Lima - Ollanta Humala assume o poder na quinta no Peru cumprindo a promessa de campanha de emular "o modo lulista de governar": o gabinete que escolheu guarda muitas semelhanças com o que estreou com Lula em 2003. Antes desconfiança de investidores e operadores de mercado, o esquerdista Humala apostou na continuidade na economia: manteve o presidente do Banco Central e nomeou o vice de Finanças como chefe da pasta. A dobradinha ecoa a dupla ortodoxa Henrique Meirelles (BC) e Antonio Palocci (Fazenda).
Essa equipe terá de lidar com o economista Kurt Burneo, escolhido para a pasta de Produção e que comandará um futuro ministério, o do Desenvolvimento.
Ex-chefe econômico da campanha derrotada do ex-presidente Alejandro Toledo, Burneo é considerado "desenvolvimentista" e é uma peça importante na aliança entre Humala e Toledo.
A coalizão Peru Possível de Toledo promete entregar os 21 votos de seus congressistas para forjar a maioria governista no Congresso (a sigla de Humala, Ganha Peru. elegeu 47 de 130 cadeiras). Humala reservou a Chancelaria e os ministérios da Educação, da Mulher e de Ambiente para acomodar nomes mais à esquerda. Para a Cultura, escolheu a premiada cantora Susana Baca. A experiência brasileira, porém, parece ajudar Humala a lidar com sua base esquerdista, a julgar pelas declarações do deputado eleito pelo Ganha Peru Javier Diez Canseco, amigo de Lula.