Tidos como “caseiros”, o casal Lígia Quinete e Arthur Cavalieri também prefere receber os amigos em sua própria residência. Pensando nisso, Lígia, que não abandona o aconchego do lar por nada, decidiu ter seu próprio cinema. “Eu gosto muito de filmes, mas não me agrada muito ir ao cinema. Daí a idéia de ter um”, conta.
O cômodo virou a atração da casa, sempre cheia de amigos. “É só sentar, esperar o apagar das luzes e o abrir das cortinas”, revela. O cinema construído na residência do casal conta com uma tela de 260 polegadas e um projetor, próprios para cinema digital. O revestimento especial das paredes é responsável pelo isolamento acústico e tratamento do som.
Um dos recursos que os donos da casa adoram é a vibração provocada por uma espécie de caixa de som instalada embaixo do piso. “As caixas, por terem uma freqüência abaixo de 40Hz, não geram som, mas são responsáveis pela vibração do piso e das cadeiras”, explica Roberto Siscar Júnior, proprietário da loja Cinema 1 e autor do projeto. “Tudo foi extremamente planejado, até as cadeiras, para que nenhuma ‘cabeçona’ atrapalhasse a outra”, brinca Lígia, lembrando-se de alguns dos incômodos dos grandes cinemas.
Sem precisar sair nem para ir à cozinha, os convidados têm ali, a mão, a pipoca, o microondas e os aperitivos que não podem faltar em uma boa sessão. Sentada em sua chaise preferida, Lígia chega a assistir a até seis DVDs por semana, entre filmes e musicais. O ambiente tornou-se seu xodó. “É tão gostoso que venho aqui nem se for só para dar uma dormidinha”, confessa.
É claro que nem todos podem se dar ao luxo de ter um cinema particular. Mas nos dias de chuva ou quando a preguiça para abandonar o lar é maior, seja sozinho ou entre amigos, nada como a TV e o velho tapete da sala.
Mas há quem não dispense a saída de casa. O escritor apaixonado por filmes Ignácio Loyola Brandão contou, em entrevista durante sua visita à Feira do Livro Infantil, que, semanalmente, tem seu encontro com as telonas.
Acompanhado pela esposa e pela filha, dá o seu jeitinho de escapar do trânsito da Capital, da falta de estacionamento e das filas: vai ao cinema sempre nas noites de segunda-feira, quando as salas estão mais vazias. O programa é tido pelo escritor como um ritual. “Cinema para mim é um templo. Quando a luz apaga e a sessão começa, eu entro no transe do filme. Às vezes, seria mais fácil alugar um DVD, mas eu gosto da tela grande, da sala escura”, conta.
Ele reclama da falta de educação das pessoas que, em sua opinião, estão transpondo para o cinema os hábitos que têm na sala de casa. Incomoda-se com o barulho da pipoca, com o celular de um descuidado, com um pezão alheio em sua poltrona e, principalmente, com as conversas. Mas confessa que, se não tiver jeito, educadamente, apela para o bom e velho “shhh”!