Cultura

‘Entrocamento’ das linhas da história

Da Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Assim como outras cidades do Interior do Estado, a história de Bauru está ligada ao surgimento e expansão das ferrovias. Pelas linhas do trem, muitas famílias viajavam e também tiravam seu sustento no trabalho. A trajetória desde o surgimento até o auge – quando Bauru se torna o maior entroncamento ferroviário do Estado de São Paulo – é abordada na exposição “Entrocamento”, que foi inaugurada ontem à noite no Museu Ferroviário Regional de Bauru e permanecerá aberta para visitação de hoje até o final do ano.

A exposição destaca as três ferrovias que cortavam Bauru: a Sorocabana, a Noroeste do Brasil e a Paulista/Fepasa. As peças ocupam toda a área interna e externa do museu. A preparação do material mobilizou os coordenadores e funcionários, que ao longo da semana passada, suspenderam o atendimento ao público para preparar o espaço.

A história da ferrovia na cidade começa no início do século 20. Antes, no fim do século 19, Bauru não passava de um pequeno povoado. O início de tudo se deu na denominada “Baixada do Silvino”, com casas de pau-a-pique, muito próximo de onde hoje se localiza a Estação Rodoviária. O desenvolvimento econômico e os interesses políticos, naquela época, não eram dirigidos a Bauru, apenas para as regiões próximas.

Na época, a Sorocabana passava por Botucatu, vencendo sua serra, desbravando o sertão Paulista e seguindo as curvas do rio Tietê, passando por São Manuel, Lençóis Paulista e Agudos. As ferrovias chegavam ao Interior a todo vapor. Devido à localização e aos estudos dos engenheiros da Estrada de Ferro Sorocabana, Bauru foi escolhida para abrigar um novo leito ferroviário, fato concretizado em 1905.

Em seguida chega até Bauru a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em 1906. O entroncamento fica completo em 1910 com a chegada da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, passando por Pederneiras, Guainases, Aimorés, Triagem e Bauru.

Nessa época, Bauru se torna o maior entroncamento ferroviário do Estado de São Paulo, abrigando as três ferrovias: Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e Companhia Paulista de Estrada de Ferro, ligando todas as regiões do Estado Paulista, inclusive Mato Grosso, Bolívia e Paraguai. A exposição mostra o fato que através do desenvolvimento provocado pelo novo entroncamento, a cidade alterou o seu modo de vida, comércio, cultura, educação e desenvolvimento.

“Resgatamos peças nunca antes expostas no museu, tudo para contar um pouco dessa grande história que, na verdade, é a própria história do desenvolvimento de Bauru. A Noroeste do Brasil sempre foi muito bem retratada dentro do Museu, porém as outras duas sempre tiveram um menor destaque, até pelo acervo delas ser bem menor. Quando pensamos no tema, a maior dificuldade foi reunir peças da Sorocabana. Foi um intenso trabalho de garimpo e pesquisa, iniciado meses atrás, culminando com essa abertura”, diz Válter Tomás Ferreira, chefe do Museu Ferroviário Regional de Bauru, em entrevista à assessoria de imprensa da prefeitura.

Estão à mostra peças da história da Escolinha da Rede e o Centro de Formação Profissional Aurélio Ibiapina, que mantiveram na cidade um curso profissionalizante muito disputado na época e onde o astronauta Marcos Pontes foi um dos alunos.

• Serviço

Exposição “Entrocamento” no Museu Ferroviário Regional de Bauru (rua Primeiro de Agosto, quadra 1) de terça à sábado, das 9h às 17h. Mais informações pelo telefone (14) 3212-8262.

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