Brasília - A um dia da votação do projeto do novo salário mínimo na Câmara, o governo escalou sua tropa de choque para garantir a aprovação do valor de R$ 545,00. Ontem, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, participaram de reuniões com os principais partidos. Guido Mantega (Fazenda) participou de comissão geral sobre o assunto, e Antônio Palocci (Casa Civil) ligou para diversos deputados. A própria presidente Dilma Rousseff entrou na mobilização, chamando o ministro Carlos Lupi (Trabalho) para uma conversa pouco antes de reunião da bancada do PDT, do qual Lupi é presidente licenciado. O partido é único foco declarado de resistência entre os aliados do governo. E as afirmações após o encontro foram praticamente unânimes a favor dos R$ 560,00. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, deixou de defender o valor de R$ 580,00. "Já peleguei. Estou agora defendendo os R$ 560,00", disse ao chegar ao plenário. A estratégia dele é tentar fortalecer os R$ 560,00 que conta com o apoio do DEM, do PDT e do PV. Paulinho falava praticamente sozinho na defesa de R$ 580,00. Os cálculos dos governistas são otimistas, apostando em 360 votos, dos 513 possíveis, a favor dos R$ 545,00 (veja quadro). "Estamos em uma situação confortável, muito melhor do que na semana passada", afirmou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). A avaliação é que, como as indicações de cargos no governo ainda estão em andamento, ninguém quer "sair da linha" no Congresso. O PMDB, por exemplo, chegou a soltar nota em defesa dos R$ 545,00 no final do dia. No PT, o único a manifestar posição contrária foi o deputado Eudes Xavier (CE). E a líder do PSB, Ana Arraes (PE), disse que, após diversos encontros, a defesa do valor dos R$ 545,00 "era quase unânime". Questionado sobre retaliações contra possíveis dissidentes, Vaccarezza disse que essa "é uma discussão para ser feita posteriormente". Em exposição feita ontem na Câmara, diante de um plenário cheio de representantes das centrais sindicais, Mantega disse ainda que um valor superior aos R$ 545,00 pode levar a um aumento de um conjunto de despesas e pressionar a inflação. O líder do governo confirmou ontem que será editada uma medida provisória para corrigir a tabela do Imposto de Renda. Segundo ele, caso o valor de R$ 545,00 seja aprovado, a variação será de 4,5%.____________________ Insegurança sobre rumo de despesas
Brasília - O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse ontem que o descumprimento do acordo que prevê o reajuste do salário mínimo para R$ 545,00 pode sinalizar que novos acordos serão descumpridos e que haverá um descontrole nas despesas do governo. Durante reunião da comissão geral da Câmara dos Deputados para discutir o aumento do mínimo, o ministro afirmou que o reajuste acima desse patamar pode levar a um aumento de um conjunto de despesas e pressionar a inflação."É muito ruim para todos que a gente descumpra o acordo. Significa que outros acordos podem não ser cumpridos", afirmou. De acordo com as contas do governo, cada real de aumento no salário mínimo tem um impacto nas contas públicas de R$ 300 milhões, o que significa que um salário de R$ 600,00 levaria a um crescimento das despesas de R$ 16,5 bilhões. "Não temos condições do ponto de vista fiscal de aumentar a despesa", afirmou. A proposta do governo é que o reajuste com base na inflação do ano anterior e no Produto Interno Bruto(PIB) de dois anos antes seja mantido até 2015. "É importante a implantação de uma política de longo prazo. O que estamos propondo é a garantia de que o salário mínimo terá uma correção todo ano", afirmou. O ministro lembrou que, em 2009, mesmo com a queda na arrecadação, o governo manteve o reajuste acordado. "É justamente no ano de crise que o trabalhador mais precisa do respaldo de um salário maior", completou.
Brasília - O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse ontem que o descumprimento do acordo que prevê o reajuste do salário mínimo para R$ 545,00 pode sinalizar que novos acordos serão descumpridos e que haverá um descontrole nas despesas do governo. Durante reunião da comissão geral da Câmara dos Deputados para discutir o aumento do mínimo, o ministro afirmou que o reajuste acima desse patamar pode levar a um aumento de um conjunto de despesas e pressionar a inflação."É muito ruim para todos que a gente descumpra o acordo. Significa que outros acordos podem não ser cumpridos", afirmou. De acordo com as contas do governo, cada real de aumento no salário mínimo tem um impacto nas contas públicas de R$ 300 milhões, o que significa que um salário de R$ 600,00 levaria a um crescimento das despesas de R$ 16,5 bilhões. "Não temos condições do ponto de vista fiscal de aumentar a despesa", afirmou. A proposta do governo é que o reajuste com base na inflação do ano anterior e no Produto Interno Bruto(PIB) de dois anos antes seja mantido até 2015. "É importante a implantação de uma política de longo prazo. O que estamos propondo é a garantia de que o salário mínimo terá uma correção todo ano", afirmou. O ministro lembrou que, em 2009, mesmo com a queda na arrecadação, o governo manteve o reajuste acordado. "É justamente no ano de crise que o trabalhador mais precisa do respaldo de um salário maior", completou.