Tribuna do Leitor

Chico Xavier: um homem chamado amor


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Interessante o paralelo que Wellington Balbo faz (Tribuna do Leitor do JC de 20/05/08, pág. 25) entre os dois Chicos: o Cândido e o Mendes. Ratifico as idéias inteligentes do jovem escritor de nossa cidade, ressaltando as virtudes que considero significativas em relação à vida humana de Francisco Cândido Xavier, embora ele se considerava apenas um “cisco”: a humildade, o desapego às coisas materiais, a brandura de coração e um amor incondicional aos semelhantes.

Nasceu pobre, dizendo em sua autobiografia que era filho e neto de lavadeiras. Órfão aos 5 anos de idade, com mais oito irmãos, desde cedo curtiu duros padecimentos pela separação de seus irmãos e devido ao desequilíbrio de sua madrinha, com quem foi morar.

No segundo casamento de seu pai, João Cândido Xavier, a família se reorganizou, e desse novo consórcio ganhou mais seis irmãos. Com o desenlace de Dona Cidália Batista, seu pai adoeceu e Chico dividiu a responsabilidade da educação dos rebentos com suas irmãs e irmãos mais velhos.

Experimentou incompreensões de alguns familiares e perseguições de religiosos fanáticos, suportando-as cristãmente. Durante seus 75 anos de apostolado mediúnico atendeu pacientemente mães aflitas e incontáveis pessoas com os mais diversos problemas existenciais, oferecendo a todos sempre uma palavra de fé e amor, otimismo e esperança, consolo e paz interior, fossem elas ricas ou pobres.

Ele era a fraternidade em pessoa. Enxergava somente o lado bom de cada um. Jamais se referiu a alguém ou às instituições com rispidez ou maledicência. Respeitou a Natureza, os animais e a Vida. Cultivava a amizade sincera, escrevendo longas cartas de consolo e gratidão.

Tinha aversão aos holofotes e só apareceu na mídia e nas inúmeras entregas de títulos de cidadania para homenagear a Doutrina Espírita que comungava e vivenciava em sua plenitude.

Nos seus 92 anos de vida terrena, amou e foi amado pelos seus conterrâneos e pelo povo de Uberaba/MG, seu segundo lar, e reconhecido em todo o Brasil e no exterior. Tive a oportunidade de visitar sua terra natal, em 2 de abril passado, e conhecer uma de suas irmãs, Cidália Xavier Carvalho, com 84 anos, e lá constatar a devoção que o povo pedroleopoldense tem com seu filho mais ilustre.

Foi eleito “o mineiro do século” na enquête realizada pela Rede Globo de Minas Gerais e pela Telemar e “o maior brasileiro da História” pela revista “Época” e a mesma editora publicou recentemente respeitosa biografia sua, na coleção “Personalidades que marcaram Época”. Embora tenha recebido pela sua psicografia 439 livros (abril/08), morreu pobre.

Doou os seus direitos autorais a diversas editoras espíritas e a inúmeras instituições caritativas, atendendo ao maior mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo: o amor a Deus e ao próximo. Deixou o mundo terreno num dia de festa do povo brasileiro, como ele desejava, quando nosso futebol se sagrou pentacampeão mundial, em 30 de junho de 2002. Deu o exemplo como o Francisco, de Assis; o dr. Albert Schweitzer, da Alsácia; a Madre Teresa, de Calcutá; a irmã Dulce, de Salvador; o Chico Mendes, do Acre...

Para finalizar, reproduzo as palavras de meu amigo e confrade, o historiador Jhon Harley Madureira Marques, de Pedro Leopoldo/MG: “Chico não foi um anjo exercendo o papel de um homem, mas um homem, do mundo e no mundo, exercendo o papel de um anjo”.

Professor Leopoldo Zanardi

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