Como é bom ter amigos, que além de serem companheiros do dia-a-dia, ombros carinhosos e acolhedores, nos presenteiam como um passeio, descanso merecido, uma pescaria no Pantanal.
A esse amigo, a minha eterna gratidão, pela amizade, pelo carinho, e por me escolher como companheiro nas aventuras que sempre fazemos.
Acabamos de voltar de uma delas, onde tivemos como destino a cidade de Corumbá, para mais uma de nossas pescarias no rio Paraguai. Chegamos na quinta à noite, nos hospedamos no hotel Gold Fish, onde teríamos um melhor conforto na acomodação da lancha que nosso amigo Carlos Machado e que mora em Corumbá, sempre nos empresta. É uma Marajó superequipada, que vem acompanhada do Rani, funcionário do Carlos, que quando estamos por lá é nosso piloteiro.
Na noite da quinta, quando chegamos, depois do merecido banho, fomos jantar no Ceará, matando a saudades do pintado a urucum, prato delicioso, que recomendo aos amigos que por lá passarem.
Foi nesta noite, de quinta para sexta, que choveu forte, chuva que continuou durante o dia.
Então, fomos para Porto Quijarro, fazer as compras de praxe. No sabadão, amanheceu lindo, compramos as iscas, abastecemos a lancha, nos informamos com os piloteiros do hotel onde estavam os cardumes, e fomos à luta.
Não deu outra. Logo que chegamos, as varas, assim que arremessamos, começaram a dar sinal de vida. Era um pacu e piauçu atrás do outro, uns na medida, outros não, mas o que importava era a brincadeira, já que a nossa intenção nunca foi de trazer peixe pra casa. Soltamos todos, sem exceção.
Foi quando eu comentei com o amigo Rodolfo que estava com saudades de fisgar um daqueles pacus grandões, de mais de 8 quilos, briguentos, assanhados, daqueles que tentam tirar a vara de nossas mãos.
Parece que minhas preces foram atendidas, pois imediatamente após o meu comentário, a minha vara quase que foi para dentro da água, com uma fisgada das grandes, e eu não perdi, fisguei o danado, que começou a tomar a minha linha, comendo a fricção da carretilha Abu Garcia 7000, que ainda bem estava com linha 0,45 Raiglon.
O bichão estava chateado, tomando linha, correndo de um lado para outro, e resolveu ir para o enrosco, me fazendo valer toda a experiência dos anos de pescaria para tentar trazer o bicho a bordo, para a foto que faz parte da prova das mentiras que contamos aos amigos.
Ele puxa de lá, eu de cá, conseguimos depois de muita briga, embarcar o danado. Bem pesado, tinha 8 quilos.
Êta bicho bão de briga. Matou a minha saudade de uma boa batalha entre o homem (pescador) e o peixe, grandão, que nos faz sentir a adrenalina correr nas veias, valendo a viagem de mais de 1.000 quilômetros na busca deste momento, mesmo que poucos minutos, mas que valem a pena.
Ao irmão e amigo Rodolfo, minha eterna gratidão por me proporcionar esta aventura, e por sua sincera amizade. Aos amigos pescadores, fica a minha mensagem: soltem os peixes, é mais barato comprá-los no mercado.
Marco V. Machado é pescador e contados de histórias.