É muito comum vermos crianças pedindo um animal de estimação para seus pais. Geralmente, é um cachorrinho, um gatinho ou até mesmo um animalzinho mais exótico, como hamster, porquinho da índia, furão... a lista do que hoje é encontrado nos pet shops é imensa. E, quando o bichinho chega em casa, a responsabilidade de colocar comida, água, dar banho e muitos outros cuidados geralmente acaba "sobrando" para os pais.
Na Escola FourC, alguns animais de estimação foram adotados para fazer com que as crianças entendam questões como responsabilidade, ciclo de vida, biologia, senso de compromisso e também as necessidades dos seres vivos.
Para isso, a ideia foi levar hamsters para a sala de aula. Isso mesmo! Nas suas gaiolinhas, com direito a casinha e roda de exercícios, os roedores têm um lugar especial na classe. Existem ainda três coelhos que ficam soltos pela escola, já que no local tem muita área verde onde podem se abrigar e um aquário com peixinhos.
Segundo a coordenadora do Ensino Fundamental da FourC, Zilma Faustini, o principal objetivo de manter um bichinho de estimação na sala de aula e na escola é fazer com que as crianças aprendam a cuidar de uma vida.
"Precisamos ensinar que aquele animal depende de cuidados nossos. Conhecer seus hábitos e assumir a responsabilidade de cuidado com a limpeza e alimentação. É justamente saber que aquele ser vivo depende das nossas ações e entender seu ciclo de vida. E esse é o objetivo, de aprender a cuidar", esclarece.
Mão na massa!
Na FourC, quem cuida dos animais são os próprios alunos. Eles são escalados para cuidar durante uma semana. Assim, uma dupla de criança fica responsável por levar o hamster até o laboratório de ciências trocarem a comida e a água, lavar a gaiola e forrá-la com papel para aquecê-la e ajudar na dentição destes roedores.
Segundo a professora do Ensino Fundamental, Mariana Faustini, os alunos ficam muito ligados ao animal de estimação. "Todos querem arrumar a gaiola, alimentá-los, e isso é muito importante, pois acabam desenvolvendo a responsabilidade de cuidar de algo e alguém", argumenta.
"Muitos alunos possuem animais em casa, mas não são eles que cuidam. Aqui eles são os responsáveis pela alimentação e higiene do nosso animal", conta a professora.
O aluno Daniel, 10 anos, fica ansioso para chegar a sua vez de cuidar do White Crazy (nome em inglês para Louco Branco), o hamster que fica na sua sala. "É fácil porque tem um grupo que cuida deles, nós nos revezamos. Às vezes, também lavamos a gaiola e a casinha dele" explica.
Momentos de tristeza e aprendizado
Segundo a médica veterinária Thaís Helena Desjardins Bergonso, o hamster é um animal muito delicado e rápido. Por isso, não são raros os casos em que ele possa vir a morrer, principalmente, com as quedas e fraturas. A professora Juliana Silva, explica que já aconteceu de uma das salas perderem o hamster, pois ficou doente.
"Nós tratamos com naturalidade. Explicamos que os animais são frágeis, que ficam doentes como nós e podem morrer. No caso ocorrido, ficaram muito tristes, mas aprenderam mais sobre a vida", enfatiza a professora.
Para a coordenadora Zilma Faustini, quando acontece uma situação dessas, é importante ensinar a criança a entender o tempo de vida, inclusive de pessoas. "Tanto que quando o hamster morreu, a classe toda estudou sobre perdas, morte e o conceito de que nada é eterno".
Lara e Heloísa, 10 e 9 anos, respectivamente, lembram bem quando o bichinho morreu: "Nós gostamos muito deles. Uma vez, um porquinho da índia morreu e muita gente chorou", contam.
Estudar para saber cuidar
Segundo a professora Mariana Faustini, antes do animal chegar, todos os alunos pesquisam como cuidar dele, quais são suas características e fazem uma exposição com as descobertas do cuidado do animal para a turma. Desta forma, eles aprendem a se organizar melhor com o fato de que todos devem cuidar do animal, além de desenvolverem mais responsabilidade com as atividades em sala de aula.
E, pelo jeito, o aluno Vitor, 9 anos, já aprendeu a lição para não deixar o animalzinho estressado: "A gente não pode fazer muito barulho para não assustar ele (o hamster), mas é bem legal ter ele aqui. Eu me sinto muito bem", declarou o aluno.
Entre ração e livros... muitas risadas!
A professora Juliana Silva relembra que responsabilidade é assunto sério, mas é claro que fatos engraçados sempre rondam o universo infantil, principalmente em uma sala com crianças de 8 a 10 anos.
"Quando o White Crazy chegou, ele era um pouco arisco e sempre pulava da mão das crianças ou saía correndo. Elas ficavam malucas atrás dele. Até que certa vez eu estava dando instruções às crianças de como limpar o animal quando um aluno que estava segurando o hamster falou com cara de nojo: ?Ele fez coco na minha mão! ? Todos começaram a rir."
Quer ter um bichinho em casa?
Além de cachorros e gatos, o hamster também é indicado para crianças, porque o contato com qualquer animal é saudável. No entanto, a veterinária Thaís Helena Desjardins Bergonso, especializada em animais silvestres e exóticos, odontologia veterinária e terapia floral, recomenda o hamster para crianças acima de 6 anos.
Ela ressalta que qualquer espécie animal pode transmitir alguma doença, por isso, é importante lavar bem as mãos com água e sabão após brincar ou cuidar do mascote.
O que é preciso para criar um hamster?
O hamster não exige muitos cuidados. É preciso oferecer ração de boa qualidade, um ambiente limpo e verificar se tem água suficiente e limpa.
Se você for comprar um animal desses, o primeiro passo é adquirir uma gaiola de um tamanho razoável para que ele possa se exercitar. Além disso, uma toca é fundamental, já que passam a maior parte do dia dormindo. Os potes de alimentação, bebedouro e gaiola devem ser limpos diariamente e também é importante manipular sempre o bichinho para que ele reconheça o dono pelo cheiro e, assim, fique mais manso.