Ilhéus - O ex-deputado Sérgio Naya,66 anos, foi encontrado morto, por volta das 16h de ontem, num quarto do hotel Jardim Atlântico, em Ilhéus, na Bahia, onde pretendia passar o feriado de Carnaval. Segundo o médico chamado para atendê-lo, a provável causa da morte foi um enfarte.
O hotel informou que foi o motorista que acompanhava Naya em Ilhéus que sentiu a falta do ex-deputado no café da manhã e depois no almoço. O motorista procurou a gerência do estabelecimento, que foi até o quarto onde estava o ex-deputado.
Naya morreu dois dias antes de completar 11 anos da queda do edifício Palace 2, que deixou oito mortos e mais de 2 mil desabrigados. Ele era dono da construtora Sociedade de Terraplenagem Construção Civil e Agropecuária Ltda. (Sersan), responsável por erguer o prédio de classe média na Barra da Tijuca (área nobre da zona oeste carioca).
O ex-deputado foi denunciado pelo Mistério Público Estadual por desabamento doloso (com intenção), mas não foi condenado. Um laudo pericial mostrou que houve erro de cálculo no projeto do prédio, portanto, não poderia haver dolo. Naya, no entanto, foi condenado na esfera civil a pagar indenização a todas as famílias. Durante o processo, ele chegou a passar 137 dias na prisão em duas ocasiões diferentes (28 dias pelo desabamento e 109 por falsificação de documento público).
Era domingo de Carnaval, em 1998, quando os moradores que estavam em casa ouviram um estrondo. Constataram que havia rachaduras em um dos pilares do prédio, chamaram a Defesa Civil e o Palace 2 foi interditado. Pouco depois, parte do prédio que ainda estava sendo evacuado ruiu matando oito pessoas. Quatro dias depois, outra coluna também desabou. No dia 28 de fevereiro a prefeitura implodiu o edifício.
O prédio, que ficou pronto em 1996, nunca recebeu o habite-se da prefeitura por causa das diversas irregularidades na conclusão da obra. Com a implosão do Palace2, 52 famílias que não tinham para onde ir foram instaladas no Hotel Atlântico Sul, no Recreio (zona oeste). Hoje, pelo menos seis famílias continuam lá.
Em 1999, o empresário chegou a ficar 26 dias na Polinter, no Rio, após se preso em Brasília, acusado de ser o responsável pelo desabamento do Palace 2. A defesa de Naya baseou-se na argumentação de que ele não era responsável pelo planejamento e execução do prédio. Em 2004, voltou a ser preso em Porto Alegre, quando tentava fugir para Montevidéu, e ficou detido por mais quatro meses.
O ex-deputado foi condenado a pagar indenizações que variavam entre R$ 200 mil e R$ 1,5 milhão a cerca de 120 famílias do Palace 2. Alegou, contudo, não ter dinheiro, e seus bens começaram a ser leiloados, em um processo que se desenrola até ontem.