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Morre o monsenhor Ivo Martinelli

Por Juliana Franco | Com Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Morreu ontem, aos 80 anos, o monsenhor Ivo Martinelli. Ele estava internado no Hospital da Unimed de Bauru desde fevereiro e foi vítima de deficiência pulmonar, desencadeada pelos problemas de saúde que enfrentava desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), há cinco anos. Sacerdote há 46 anos, o monsenhor Ivo foi um dos padres que ajudou a formar a Diocese de Bauru, pois nela atuava desde antes de sua criação, em 1964.

Também foi o primeiro coordenador de pastoral da Diocese e primeiro reitor do Seminário Provincial Sagrado Coração de Jesus, localizado em Marília, responsável pela formação de padres da sub-região pastoral de Botucatu, que possui 8 dioceses, incluindo Bauru.

O monsenhor Ivo foi um grande motivador das vocações sacerdotais, atuando muitos anos como reitor do Seminário Diocesano Maria Mãe da Igreja, em Bauru. Trabalhou no Conselho de Presbíteros e diferentes organismos da Igreja. Sua trajetória ainda é marcada pela forte presença na animação de movimentos como o Cursilho da Cristandade e os Focolares. Na cidade, também foi pároco de diversas paróquias, entre elas, a de São Benedito.

As últimas homenagens foram prestadas a ele ontem, na capela da Vila Vicentina, onde ocorreu o velório. Uma missa de corpo presente, celebrada pelo padre Luiz Eduardo Monteiro Fontana, ocorreu às 15h e o enterro foi às 16h45, no Cemitério Jardim do Ypê.

Padre Fontana, administrador da Diocese de Bauru, ressalta a dedicação de Ivo para a formação dos novos sacerdotes. “Conheci o monsenhor Ivo em 2000. Ele era uma pessoa dedicada, fiel à igreja, engajado em tudo que se propunha fazer”, revela. “Teve grande papel na formação dos novos sacerdotes quando atuou como reitor no Seminário de Marília e também atuou no seminário da cidade”, complementa o padre Fontana.

A dedicação à educação também foi apontado pelo padre Leonildo Minotti Júnior, pároco da capela da Vila Vicentina. Segundo ele, o monsenhor Ivo morou na Vila Vicentina nos últimos três anos, onde recebeu tratamento. “Ele optou por ficar aqui com a gente. É uma grande perda. Ivo teve grande participação nos movimentos de formação dos novos sacerdotes”, finaliza o pároco.

Para Rita Quiriga Ensinas, amiga de muitos anos do monsenhor Ivo, ele não era um padre, mas sim um santo. “Sempre foi uma pessoa humilde, carismática, amiga, bem humorada. Em todos os seus atos era perceptível o seu amor a Deus. Sempre o vi como um santo”, afirma.

Segundo a irmã Clara Maria Moreira, da Congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus e da Comunidade do Colégio São José, monsenhor Ivo foi um exemplo de cristão. “Era uma pessoa de muita oração e de uma profunda espiritualidade. Ele participou da formação de vários párocos e era muito querido por todos os sacerdotes”, conta.

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Família

Nascido em Cabrália Paulista, num família de 11 irmãos, logo aos 22 anos decidiu seguir vida religiosa. Em Bauru e região, atuou em várias paróquias e funções da Diocese. Abelardo Martinelli, irmão mais novo do sacerdote, conta que quando Ivo tinha 17 anos e ainda morava com a família em Cabrália começou a rezar terços e novenas na comunidade.

“Antes era minha mãe quem rezava, ele tomou gosto pelas rezas e assumiu o comando”, contou ontem durante o velório. Aos 20 anos, Ivo chegou a arrumar uma namorada, mas quando surgiu na cidade o movimento das missões, ele decidiu seguir vida religiosa, relata Abelardo. “Aos 22 anos, largou tudo, inclusive a namorada, e foi para o seminário”, acrescenta. Ivo estudou no Seminário de Botucatu e em um Seminário de Belo Horizonte (BH). Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1962 por dom Henrique Golland Trindade, na Catedral do Espírito Santo.

Ivo também era portador de uma doença genética que afetava os músculos. “Meu pai teve. Meu irmão, uma irmã e eu herdamos a doença. Apesar das delimitações impostas ao corpo, temos dificuldade de equilíbrio, fraqueza, Ivo nunca abandonou o sacerdócio”, completou Abelardo Martinello.

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