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Avião usava querosene e não gasolina

Por Da Redação | Com AE e Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min

Rio - O avião que caiu anteontem na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, foi abastecido com querosene em vez de gasolina, disse no início da tarde de ontem o delegado titular 16.ª DP (Barra), Carlos Augusto Nogueira Pinto. O acidente causou a morte dos quatro ocupantes da aeronave.

O delegado afirmou que teve acesso à nota fiscal em que consta a venda de combustível à aeronave, feita pelo terminal da distribuidora BR do aeroporto de Jacarepaguá. Ele, no entanto, disse que ainda é cedo para dizer se isso pode explicar o acidente ou a fumaça preta que foi vista logo depois de o avião decolar.

De acordo com a Infraero, o querosene é utilizado como combustível apenas em aeronaves turbinadas, o que não era o caso do monomotor acidentado - um Cirrus SR 22, prefixo PR-IAO. Testemunhas que já depuseram na 16.ª DP sobre o caso teriam revelado que o próprio piloto pediu a funcionários da distribuidora que abastecessem a aeronave com querosene em vez de gasolina. O delegado Carlos Augusto ainda não confirmou a informação.

O abastecimento de aeronaves no aeroporto de Jacarepaguá, segundo a Infraero, é negociado entre o próprio piloto e os funcionários das duas distribuidores que existem no local.

Opinião de especialista

O uso de combustível errado poderia por si só provocar a queda da aeronave. É essa a afirmação do especialista em segurança de vôo do Sindicato Nacional de Empresas Aéreas, Ronaldo Jenkins.

Os aviões monomotores podem utilizar querosene - no caso dos motores a jato ou turbohélice- ou gasolina para avião (AvGás) - nos motores a pistão. No aeroporto, o combustível é transportado em caminhões. Um mesmo veículo pode armazenar os dois tipos de combustíveis, sem que eles se misturem. Como nos automóveis, o nome do combustível que deve ser usado está escrito na boca do tanque.

Segundo ele, mesmo que o piloto tenha pedido o combustível certo, ele deveria verificar se o funcionário que abastece a aeronave havia realmente utilizado o AvGás.

O avião caiu em um terreno na Barra da Tijuca logo após decolar do aeroporto de Jacarepaguá (zona oeste) com destino a Santa Catarina. Morreram no acidente o empresário e proprietário da aeronave, Joci José Martins, o piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla, Silvio Pedro Vanzela e Gilmar Sidnei de Toni.

Além da Polícia Civil, a Aeronáutica também investiga as responsabilidades no acidente. O Serviço Regional de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) tem 90 dias para apresentar um parecer. O objetivo da investigação do Seripa é emitir um relatório com as causas do acidente para evitar que novos problemas ocorram em aeronaves semelhantes.

A Infraero informou que já começou a fazer a transcrição do diálogo entre o piloto do avião e a torre de Jacarepaguá. Segundo a estatal, a conversa tem cerca uma hora e 20 minutos de duração, e o conteúdo será enviado ainda na tarde de ontem à Aeronáutica e à polícia do Rio.

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