banco traseiro. A kombi é sob o banco do motorista. Já os veículos mais novos está no lado do passageiro ou no compartimento do motor”, explica.
Outro detalhe é o número do motor, que apesar de não constar no documento do veículo, pode ser identificado através de consulta no Detran ou Ciretran. Com o número do Renavam, é possível saber o número do motor do carro. “Pode ocorrer da pessoa comprar um veículo com os detalhes regulares, mas o motor ser produto de roubo ou furto”, avisa o tenente, enfatizando que, mesmo que haja necessidade de troca de motor, o novo número deve ser repassado aos órgãos para legalização do veículo.