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Túnel de alta tecnologia iria libertar detentos em Avaré

Por Rita de Cássia Cornélio | Com AE
| Tempo de leitura: 4 min

Avaré - Um megatúnel de cerca de 140 metros foi descoberto e frustrou a fuga de presos da penitenciária de segurança máxima Paulo Luciano de Campos (PI), em Avaré (120 quilômetros de Bauru).

O plano de fuga seria uma ação da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) para libertar seis líderes da facção. A sofisticação do material apreendido aponta para uma verdadeira obra de engenharia. O custo da fuga foi estimado em R$ 600 mil.

A Polícia Civil informou que o alvo do resgate do PCC eram Marcos Paulo Nunes da Silva, o Baianinho Vietnã; Edilson Borges Nogueira, o Biroska; Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, Robson Lima Ferreira, o Marcolinha; Fabiano Alves de Souza, o Biano; e um detento conhecido como Prea.

Todos eles foram transferidos para outras unidades na última sexta-feira, dia 13. O destino dos detentos seria o presídio de Presidente Wenceslau.

A Polícia Civil tem informações de que o túnel foi financiado por Baianinho Vietnã. Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o detento é um dos homens mais fortes do PCC.

Agentes penitenciários disseram que o plano previa não somente o resgate, mas uma fuga em massa para desmoralizar o sistema prisional.

No imóvel, localizado nas imediações do presídio e comprado há seis meses pelos criminosos, foram apreendidos cerca de 900 gramas de maconha, além de muitos equipamentos usados para a escavação e armamento pesado, inclusive carregadores e munição de fuzis AR 15.

Foram presas seis pessoas acusadas de trabalhar na escavação do túnel, entre elas um adolescente de 16 anos e uma mulher Cândida Márcia Santana Bispo. Os quatro homens são José Heleno Bezerra da Silva, 50 anos; Claudemir Aparecido Manoel, 26 anos; Jéferson William de Freitas, 18 anos; e Marcos Aurélio da Silva, 20 anos.

Eles são acusados de formação de quadrilha, corrupção de menor e tentativa de fuga. Os cinco foram encaminhados para cadeias da região de Avaré. O menor ficará à disposição da Vara da Infância e Juventude.

Ontem à noite, a polícia localizou, no interior do túnel, cinco pistolas 9 mm e 380 mm, munições e carregadores de fuzis AR 15, inclusive um duplo, com capacidade para 100 tiros sem recarregar.

Até o fechamento desta edição, a polícia ainda não havia localizado os fuzis.

Denúncia anônima

Uma denúncia anônima feita à Polícia Militar meses atrás dava conta de que os líderes do PCC haviam contratado uma “equipe” para cavar um túnel. O denunciante teria informado que eles haviam comprado o imóvel de onde partia o túnel.

A tropa ficou em alerta e tentou localizar o imóvel, mas foi outra informação anônima que levou a polícia a prender cinco integrantes do grupo na noite de anteontem.

Eles tentavam sair da cidade após receber uma comunicação do alto comando do PCC de que um dos integrantes da facção teria sido preso em São Paulo e que, com certeza, iria entregá-los. Após a prisão, a polícia chegou na residência e se surpreendeu com o que encontrou.

O imóvel, comprado por cerca de R$ 100 mil, era utilizado apenas para abrigar o túnel, localizado na sala da casa, que ficava a 200 metros do presídio.

O túnel, com um metro de diâmetro, já tinha cerca de 140 metros de comprimento. Faltavam apenas 60 metros para eles chegarem ao local da fuga. No local, havia 60 metros cúbicos de terra.

A escavação, deduz a Polícia Militar, era feita por profissionais, visto que equipamentos de alta precisão foram apreendidos, de acordo com o subcomandante do 53.º Batalhão de Polícia Militar, capitão Jorge Duarte Miguel.

“Um sistema de monitoramento foi instalado no interior do túnel para garantir a segurança do escavador. Quem estava fora sabia exatamente o que o profissional fazia no interior do túnel. Havia gerador movido a diesel, GPS, trena digital, serras, furadeiras, entre outras coisas. Lanternas para serem acoplada na cabeça eram utilizadas para melhorar a visão dos escavadores e não correr risco de erros”, detalha o capitão.

Um gerador moderno garantia a iluminação. Já um exaustor levava o ar para os escavadores no buraco por meio de um enorme duto de alumínio.

A polícia localizou, enterrado na boca do túnel, um material chamado de espuma de preenchimento. Essa espuma cobre o local do túnel e faz a vedação.

O túnel, suspeita a polícia, estava próximo do muro da penitenciária. Foi necessário o trabalho do Corpo de Bombeiros para poder proceder a medição exata e saber a extensão.

Um outro imóvel que servia de “alojamento” para os escavadores, com 15 beliches, também foi localizado pela PM. A casa era alugada por integrantes da facção criminosa.

Líder máximo

O presídio de segurança máxima de Avaré já abrigou o líder máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Atualmente, abriga integrantes do PCC de menor poder.

Segundo informações extra-oficiais, a cúpula da facção teria enviado à cidade a integrante Márcia Cândido para fazer os contatos entre os criminosos e a equipe de construção do túnel. Ela está na lista de presos.

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