Bom dia, senhor Henrique Perazzi de Aquino! Falo e escrevo por mim, porque foi assim que sempre procedi. Coisas do berço, senhor Aquino... Meu pai era bancário e minha mãe professora. Graças aos seus esforços, meu pai, embora tenha iniciado a vida dignamente como um carpinteiro/marceneiro, aposentou-se como gerente bancário e minha mãe como professora mesmo. Tinha que nos educar e, levando a sério sua tarefa de mãe e professora, não teve condições de se aventurar pelas carreiras que o magistério então oferecia. Pode ser, até, que o senhor e seus “cumpanhero” classificassem nosso lar com um lar... burguês!
Embora nunca tenha me dirigido ao cavalheiro - que mais parece ser, pelo visto e pelo lido, o tenebroso e “terrível ‘cavaleiro’ das trevas”- venho lhe fazer um ousado pedido, já que vi meu nome incluído em sua última carta a esta Tribuna: fale bastante, mas bastante mesmo! De tudo aquilo e sobre aquilo que o senhor discorre em sua carta “Esquerda assumida e declarada” - nuóóóssa - (JC pág. 30 de 15/4). Defenda, cada vez mais e ousadamente, o vereador Roque Ferreira para que os que o sufragaram nas últimas eleições (inclusive este escriba tolo e ingênuo) possamos destilar de seu fel o suco asqueroso que sua turba quer fazer desta nação, que já foi Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e que, agora, como Brasil, está sendo vilipendiada em seus princípios morais. Fale mais, por favor, para que eu possa fazer do meu purgatório terrestre a minha redenção, na derrota de suas teses (se é que badernas são teses!) e de seus movimentos imbuídos de ódios. Derrota essa que já se avista logo ali, na esquina da virada do semestre.
Já que digitando, senhor Perazzi, aproveite o embalo e fale, e diga e escreva alguma coisa sobre a carta “O segredo indevido” (JC mesma página e data acima) do leitor e professor Sérgio S. Pontenero. Mas fale, fale e fale... Esqueça o mote que ensina que... “o peixe morre pela boca”! Afinal de contas o seu amigo Roque, que a vida toda foi sindicalista ferroviário, deve ter bastante a lhe esclarecer. Mesmo porque a sua “esquerda”, hoje no poder (situação), é a direita; e também porque mortas já estão as suas - e do vereador Roque- tacanhas e superadas aspirações.
Lamento dizer, mas, pela análise lógica, conotativa e denotativa de seu texto, senhor Perazzi de Aquino, o senhor nos dá mais oportunidade de que seja analisado, semioticamente, pelo título que dei a estas linhas, um texto-legenda, de Chico Buarque que, vejam só, já foi um dos seus... Doravante eu só quero ouvir, ouvir e ouvir... Besteiras, mas o que é que se há de fazer!
João Guilherme Ortolan