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Minha história - Dr. Almir: um flashback


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No dia 8 de dezembro de 2010 ,aos 83 anos de idade,faleceu o Dr. Almir. Era filho do conceituado médico bauruense Odilon Pinto do Amaral. Este último tem seu nome em rua (no Parque São Geraldo) e seu nome em Unidade Básica de Saúde (rua Alto Purus 7-28).

Conheci o Dr. Almir durante os anos 60. Ele foi médico no Centro de Saúde de Bauru. Era introvertido, intelectual e bibliófilo. Gostava de trajar, estivesse frio ou calor, um jaquetão (paletó trespassado na frente,com seis botões), acompanhado de gravata e camisa social, com mangas compridas.

Dois fatos marcantes (lembranças perdidas na bruma do passado) vieram à minha mente, agora com o passamento do Dr. Almir. O primeiro fato marcante:o Dr. Almir teve sua vida permeada (anos 60) por um grande choque emocional.

A esposa,a quem ele muito amava, foi acometida de um câncer implacável. O precário estado de saúde dela foi se agravando. Ele, tentando salvá-la, seguiu junto com ela, dentro de uma ambulância da Delegacia de Saúde de Bauru para um hospital da Capital. Mas ela não resistiu e faleceu no meio do caminho, na rodovia Marechal Rondon.

O Centro de Saúde de Bauru era hierarquicamente subordinado à Delegacia de Saúde de Bauru,que comandava vários Centros de Saúde de cidades vizinhas a Bauru. Ocupava eu cargo efetivo na Delegacia de Saúde. Era então o encarregado do setor de transportes (veículos oficiais estaduais).

Toda vez que o médico Wilson Pedro Speridião (Delegado de Saúde) era compelido, por dever de ofício, a se ausentar da repartição por um dia completo, um médico do Centro de Saúde de Bauru era designado pelo delegado de Saúde para responder naquele dia pelo expediente da Delegacia, assinando papéis e tomando decisões necessárias para o bom andamento da repartição. O Dr. Almir volta e meia fazia isto.

O segundo fato marcante ocorreu (1967) quando o Dr. Almir tinha 40 anos e era o Delegado de Saúde "ad hoc". Eu (26 anos) tinha recebido uma máquina de escrever "Olivetti", novinha em folha, para meu uso na repartição. Ela fora furtada por um ladrão noturno. Após diligências cabíveis, um investigador de polícia comunicou-me que a máquina havia sido vendida pelo larápio a um dono de cartório de uma cidade do Paraná, por um preço irrisório(crime de receptação culposa).

Falei com o Dr. Almir a respeito do assunto. Munido de um ofício de apresentação assinado por ele e dirigido ao delegado de polícia da cidade paranaense, fui (na companhia do investigador de polícia de Bauru) buscar a máquina de escrever. Ela realmente estava sendo usada no cartório do Paraná. "Requiescat in pace", Dr. Almir Pinto do Amaral.

Gilberto Sidney Vieira

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