Orlando - Ferimentos múltiplos e afogamento foram as causas da morte da treinadora Dawn Brancheau, 40, conforme o relatório de perícia divulgado ontem pelo Departamento de Polícia do Condado Orange, na cidade de Orlando, Flórida (EUA). Brancheau acariciava uma orca em um tanque do parque SeaWorld, onde trabalhava desde 1994, quando foi agarrada pelo cabelo e puxada para dentro d’água.
Conforme a perícia, os colegas de Brancheau não saltaram logo na água devido à “natureza agressiva” do animal. “Ela foi resgatada da baleia por funcionários do SeaWorld depois de o animal ser trancado em uma piscina menor e tirado da água por uma plataforma”, afirmaram os peritos. Os informes do serviço de urgência ainda não foram analisados.
Segundo o chefe de treinamento animal dos parques SeaWorld, Chuck Tompkins, Brancheau acariciava a orca Tilikum - que se apresenta como Shamu - de uma plataforma do tanque no momento em que o animal se ergueu, agarrou seu rabo-de-cavalo com a boca e a levou para debaixo da água.
Os outros funcionários correram para salvá-la, mas Brancheau não resistiu ao ataque da orca de 5,5 toneladas, com quem trabalhava há vários anos no Estádio Shamu, principal atração do SeaWorld de Orlando. Desde ontem, todos os shows ao vivo com orcas foram suspensos tanto no parque de Orlando quanto no de San Diego, embora os dois parque estejam funcionando normalmente.
O ataque ocorreu na tarde de ontem, pouco após uma atração chamada “Dine with Shamu” (Jantando com a Shamu, em tradução livre) que consiste em realizar truques perto de um local no qual o público pode comer. Alguns turistas que ficaram no local depois de um show assistiram, assustados, ao raro ataque. Minutos depois, um alarme soou e seguranças isolaram a área.
Um visitante, Brad Sultan, da cidade de Tampa, também na Flórida, disse que uma das orcas não completou uma formação em triângulo com os treinadores e que, depois, uma delas não deu uma volta no tanque conforme o previsto.
Tompkins disse, contudo, que a orca fez uma boa performance no show e que Brancheau a acariciava como recompensa pelo bom trabalho. “Não havia nada que nos indicasse que havia um problema”, disse Tompkins á rede de TV CBS.
Histórico
A orca Tillikum tinha um “histórico violento” e esteve envolvida em dois incidentes anteriores, segundo o jornal “Orlando Sentinel”. O animal teria afogado um de seus treinadores em 1991, enquanto fazia um show no Sealand of the Pacific, no Canadá, diz o jornal. Vendido ao parque SeaWorld, Tillikum foi envolvido num outro incidente em 1999, quando autoridades acharam o corpo de um homem em seu tanque.
As autoridades disseram, à época, que o homem provavelmente se afogou depois de sofrer hipotermia na água mantida a cerca de 12ºC. Ele teria entrado no parque após o fechamento ou se escondido até que o local fechasse.
Por causa de seu tamanho e do histórico, treinadores eram orientados a não entrar na água com Tillikum e só 12 dos 29 treinadores do parque podiam trabalhar com o animal, de cerca de 30 anos. Brancheau tinha mais experiência com ele do que a maioria dos funcionários. “Nós reconhecemos que ele era diferente”, disse Tompkins, acrescentando que ainda não decidiu o futuro do animal.