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No Dia da Empregada Doméstica, as ‘secretárias do lar’ celebram a amizade

Lilian Grasiela
| Tempo de leitura: 4 min

O Dia da Empregada Doméstica é comemorado hoje, no Brasil. Embora essa função seja considerada bastante comum pela maioria, em algumas famílias, a importância desse profissional não se restringe apenas à função de cozinhar, lavar, passar e cuidar da limpeza da casa. Atualmente, a “secretária do lar”, termo que passou a designar os que ocupam essa função, cumpre um papel de extrema responsabilidade no dia-a-dia de muitas organizações familiares.

Com tempo reduzido para cuidar dos assuntos domésticos e até mesmo de acompanhar de perto a rotina de seus filhos, muitos pais e mães acabam dividindo com os profissionais tais responsabilidades, o que faz com que eles se tornem verdadeiros membros da família. É o caso da empregada doméstica Maria Inês Gama Moresqui, que, há 21 anos, trabalha com a família de Maria Tereza Mansini Camolesi.

A profissional conta que começou a trabalhar com Camolesi como diarista, em razão do medo de não ter com quem deixar seus filhos pequenos. Com o passar do tempo, a grande afinidade entre as duas e as necessidades financeiras fizeram com que a empregada passasse a trabalhar mensalmente na casa da família. Atualmente, Moresqui lava, passa e cozinha, além de atuar como uma espécie de “secretária do lar”. Os serviços de arrumação e limpeza da residência ficam sob a responsabilidade de outra funcionária.

A relação que Maria Inês mantém com seus patrões vai além do vínculo profissional. Ela conta que os muitos anos de convivência fizeram com que passasse a ser considerada uma integrante da família. “Eu me sinto muito à vontade com eles”, afirma.

“Geralmente, a empregada doméstica não tem direito a nada. Mas tudo o que tenho, agradeço a eles”. Em datas comemorativas, como no Natal, ela revela que a patroa e sua família não se esquecem de presentear seus filhos e netos, que sempre freqüentaram seu local de trabalho. “Eles são pessoas maravilhosas para mim”, diz.

Maria Tereza confirma a importância da profissional no dia-a-dia da residência e afirma que não a considera uma simples empregada doméstica. “Trabalhamos juntas”, diz. “A gente se envolve, ela com os meus problemas e eu com os dela. E se ela tem algum problema de saúde em casa, eu já fico apreensiva”. Segundo a patroa, a confiança que ela deposita na empregada e em seu trabalho estendeu-se para toda a sua família. “A filha dela foi babá do meu neto. Criou-se um vínculo com a família toda”, revela. “E eu acho isso importante, quando você tem alguém que gosta das coisas que você gosta”.

Caetana Maria Mansini Fuzel, irmã de Maria Tereza, morou por 19 anos na casa da família. De acordo com ela, a Má, como se refere carinhosamente à secretária, sempre foi muito prestativa e eficiente na execução dos afazeres domésticos, além de ser carinhosa e paciente com todos da família. “Eu tenho a Maria Inês como uma amiga”, explica.

Segundo Caetana, o chá feito por Má era o melhor remédio no caso de alguém da família ficar doente. “Ela sempre cuidou de todos nós quando ficamos de cama”, conta.

Maria Tereza revela que, como em toda relação, existiram alguns problemas e desavenças entre ela e a empregada nesses 21 anos de convivência familiar. “De repente, um dia eu não estou bem, ela não está bem”, explica. Segundo a patroa, contudo, as discussões sempre terminaram em um pedido de desculpas. “As brigas acabam sempre num abraço, com as duas chorando e valorizando a pessoa que cada uma é”, revela. “A gratidão, o carinho, o amor, o elo que se criou, isso sempre prevalece”.

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O trabalhador doméstico no Brasil

O trabalhador doméstico é todo aquele profissional maior de 16 anos que presta um serviço de natureza contínua (freqüente, constante e não eventual) e de finalidade não-lucrativa a uma pessoa ou a uma família, no âmbito residencial destas.

Segundo estudo divulgado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) com base nos dados na Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem hoje no Brasil cerca de 6,6 milhões de pessoas atuando nessa categoria profissional. Desse total, 93,2% são mulheres e 6,8% são homens. A atividade representa a maior classe trabalhadora feminina no Brasil, garantindo o sustento de 16,7% (6,2 milhões) das mulheres do país. Os dados superam a porcentagem das mulheres que atuam como vendedoras (9%) ou em algum tipo de serviço de escritório, banco e áreas semelhantes (9%), e das mulheres que ocupam cargos de nível superior ou são profissionais liberais (1%).

Direitos e deveres

Para conhecer os principais direitos e deveres de patrões e empregados, acesse o portal Direito Doméstico (www.direitodomestico.com.br), um site jurídico especializado na legislação trabalhista e previdenciária desta categoria profissional e criado com o objetivo de proporcionar mais segurança ao empregador e mais garantias ao empregado doméstico.

No site, idealizado pelo procurador federal Paulo Manuel Moreira Souto, o usuário terá acesso gratuito a toda a legislação tributária e trabalhista que rege a relação patrão-empregado, poderá imprimir modelos de recibos e documentos para o pagamento de benefícios e contará com um trabalho de consultoria e jurisprudência para esclarecer suas principais dúvidas em relação ao assunto.

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