Regional

Veterinária ?adota? 11 filhotes de gambá que ficaram órfãos

Lilian Grasiela
| Tempo de leitura: 3 min

Agudos – A triste cena de uma fêmea adulta de gambá morta, presa entre troncos de árvores, nos fundos de uma clínica veterinária em Agudos (13 quilômetros de Bauru), adquiriu novos contornos quando, ao retirá-la do local, uma veterinária deparou-se com 11 filhotes vivos debaixo dela. Os gambazinhos, que ainda não haviam desmamado, estão sob os cuidados da médica até que possam crescer e ser devolvidos ao seu habitat natural.

O fato ocorreu no último dia 7, numa clínica na rua 7 de setembro, no Centro. Após fazer contato com a Polícia Militar Ambiental e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a veterinária Lívia Silveira Comelli foi orientada sobre como deveria cuidar dos filhotes até que eles pudessem se alimentar sozinhos. “Como eles estavam debaixo da mãe, e ela estava com as mamas inchadas, eu acredito que eles ainda estavam mamando”, diz.

Nestas duas semanas, segundo ela, os gambazinhos, que tinham 11 centímetros de comprimento, já ganharam mais quatro. No início, a veterinária conta que ofereceu a eles leite de cabra, que é mais rico em gorduras e proteínas. Com o passar dos dias, os filhotes aprenderam a comer alimentos sólidos como amora, carne moída, outros tipos de frutas, insetos e ovos. “Só que eles ainda não sabem abrir o ovo. Eu tenho que dar uma quebradinha para eles”, conta, aos risos.

De acordo com Comelli, os animais estão em uma caixa de papelão, que é limpa diariamente, e se alimentam quatro vezes por dia. Anteontem, o leite foi retirado para que eles aprendam a comer apenas alimentos sólidos. A soltura em uma reserva ambiental da região deverá ocorrer quando eles atingirem 20 centímetros. “Eu estou tentando deixar eles um pouquinho maiores para eles poderem se defender sozinhos dos predadores”, declara.

Ao contrário do que muitos pensam, a médica revela que os gambás são bastante higiênicos, não gostam de viver em locais sujos e se limpam como gatos após as refeições. Segundo ela, esses animais vivem em média entre quatro e cinco anos e, em cada ninhada, têm entre 10 e 20 filhotes. Apesar de arisco, ela conta que o gambá é completamente inofensivo. “Ele não é um animal que impõe algum risco. Ele não vai avançar em nenhuma criança e nem em nenhum animal”, ressalta.

“Eles se assustam e, quando veem um movimento, se fazem de mortos, que é uma defesa deles. Eles abrem bem a boca, mostram os dentes e soltam um ruído. Os gambás fazem isso na vida livre para assustar os predadores. O mau cheiro, alguns desses filhotes começaram a soltar há pouco tempo. Mas ele é mais desagradável para outros animais do que para nós, por incrível que pareça”.

Segundo ela, o aparecimento dessas espécies na zona urbana é cada vez mais frequente. “O que atrai eles para os quintais é exatamente o alimento. No nosso caso, eu acabei chegando à conclusão de que o que atraiu eles foi o pé de amora, uma fruta que eles adoram”, conta. Ela afirma que já perdeu as contas das vezes em que encontrou gambás adultos nos fundos do consultório. “Eles têm hábitos noturnos. Durante o dia, quando você encontra eles, normalmente eles estão dormindo”, diz.

A orientação que a veterinária dá para as pessoas que se depararem com um gambá no quintal de casa é para que não toquem nele e deixem que o animal retorne sozinho para o seu habitat natural. Além disso, animais domésticos, como cães e gatos, devem ser afastados para que não o machuquem. “Não precisa matar, ele não é um rato”, salienta. “Ele não tem nenhuma doença que vá transmitir para nós”.

Para evitar que ele apareça, de acordo com ela, os quintais devem ser mantidos limpos e as rações de cães e gatos trocadas constantemente, já que elas acabam servindo de chamariz para eles. “Ele é um animal silvestre. A única coisa que ele faz realmente é procurar alimentos. Como a cidade acabou se expandindo, a gente está ocupando o lugar desses animais. O que eles têm a fazer é buscar alimentos em vários lugares”, diz.

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