Ele é o terceiro jogador mais eficiente do Novo Basquete Brasil (NBB), campeonato nacional da Liga Nacional de Basquete. Larry Taylor, armador norte-americano e atração maior do GRSA/Itabom, chegou a Bauru no meio do ano passado e, em menos de um ano, conquistou a torcida e tornou-se ídolo em Bauru. O rapaz que nasceu na periferia de Chicago é o responsável por levar grande parte do torcedor que vai ao ginásio da Luso acompanhar as partidas do time bauruense, que atualmente ocupa a oitava colocação do NBB e está próximo de confirmar a classificação aos playoffs da competição.
Com 28 anos completados em outubro do ano passado, Larry esbanja simpatia e dribla os obstáculos do idioma com a maestria que faz quando está com a bola alaranjada nas mãos. Seu contrato com o Bauru Basketball Team venceria em julho deste ano, mas a diretoria da equipe bauruense agiu rápido e tratou de antecipar a renovação para se proteger do assédio de equipes mais poderosas sobre a atração do campeonato.
Quando Larry foi apresentado à imprensa, no ano passado, revelou desconhecer a história do basquete brasileiro. E respondeu com um “quem?” quando foi perguntado sobre o que achava de Oscar Schimidt. Sua primeira vez no Brasil, no entanto, lhe ensinou muitas coisas. O Jornal da Cidade bateu um papo com o armador e pode ver que ele já está familiarizado com o País e, principalmente, com a cidade que lhe recebeu de braços abertos, onde não só aprendeu muito, mas também devolveu ao torcedor o prazer de assistir jogos que, com certeza, jamais serão esquecidos por aqueles que estão ou estiveram nas arquibancadas do ginásio da Luso.
Jornal da Cidade – Você já tinha vindo ao Brasil antes de jogar pelo GRSA/Itabom?
Larry Taylor – Não. Foi a primeira vez.
JC - Como era a sua visão do Brasil? Era aquele lance de que aqui é o País do samba, do futebol e da Amazônia?
Larry – Sim, pensava sempre no futebol. Pensava em muitas praias e mulheres bonitas (risos).
JC - Qual a impressão que você tem de Bauru?
Larry – Foi muito legal ter vindo para cá. Eu gosto das pessoas daqui, da minha casa e dos amigos.
JC - O que você mais gosta em Bauru?
Larry – Das pessoas.
JC - E o que menos gosta?
Larry – Falta ter mais comida americana.
JC - Como você começou a carreira no basquete?
Larry – Comecei quando tinha sete ou oito anos em Chicago, jogando em playgrounds. Assistia muitos jogos da NBA e queria jogar como eles. Joguei no basquete universitário dos Estados Unidos, como a segunda divisão, quando tinha 18 anos. Depois fui jogar profissionalmente no México, quando fiz 24 anos.
JC - É casado? Tem filhos?
Larry – Sim, sou casado. Tenho um filho de sete anos, o Jashua, com minha primeira mulher.
JC – Ele joga basquete?
Larry – Ele prefere o beisebol.
JC – Quando você volta para s Estados Unidos, tem contato com ele?
Larry – Não muito, porque eu e a mãe dele já tivemos alguns problemas.
JC – O que te motivou a renovar o contrato com o GRSA/Itabom?
Larry – Porque eu gosto muito do meu time. Fiz muitos amigos, gosto do treinador e estou muito confortável aqui em Bauru e não quero sair daqui agora.
JC - Teve propostas mais vantajosas para mudar de time?
Larry – Tiveram algumas equipes que me procuraram, mas eu não quis conversar muito. Jogadores de times contra quem jogamos já me chamaram para trocar de time, mas evito conversar muito sobre isso.
JC - O que gosta de fazer nas horas em que não está jogando? Quando está em casa? Gosta de baladas?
Larry – Gosto muito de jogar NBA e futebol americano no vídeo-game, assistir tv, filmes, ir ao cinema no shopping e dormir muito. Vou sempre ao shopping, já fui ao centro da cidade, mas gosto muito de ficar em casa.
JC - Você é reconhecido nas ruas?
Larry – Sim, quando eu vou a algum lugar, sempre tem alguém que vem até mim e fala: “Larry, você joga muito!” Eu gosto disso.
JC – Como é ser ídolo em Bauru?
Larry – Isso é muito bom. Eu me sinto muito bem aqui. Tento jogar bem todos os jogos e as pessoas gostam disso. É uma relação muito boa. Eu faço bem à torcida e eles me fazem bem também.
JC - Você tem algum ídolo no basquete que o inspirou a começar a jogar?
Larry – Sempre quis jogar como o Michael Jordan. Sou de Chicago e sempre assisti pela tv os jogos dele.
JC – Já viu o Jordan pessoalmente?
Larry – Jogando não. Vi ele andando na rua, em Chicago
JC - Na sua opinião, qual é o melhor jogador brasileiro atualmente?
Larry – Gosto muito do Leandrinho Barbosa que joga a NBA pelo Phoenix Suns.
JC – Você sabe que ele jogou por muito tempo aqui em Bauru?
Larry – Já ouvi dizer. Os amigos da equipe já me disseram.
JC - Tem o sonho de jogar na NBA ou isso já está descartado?
Larry – Sim, tenho o sonho de jogar com os melhores jogadores do mundo. Mas se não conseguir, para mim está bom. Eu quero é continuar jogando basquete como sempre joguei.
JC - Você torce para algum time na NBA?
Larry – Sim, para o Chicago Bulls. Até assisti a um jogo esses dias do Bulls contra o Boston.
JC – Na sua opinião, o Brasil tem condições de um dia chegar ao nível do basquete americano em termos de estrutura e organização?
Larry – Aqui tem atletas muito bons, que correm e pulam muito, mas acho que falta um pouco de experiência e maior organização para um dia chegar perto do nível do basquete americano.
JC - Como é trabalhar com o Guerrinha?
Larry – Gosto muito de trabalhar com ele. Ele sabe muitas coisas sobre basquete, sabe passar isso para nós e ajuda os jogadores. Fala o que eles precisam fazer para jogar melhor.
JC – Como você encara as “broncas” dele durante os treinos e jogos?
Larry – Às vezes, ele fica muito bravo, mas isso é normal em técnicos de basquete. Já trabalhei com treinadores mais “loucos” do que ele.
JC - Como foi aprender o idioma português? Teve alguma dificuldade de adaptação com comida, clima, etc?
Larry - O português não foi muito difícil aprender, porque eu já falava espanhol da época que joguei no México. Isso me ajudou muito. Às vezes, confundo algumas palavras entre o português e o espanhol, mas as pessoas me entendem. O clima daqui é muito bom. Tá calor todos os dias. Lá em Chicago é muito frio, neva muito. Eu prefiro o clima daqui. Mas sinto muita falta da comida americana. Às vezes, quero comer frango frito e não encontro por aqui.
JC - Você se lembra de algum caso curioso desta sua passagem por Bauru?
Larry – Sim. Uma vez estava em um restaurante jantando. Eu perguntei para o Alex (ala do GRSA/Itabom) como se chamava uma comida. Ele respondeu: “Paloma”. Quando o garçom chegou eu pedi uma porção de Paloma e ele não entendeu nada (risos). O garçom perguntava: “O que é você quer com Paloma?” Só depois que eu descobri que era “polenta” o nome daquilo que eu queria comer.