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Mulheres não usam óculos por pura vaidade


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Usar óculos de grau não é coisa de nerd nem sinal de velhice. Eles podem, sim, ajudar a compor um visual descolado e chique, basta acertar na escolha. Esta é uma informação que a maioria das brasileiras desconhece, segundo uma pesquisa divulgada pelo Ibope em abril. Das 284 mulheres participantes da pesquisa, todas com idade entre 18 e 64 anos, 66% garantem que não conseguem ver seus óculos como um acessório de moda.

A consultora de imóveis Gisele de Souza Carvalho Miguel, de 47 anos, já descobriu que os óculos de grau podem ser bons aliados na hora de compor um look. “Uso óculos desde os 8 anos e tenho um para cada ocasião: para trabalhar, dirigir e um mais ousado para sair, além de dois modelos de sol, com e sem grau”, conta. E tem a dica para escolher o modelo: “Hoje em dia são muitas as opções para todos os gostos. É só escolher aquela que se identifica mais com a sua personalidade”, indica.

O preconceito feminino para com os óculos não é mera questão de estética. Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que a falta de correção visual é a maior causa da deficiência visual grave. Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, responsável pelo setor de córneas e doenças externas do Instituto Penido Burnier, em Campinas, a pesquisa mostra um paradoxo. “As mulheres deixam de usar os óculos por uma questão de vaidade, mas ao mesmo tempo são super preocupadas com a visão”, acredita.

A pesquisa do Ibope, que consultou mulheres de São Paulo, Belo Horizonte, Rio, Porto Alegre e Fortaleza, indica que elas reconhecem que a proteção contra os raios ultravioleta (UV) oferecida pelas lentes ajuda a prevenir o envelhecimento da pele ao redor dos olhos, além da catarata.

E 97% delas também sabem que os raios UV, tanto os solares quanto os da iluminação artificial, podem levar ao envelhecimento da pele dessa região. Mas, contraditoriamente, 60% das mulheres não usam óculos na praia. “A falta de proteção UV aumenta em até 60% a chance de contrair catarata, que é a maior causa de cegueira tratável”, diz Queiroz Neto.

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Personalidade

Um dos mais reconhecidos estetas ópticos do Brasil, Miguel Giannini tem sua própria linha de armações e desenvolveu uma técnica para personalizar a escolha delas. Entre seus clientes há várias personalidades, como Ana Maria Braga e Boris Casoy.

Giannini conta que analisa cuidadosamente o receituário e a personalidade da pessoa, para então começar a testar as diferentes opções em cores, materiais e formas. “Combinar os óculos com cores e roupas é o de menos. Uma armação bem escolhida pode acrescentar na imagem. A moda quem faz é quem usa”, diz.

O designer conta que, além de identificar a armação para cada cliente, existe um trabalho para melhorar a autoestima das pessoas. Segundo ele, é importante que haja uma preparação psicológica para começar a usar óculos. “Eu sempre brinco que os óculos não são um acessório, mas um ‘necessório’”, diz.

Na hora de escolher o modelo de óculos para cada cliente, Giannini analisa os elementos principais que compõem o rosto, como altura e largura do nariz - para conforto visual e físico - e a altura das sobrancelhas, para efeito estético. Também são avaliados o tipo de personalidade e o estilo de cada um.

“Os aros devem estar sempre um ou dois milímetros abaixo das sobrancelhas para deixá-las livres de qualquer interferência, já que são responsáveis pela expressão facial”, explica Giannini.

No caso dos óculos de sol, como o objetivo é a proteção, eles podem cobrir toda a região dos olhos. É preciso tomar cuidado também para que o apoio dos óculos no nariz não marque e muito menos machuque, podendo causar até mesmo câncer de pele. “Como auxiliares de visão e acessórios de moda, os óculos não devem se transformar no componente mais importante da face. Nada é mais importante que o rosto, nem mesmo um par de óculos”, conclui.

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