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Dr. Automóvel: Manutenção fora da garantia

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 4 min

Muitos me procuram para saber se precisam mandar seus carros para a revisão nas concessionárias mesmo após o período da garantia do veículo ter vencido. Achei oportuno responder aqui na coluna, pois pode ajudar a esclarecer mais pessoas e ver de forma diferente.

Meu filho Rafael, por exemplo, perguntou se precisa levar seu Ford Ka para a revisão dos 18 meses, já que acendeu um ícone no painel indicando estar em tempo de realizá-la, mesmo estando o carro com apenas 11.800 km rodados. Vamos por partes. As montadoras estabelecem revisões por quilometragem ou por tempo, o que vencer primeiro, sendo esta última para quem roda pouco. Isto em função da troca de óleo lubrificante que, como já esclarecemos aqui por diversas vezes, deve ser trocado a cada 5.000, 10.000 ou 15.000 km, conforme estabelecido no Manual do Proprietário e nunca pelo frentista do posto, que tem interesse em vender óleo. Seis meses é um tempo médio para que o lubrificante comece a se oxidar pela ação do oxigênio do ar, perdendo assim parte de suas propriedades lubrificantes e protetoras do motor. Por isso recomenda-se que para quem roda pouco, independentemente da quilometragem, troque o óleo dentro deste período.

Mas as montadoras interpretam sempre como um uso médio de um motorista médio como um padrão para todos, o que muda na vida real. Quem roda 2.000 km mensais, poderá trocar o óleo em 5 meses com 10.000 km pela quilometragem, antes de expirar o tempo máximo de 6 meses. Na revisão de 18 meses, a concessionária avaliará diversos outros itens do veículo e eventualmente os substituirá pelo tempo, mesmo não tendo uso. Vai do critério e lisura de cada concessionário. Como o carro está fora da garantia, não haverá problema algum em levá-lo a um bom mecânico de sua confiança e pedir para trocar o óleo (por segurança, pelo prazo ter vencido) e dar uma checada geral nos sistemas (freio, refrigeração, elétrico, suspensão, etc.). Rafael fez isto e constatou uma diferença gritante de orçamentos, como R$ 245,00 de uma distribuidora Ford para R$ 120,00 na Motoclínica, uma das boas oficinas da cidade. Afinal, convenhamos que um carro novo com pouco mais de 11 mil quilômetros rodados não deve ter muita coisa para trocar. As concessionárias alegam que tem mão-de-obra especializada e peças originais, o que é verdade. Eu mesmo levo meu carro em revendas autorizadas quando o serviço é de mais responsabilidade e requeira peças de origem garantida, mas para uma manutenção corriqueira, existem ótimos profissionais no mercado.

Outro dia, levamos o carro de outro amigo, Luiz Antonio Silva, para uma regulagem geral de válvulas, após termos feito uma limpeza completa das partes internas do motor. O Alencar, que tem outra boa oficina na cidade e muita competência, fez um belo trabalho e o motor ficou um relógio, sem batidas de válvulas e funcionando bem. Em um carro mais rodado, levar em concessionária chega a ser inviável pelo alto custo do serviço, peças e mão-de-obra cobrados. Claro que é mais confiável comprar peças originais da marca, mas quem fabrica estas peças não é a montadora e sim outro fabricante especializado. Minha recomendação é sempre usar peças boas e de fornecedores qualificados, nunca as escolher apenas pelo preço. Use de preferência peças do mesmo fornecedor das peças originais, pois o padrão de qualidade será o mesmo. Marcas paralelas são muito mais baratas mas geralmente são cópias mal feitas das originais, sem o compromisso e critério técnico.

Eu sempre pesquiso preços de peças para manutenção do meu carro, só que peço pela marca mais confiável dentro das que conheço, escolhendo sem dúvida o melhor preço. Quando as ofertas são muitas com diversos fabricantes, procuro sempre o melhor custo-benefício, escolhendo a de mais qualidade pelo menor preço, que não significa que escolherei a mais barata da oferta. Minha primeira opção é a qualidade, depois o preço. Com isto, garanto uma maior confiabilidade e durabilidade do veículo, aumentando seu poder de revenda futuro.

Sempre faça suas revisões em concessionária enquanto seu carro estiver dentro do período de garantia, até para não perde-la. Depois de vencido este prazo, faça uma boa cotação entre várias boas oficinas e use o bom senso, trocando preventivamente tudo que for necessário.

* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e é diretor geral da Tryor Veículos Especiais Ltda.

Seu site é www.marcoscamerini.com.br.

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