Regional

Autor de morte em briga de trânsito se entrega à polícia

Lilian Grasiela
| Tempo de leitura: 3 min

Botucatu ? Ontem de manhã, Jonas Braga de Albuquerque, 44 anos, acusado de matar a tiros o servente Adriano Antonio da Silva, 28 anos, durante uma briga de trânsito ocorrida no último domingo, em Botucatu (100 quilômetros de Bauru), apresentou-se à polícia. Acompanhado do seu advogado, ele confessou o crime, mas alegou que, antes, foi agredido e perseguido. O acusado afirma ainda que a vítima partiu em sua direção simulando estar armada.

A tragédia ocorreu por volta das 11h30 do domingo, na rua Vicente Ventrela, no Núcleo Habitacional Santa Maria I. No local, Adriano, que conduzia um Passat, com placas de Presidente Prudente, teria perdido o freio do carro e colidido em um Monza, com placas de Botucatu, guiado por Jonas. Após discussão, que resultou em agressão contra Jonas, ele foi até sua casa, pegou uma arma, saiu, e encontrou Adriano na rua Ana Vieira, atirando contra sua cabeça.

O irmão de Adriano, Rodrigo Antonio da Silva, 20 anos, que também participou das agressões contra o acusado, conseguiu escapar dos tiros fugindo por um matagal existentes nas proximidades. O servente chegou a ser socorrido pela viatura do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, mas chegou ao hospital já se vida.

Segundo o delegado Antenor de Jesus Zeque, titular do 3º Distrito Policial (DP), onde Jonas se apresentou, a versão dele coincide em partes com o que já foi relatado por testemunhas, inclusive o irmão da vítima. Contudo, outras pessoas ainda serão ouvidas para que alguns pontos possam ser melhor esclarecidos.

"Ele confessou que realmente atirou, após ser perseguido por vários metros, agredido e, reiteradas vezes, ameaçado de morte pela então vítima", revela. "O homicida era agredido (por Adriano) com uma chave de rodas, daquela chave tipo cruz, e era agredido pelo irmão da vítima com um pedaço de madeira".

O acusado relatou ao delegado que, após as agressões, correu até sua casa e arrombou a porta, já que as chaves haviam ficado dentro do carro, no local do acidente. "Ele lembrou-se que tinha, dentro da casa, uma arma de fogo. Ele a pegou, colocou na cinta, sob a camisa, e saiu", conta.

Jonas declarou ter encontrado novamente Adriano a cerca de 50 metros da sua residência. Segundo ele, a vítima fazia sinal com uma das mãos chamando-o e, com a outra mão, batia na cintura simulando portar uma arma. "O homicida alega que quis retornar ao local do acidente, aonde havia deixado a mulher e os filhos, para ver como eles estavam", diz.

Ainda segundo a versão do acusado ao delegado, quando ele estava a cerca de 10 metros de Adriano, este teria simulado sacar uma arma que, em tese, teria na cintura. "Diante disso, ele sacou sua arma e efetuou, acredita, três disparos. Um deles atingiu a vítima na rosto", afirma. "Ele fugiu e disse que jogou a arma em um rio".

O titular do 3º DP conta que Jonas vai responder pelo crime de homicídio doloso (quando há a intenção de matar), cuja pena varia de seis a 20 anos de prisão. "Considerando a apresentação espontânea dele, o compromisso dele comparecer em todos os atos de Polícia Judiciária e, futuramente, judiciais, e não possuindo antecedentes, não foi representada pela prisão preventiva e ele vai responder o processo em liberdade", explica.

Segundo o delegado, seria precipitado, nesse momento, dizer que ele agiu em legítima defesa. Nesses casos, a decisão sobre eventuais atenuantes da pena fica a cargo da Justiça. "O advogado dele vai ter que trabalhar muito bem esse lado de legítima defesa porque ele correu para casa, entrou, pegou a arma e saiu", justifica.

Zeque confirma que o acidente de trânsito realmente foi o pivô de toda a confusão, que terminou de forma trágica. "Os carros se chocaram e os motoristas desceram e começaram a discutir acerca do ressarcimento dos prejuízos", narra. Como não houve acordo, de acordo com ele, Jonas teria sugerido que cada um arcasse com seus gastos, mas Adriano não aceitou. O acusado, então, ameaçou chamar a polícia. Nesse momento, a vítima teria iniciado as agressões contra ele.

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