A hepatite viral é muito mais contagiosa do que a aids, não dá para comparar. Para se contrair a aids precisamos de muitos vírus, enquanto que para pegar a hepatite viral algumas poucas unidades virais são mais do que suficiente. Muitos pacientes contraem hepatite viral por anos e são portadores inconscientes, transmitindo-a para muitas pessoas. As consequências para o portador da hepatite viral ou da aids estão relacionadas à qualidade de vida e implicações familiares e sociais.
O contato com secreções, especialmente durante as relações sexuais, constituem a forma mais comum de transmissão destas doenças. As secreções têm sangue diluído advindo de erosões e microtraumatismos, como na saliva. Uma pequena quantidade de sangue como 0,0001ml é mais do que suficiente para contaminar outra pessoa com hepatite viral. Esta quantidade nem modifica a cor da secreção com sangue. A hepatite viral é extremamente contagiosa. Se nos protegermos dela, estaremos protegidos das outras doenças infecciosas, inclusive a aids.
A convivência nas cidades permitem relações sexuais com mais parceiros, mas deve-se ter critérios para a proteção individual e da sociedade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera um comportamento sexual promíscuo ter três ou mais parceiros nos últimos 12 meses. A promiscuidade sexual implica em relações casuais entre pessoas conhecidas ou não. Uma pesquisa brasileira da Fundação Perseu Abramo e Sesc forneceu dados que podem nos ajudar: entre as mulheres, 27% têm dois a três parceiros por ano e 21% tem mais que quatro. Dos homens, 86% tem mais que três parceiras por ano e, destes, 75% mais que seis ao ano. Em 35% dos homens houveram mais de 15 parceiras ao ano.
O cheiro, o aspecto do cabelo e pele, a ausência de micoses, o hálito, o cuidado com os dentes e unhas, o odor dos sapatos e das roupas, o cuidado com o lugar onde se vive, come e dorme podem ser indicativos na avaliação prévia se o contato interpessoal vai ser de maior ou menor risco, especialmente se avançar para uma relação sexual. Mas analisar tudo não é possível na escuridão da balada, nem mesmo na agitação do Carnaval. Nestes ambientes, valem a emoção, o impulso, quase que prevalece apenas o instinto animal na hora da decisão de se entregar. Se é difícil ter critério com a lucidez do dia, imagine no embalo da conquista e sedução. Em palavras mais simples: na hora do vamos ver, ninguém vê nada!
Mas os "limpinhos" podem ser promíscuos. Afinal, existem maquiagens, depilações, cremes, batons, cirurgias plásticas e próteses. A maioria, infelizmente, parece não usar camisinha, imitando uma velha frase da filosofia francesa: a maioria é sempre burra! Nas pesquisas, os motivos para não se usar camisinha são: falsa percepção de segurança com o parceiro, necessidade de provar que ama ou confia, idealização romântica da relação, aparência "saudável" do parceiro e a vontade de se entregar.
Como devem ser cruéis as reflexões nos corredores dos hospitais e enfermarias, no engolir dos comprimidos e na perfuração das sondas, sem contar a angústia da espera de resultados de exames. O elixir do agito, da sedução e do orgasmo é maravilhoso, mas pode cobrar um preço muito alto.
E sobre a traição: 12% das mulheres traem e 45% dos homens também. Outro estudo da USP mostrou que 48% das mulheres com mais de 25 anos traem! Para Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, estes dados estão subdimensionados e o número de mulheres que traem é bem maior. Parece que meu amigo tem razão: todo mundo é de todo mundo, ninguém é de ninguém. Se um grande percentual das pessoas trai sexualmente e a maioria não usa camisinha, temos uma socialização das bactérias, vírus e fungos, assim como das doenças. Nada mais justo que o SUS seja único para todos!
Se você tem parceria sexual com alguém que trai, imagine o risco que se corre! Você tem certeza que ela trai só com você? Você trai apenas com ela? E você não é traído? Neste troca-troca de secreção, você tem certeza que todos usam camisinha? A traição é mais que sentimental, é biológica, de segurança e integridade física. Traição e promiscuidade sem camisinha significa brincar de roleta russa com seu futuro e de todos aqueles que te amam. Vale a pena?
O escritor inglês Graham Greene disse: Há sempre um momento no tempo em que uma porta se abre e deixa entrar o futuro. Pode-se acrescentar: ou para o bem, ou para o mal!
Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todas as segundas-feiras no JC. E-mail: consolaro@uol.com.br
iPhone e frequência sexual - O site de relacionamentos OkCupid cruzou informações de 9.785 usuários e detectou que os donos de smartphones iPhone têm vidas sexuais mais movimentadas do que os de BlackBerry e Android. Entre os homens, o número médio de parceiras até os 30 anos foi 10 para usuários de iPhone. Os usuários do BlackBerry tiveram 8,1 parceiras e os do Android, 6. As mulheres mais "amorosas" também foram as donas de iPhone: 12 parceiros até os 30 anos; as de BlackBerry, 8,8 e as de Android, 6,1. Será que tem a ver com símbolo da maça mordida!
Sexo e neurônios - Cientistas da Universidade de Princeton dividiram ratos em dois grupos: machos em contato com fêmeas sexualmente receptivas uma vez ao dia por duas semanas e ratos com acesso às fêmeas uma vez nas duas semanas. Comparados aos virgens, os dois grupos saíram da experiência com mais neurônios no hipocampo. Os ratinhos sexualmente ativos todos os dias tiveram mais hôrmonios do estresse. Os animais com maior atividade sexual apresentaram novos neurônios cerebrais e conexões.