Tribuna do Leitor

NÃO É CRIME SER DO CONTRA!


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Será que podemos discordar de alguma coisa ou de alguém? Claro que sim! Nós podemos ter opiniões diferentes e isso não é crime. Devemos saber respeitar as opiniões e as pessoas e discutir idéias e não o contrário. Infelizmente hoje vivemos um clima de terror, principalmente em assuntos complexos e controvertidos, tais como aborto e homossexua-lismo. E isso fica ainda mais evidente para os cristãos, pois quando defendem ideias diferentes daquelas que a maioria das pessoas pensa logo somos tachados de intransigentes, intolerantes, radicais, “xiitas religiosos” e tantas outras coisas.

A situação é pior quando falamos que a Bíblia é contra a homossexualidade. Quando defendemos os princípios bíblicos, declarando que não aceitamos o homossexualismo, logo somos acusados de “homofobia”, religiosos que condenam pessoas ao inferno por causa de sua “suposta” opção sexual. Não faltam “doutores” para dizer que a Bíblia não fala contra, que Jesus pregava o amor, e coisas assim. Mas, diferentemente do que muitos pensam, o homossexualismo é pecado sim e desagrada a Deus. A Igreja é contra o homossexualismo, não contra o homossexual. Ninguém em sã consciência deve tratar mal um homossexual, mas deve ajudá-lo segundo as Escrituras, pois Deus fez homem e mulher, estabelecendo um parâmetro familiar entre macho e fêmea, não entre pessoas do mesmo sexo (Gênesis 2:24).

Mas por que a Bíblia é contra o homos-sexualismo? Deixemos claro que não apenas contra isso, mas contra toda e qualquer perversão sexual ou atitude que denigra o ser humano. É contra o adultério, a pedofilia, a prostituição, a libertinagem, enfim, contra toda e qualquer atitude sexual ilícita, e neste aspecto a Bíblia enquadra a homossexualidade. A Bíblia declara: “Não se deite com um homem como quem deita com uma mulher; é repugnante” (Levítico 18:22). Deitar aqui no hebraico (mishkav) significa “copular, um lugar onde se dorme e geralmente de conotação sexual entre homem e mulher”. Depois declara: “Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte” (Levítico 20:13). Novamente encontramos a mesma palavra, só que com um agravante: a pena capital. Esta pena é compreensível quando lemos a História, que nos informa do culto de Canaã, marcada por cultos frenéticos e sensuais. Deus rejeitou isto como algo para Seu povo. É claro que compreendemos isso à luz do Novo Testamento, onde o que pesa é a graça de Deus, que visa restaurar o ser humano à condição de filho de Deus por meio de Cristo.

“Mas Jesus não foi contra as pessoas; Ele ensinou o amor”, advogariam alguns. É verdade, mas Ele disse que amar a Deus sobre todas as coisas é o primeiro e maior mandamento. Amar o próximo é conseqüência de amar a Deus. Jesus amava o pecador, mas odiava o pecado. Nunca Jesus amou ninguém sem antes exigir uma mudança de vida.

Além disso, o Novo Testamento reafirma a posição do Antigo Testamento: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados nem sodomitas... herdarão o Reino de Deus” (1Coríntios 6:9,10). O apóstolo usa dois termos, malakoi que significa “luxúria ou perversão homossexual” e arsenokoitai que significa “perversão sexual masculina”. Paulo não usaria estes termos sem propósito. E escrevendo aos Romanos declarou: “Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram as relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão” (Romanos 1:26,27).

No grego fica claro que tanto homens como mulheres trocaram a verdade de Deus pela “verdade” humana e, por isso, tanto homens como mulheres deixaram as práticas naturais (no grego, physikós, ou seja, de acordo com a natureza) e se inflamaram em paixões vergonhosas, ou como está no original grego, eksekauthêsan en tê oreksei autôn, isto é, “inflamaram-se a si mesmo na paixão sensual”.

Concluímos que a posição cristã e da Igreja não tem nada a ver com tradução bíblica ou, como foi levantado, desinformação ou intolerância. Se alguém quiser o caminho da homossexualidade terá que ter consciência que a Bíblia jamais o apoiará. Que a fé cristã edificada na Sagrada Escritura, que é a nossa regra de fé e prática, jamais aceitará esta posição. Se os outros querem respeito, nós também queremos, até porque para convivermos numa sociedade democraticamente estabelecida, não precisamos ser unânimes. Porque ser contra idéias é diferente de ser contra pessoas. Somos contra a homossexualidade, mas não contra os homossexuais, por uma razão muito simples: a Bíblia declara que Deus criou homem e mulher. Não há terceira via.

Gilson Souto Maior Junior, pastor sênior da Igreja Batista do Estoril, professor de Teologia da Faculdade Teológica Batista de Bauru (Fateo) e aluno de pedagogia da Unesp/Bauru

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