O sucateamento da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e o fechamento da unidade local de formação de alunos no setor não vai impedir que a escola sobreviva em Bauru, embora por outras mãos.
Uma idéia da diretoria do Colégio Técnico Industrial (CTI), ligado à Universidade Estadual Paulista (Unesp), e do Sindicato de Trabalhadores em Empresas Ferroviárias pode reavivar parte dessa história. Equipamentos do antigo Centro de Formação Profissional, engenheiro Aurélio Ibiapina, que era mantido pela Rede e foi fechado por decisão da operadora em 1996, foram levados para o CTI e servirão, como no passado, para o aprendizado de alunos.
A previsão é que a instalação definitiva da antiga escola ferroviária seja concluída no final deste ano, o que possibilitará a abertura entre 40 e 50 vagas de cursos de formação em 2010. A transferência do ferramental já está sendo realizado.
O projeto, entretanto, vem sendo formatado há anos. O presidente do Sindicato de Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, atual vereador Roque Ferreira (PT), solicitou ao então prefeito Tidei de Lima, que deixou o governo em 1996, que a Prefeitura assumisse o controle da escola.
Deste embrião surgiu o encaminhamento do projeto. “Não era para fazer educação profissional, porque não tinha nem condição para isso, mas para pelo menos manter o prédio e as instalações. O prefeito atendeu nosso pedido”, disse o agora parlamentar municipal.
A partir daí foram 12 anos de espera para que os equipamentos voltassem a ter uma função. Hoje, onde funcionavam as salas de aula da escola, é atualmente a sede da Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes) –rua Alfredo Maia.
Segundo o vice-diretor do CTI, Edson Alberto de Antônio, há quatro anos foi levantada a possibilidade para que o colégio recebesse as máquinas para o aprendizado de seus alunos. No início de 2008, Roque Ferreira e a diretoria do CTI levaram o assunto até o Ministério da Ciência e Tecnologia e depois para a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), responsável por esses bens. A SPU apontou que já havia o convênio com a Prefeitura da cidade.
“Recebemos a resposta de que não teria problema a Prefeitura ceder as máquinas. Foi então que o diretor do CTI, Carlos Augusto Magalhães, fez contato com o ex-prefeito Tuga Angerami para a cessão dos equipamentos”, disse Roque. O período de concessão das máquinas é de 10 anos renovável por igual período.
Antônio contou que foi aluno da escola na década de 70 e utilizou essas máquinas. “Tem equipamento dos anos de 1975, 79 e 82. Precisam de manutenção, mas nada que seja caro e complicado”, disse. “Por sorte, um funcionário da Sebes cuidava das máquinas. Ele conseguiu manter em ordem e o patrimônio está perfeito. Cobria as máquinas para não estragar”, completou.
O vice-diretor comentou ainda que o valor dos equipamentos compensa a sua manutenção e reativação. “Se for fazer uma avaliação grosseira, tem R$ 1 milhão em patrimônio que estava abandonado”.
São cerca de 190 itens, como tornos, plainas, fresadoras e painéis de simulação, que foram transportados para o CTI no final do ano passado. Segundo Antônio, a Unesp vai investir cerca de R$ 900 mil na construção de dois prédios e no transporte e manutenção dos equipamentos.
A primeira construção já está na fase da fundação. “Iniciamos uma construção de 400 metros quadrados e a universidade já está orçando mais uma de 500 metros quadrados para abrigar os equipamentos”, disse.
Essas máquinas serão usadas pelos alunos do curso técnico de mecânica nas áreas de projetos e produção. “Eles aprendiam nos equipamentos da Unesp, mas estão todos obsoletos”, disse Antônio.
Hoje, o colégio possui seis turmas com alunos do curso de mecânica com total de 180 alunos. O vice-diretor disse ainda que abrirá novas vagas para esse curso, porém terá de esperar a conclusão do prédio e a instalação das máquinas. “Só com as obras concluídas eu vou ter a certeza se poderei abrir mais 40 ou 50 vagas”. Atualmente, o CTI tem ao todo 600 alunos divididos em quatro cursos – ensino médio, informática, eletrônica e mecânica.