Pelo menos desde 2007, o Jornal da Cidade vem registrando constantes relatos de pessoas que, entre junho e agosto, presenciaram a migração de enxames de abelhas e solicitaram o serviço dos bombeiros e apicultores para a retirada desses insetos que, por muitas vezes, constroem suas caixas em meio à vida urbana.
De acordo com Guilherme Nunes, presidente da Associação Bauruense de Apicultores (ABA), parte do enxame das abelhas migra entre junho e agosto antes da florada, ou seja, antes da chegada da primavera.
Essa mistura entre abelhas e urbanização quando interferida pela ação humana pode causar revolta nos insetos e, consequentemente, ataques são formados e acabam atingindo a população.
“O que as pessoas precisam entender é que muitas abelhas estão somente de passagem e são migratórias. Mas é sempre importante ter o intermédio do apicultor para lidar com elas”, explica o presidente da entidade.
Em junho de 2007 um enxame de abelhas pousou no chão do Calçadão de Bauru, impedindo a passagem de consumidores e amedrontando a população que temia que elas se espalhassem. Ninguém foi picado e um apicultor foi chamado para retirar as abelhas do local.
No mês de setembro do ano seguinte, elas foram parar novamente no Calçadão da Batista. Dessa vez, se acomodaram entre as instalações de metal da cobertura. O mesmo procedimento foi adotado para evitar que atacassem a população.
O caso mais recente é de um enxame de abelhas europa-africanizadas que se alojou em uma fresta do muro do Estádio do Esporte Clube Noroeste, que fica na Vila Pacífico, em Bauru. “Como elas não estão em um local muito alto, muitas pessoas que passavam pela calçada já foram picadas, mas nós não retiramos porque a Prefeitura Municipal não possui mais o convênio com a associação”, salientou Guilherme.
Migração
O presidente da ABA relata que há oito anos a Prefeitura Municipal não renova o convênio com a entidade. “Antes nós tínhamos um convênio com a prefeitura e com os bombeiros. Então, quando aconteciam essas migrações que assustavam a população, a prefeitura ou os bombeiros entravam em contato conosco para que fôssemos retirar os insetos. Mas o convênio não foi renovado”, ressaltou.
Isso implica em um custo para os apicultores irem até o local para fazer a retirada dos enxames. “Nós recebemos muitas chamadas, cerca de dez por dia nessa época do ano. Para retirar as abelhas de um local de fácil acesso, os apicultores cobram de R$ 40,00 a R$ 50,00. Para um local mais difícil, o serviço pode chegar a R$ 200,00. Muitas empresas, principalmente de telefonia, solicitam nossos serviços”, completa Guilherme.
Ele ainda explica que quando o apicultor chega ao local solicitado, ele já sabe com qual tipo de abelha vai lidar. “Muitas são só migratórias, elas saem do local em poucos dias e são menos agressivas. As que se fixam são mais agressivas, pois estão querendo defender suas crias, o mel produzido e a rainha”, explica.
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Como lidar com os enxames
O apicultor Guilherme Nunes pede que a população não mexa nas abelhas e, principalmente, não aplique veneno nas mesmas. “Quando a pessoa aplica veneno nas abelhas, consequentemente ela envenena a caixa também. Se depois ela resolver se alimentar do mel ali existente, pode ingerir o veneno”, explicou.
As abelhas atualmente não possuem uma espécie definida, estão geneticamente modificadas em conseqüência do cruzamento desenfreado de espécies distintas. “Então, é difícil falar qual é mais agressiva. É importante que a população evite as picadas. A pessoa alérgica pode morrer com uma única picada. Mas se não for alérgica e levar várias picadas, pode morrer da mesma forma por asfixia desencadeada pelo fechamento da glote”, alertou.
O telefone da Associação Bauruense de Apicultores é 9108-4020.