Diz a lenda que de médico, louco e pescador todo mundo tem um pouco. No caso dos pescadores, a paixão começa despretensiosa, como programa de férias, mas vai crescendo até que o pescador das férias resolve que já é hora de dedicar mais algum tempo a essa atividade. É a partir daí que muita gente mete os pés pelas mãos, até porque, sem o hábito de pescar em locais abertos, pode se perder nos próprios erros.
E quais são esses erros? Um dos mais comuns é achar que basta comprar um barco a motor, colocar no rio e sair pescando. Não é bem assim. Existe uma série de procedimentos que devem ser tomados para se fazer uma boa pesca. O primeiro deles, é óbvio, é obter a licença de pesca no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Depois de estar devidamente licenciado, começa a busca pelos equipamentos.
Para quem vai pescar em rios, o investimento em um bom barco e um motor de qualidade é fundamental. O primeiro passo é saber aonde o pescador pretende fazer sua pescaria. Segundo Osni Pizarro, proprietário de uma loja de artigos para pesca em Bauru, em primeiro lugar ele deve pesar a opção dos lugares de pesca.
Se a pescaria for mais constante em rios de águas calmas ou rios estreitos, pode ser usado um motor de 8hp a 15hp, em um barco de cinco metros, de preferência de borda alta. “Isso para rios de águas calmas ou estreitos, porque às vezes o rio é estreito e mesmo com água corrente não terá problema, porque pega pouco vento”, explica.
Já no caso de rios largos e mais agitados, onde pega mais vento e se formam mais ondas, o ideal, segundo Pizarro, é um barco de seis metros com motor de 25hp a 40hp. “Esse motor é ideal para barco de alumínio, não estamos falando de lancha, porque não é um equipamento muito bom para pesca. A lancha é melhor para esporte e recreio”, destaca.
O motor utilizado vai depender também do peso da embarcação. No caso de barcos de fibra de cinco metros, ou de alumínio, de seis metros, borda alta, pode ser usado um motor de até 40hp. Embarcações menores devem usar motores de 8hp ou 15hp.
“Em um rio mais estreito, pode ser usado um barco menor, de cinco metros com motor de 15hp. Já em um rio maior, o ideal é o barco de seis metros, com motor de 25hp”, reforça o empresário Paulo César Oliveira, proprietário de outra loja de artigos para pesca na cidade e para quem os barcos de alumínio são os mais indicados para as pescarias em rios.
Cuidados
Oliveira ressalta que, antes de colocar o barco no rio, é necessário obter a licença do barco e a habilitação ou Carteira de Arrais Amador, que é uma espécie de carteira de motorista para barcos, e pode ser tirada na Capitania Fluvial Tietê-Paraná, em Barra Bonita. As lojas de pesca de Bauru também são postos autorizados para a obtenção das licenças.
Outros itens importantes são as bóias salva-vidas, coletes para todos os tripulantes da embarcação, extintor, lanterna e, no caso de pescaria noturna, luzes de navegação de boreste e bombordo. Estas são instaladas à parte e não vêm com o barco.
“Se o pescador vai navegar à noite precisa ter essas luzes para evitar colisões”, destaca. Também é importante levar um par de remos para o caso de o motor parar por alguma eventualidade.
De acordo com Oliveira, não é recomendado colocar um barco pequeno em rios mais largos, como o Paraná, pois o risco de acidentes é maior - nesse manancial, há trechos de 28 quilômetros de largura, com fortes ondas, o que torna arriscada a pescaria em barco pequeno.
Oliveira lembra que, quanto maior for o barco, mais estabilidade ele tem. Outro aspecto importante é a potência do motor, uma vez que as condições climáticas são inconstantes em alguns rios e o pescador pode ter que sair rapidamente, por isso é indicado um motor mais potente. “É importante a pessoa contratar um piloteiro se não conhecer a região. Por R$ 40,00 você contrata um piloteiro e pode navegar mais tranqüilo”, destaca.
O investimento para quem quer praticar a pesca em rios é alto. Um barco de cinco metros, com todos os equipamentos e motor de 15hp gira em torno de R$ 9 mil. Já uma embarcação de seis metros, com motor de 25hp pode ser encontrada por R$ 10.500,00.
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Manutenção
Assim como os automóveis, as embarcações também precisam de manutenção. Os barcos, só em caso de entrar água, mas os motores necessitam de revisão periódica, para que não haja risco de acidentes, sob o risco do pescador ficar no meio do rio sem o motor.
A revisão deve ser feita de seis a oito meses, período em que se troca o óleo da rabeta do motor. “A troca é necessária porque esse óleo começa a ficar com borra, gerando problemas ao motor”, explica Osni Pizarro, proprietário de uma loja de artigos de pesca em Bauru.
Caso o barco fique parado por período superior a um mês, Pizarro recomenda esvaziar o tanque do motor, cujo combustível, em geral, é um óleo dois tempos, de preferência sintético, que é misturado à gasolina.
Se esse óleo ficar velho no tanque, ocorre a degradação e posterior estrago do motor. “Até uns 30 dias, tudo bem, mas se for aquele pescador anual é preciso tirar e nunca usar essa gasolina no carro, porque pode estragar o veículo”, frisa.
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Carteira de Arrais Amador
Apenas a vontade de sair mundo afora em um barco não é suficiente para ingressar na arte da navegação. Quem quer dirigir qualquer embarcação é obrigado a ter uma carteira de habilitação, como acontece com automóveis. A fiscalização para o cumprimento da lei é feita pela Marinha Brasileira.
Para os interessados, o primeiro passo é conseguir a Carteira de Arrais Amador, concedida pela Capitania dos Portos do Estado (na região de Bauru, há a Capitania Fluvial Tietê-Paraná em Barra Bonita).
O único pré-requisito é que o candidato tenha mais de 18 anos. A carteira é a prova que o condutor da embarcação possui as condições necessárias para a tarefa. Com ela é permitida a condução de embarcações para esporte e recreio em águas abrigadas ou de interior de porto, como rios, lagos, canais e praias, em até meia milha náutica (aproximadamente 926 metros) da costa brasileira.
A permissão tem o prazo de dez anos, pode ser renovada e é aceita na maioria dos países.
• Serviço
A Capitania Fluvial Tietê-Paraná fica na avenida Pedro Ometto, 804, Centro, Barra Bonita. O telefone é (14) 3641-0541 e o site é: www.mar.mil.br/cftp.