Há muito tempo atrás, em uma das primeiras colunas que escrevi, falamos sobre a troca das rodas originais por esportivas. Este assunto volta e meia ainda surge em conversas e dúvidas de leitores, portanto creio que seria interessante retornar à carga.

Comprar um carro muito legal, mas com aquelas rodinhas de aço com calotas para fora que riscam em qualquer encontro com uma sarjeta desanima qualquer um. As soluções seriam duas: trocar as rodas originais por outras de alumínio mais esportivas, com o mesmo diâmetro original para reaproveitar os pneus ou alterar o diâmetro das rodas e trocar também os pneus adequadamente. O problema é: como fazer isso direito?

Tem gente que pensa que é só trocar por rodas com a mesma furação para os parafusos ou porcas de fixação e pronto, tudo se encaixa direitinho. Não é não. A furação correta é a primeira previdência óbvia, pois tecnicamente existem rodas com 3, 4, 5, 6 ou 8 furos, dependendo da aplicação (automóveis e picapes). Mesmo assim, o espaçamento entre os furos também pode variar, portanto uma roda com 4 furos pode servir a um carro e não em outro.

O mais importante é o chamado "offset", que é a distância em milímetros entre o assentamento da roda e o centro da tala (ou centro de simetria da roda). Este offset pode ser zero, positivo ou negativo. É zero quando a face de assentamento está localizada bem no meio da roda, no eixo de simetria axial. Será negativa quando a face de assentamento da roda estiver mais afastada da borda externa da roda e positiva quando estiver mais próxima da borda externa. Em letra de forma, quer dizer o seguinte: com offset zero a roda é simétrica para dentro e para fora; será negativa quando deslocar a roda mais para fora do eixo (mais usada em picapes e carros de corrida) e positiva quando colocar o miolo da roda mais para fora e a tala para dentro, como nos carros de passeio. Lembre-se que é muito importante trocar uma roda por outra com o mesmo offset, senão a roda poderá ficar mais para fora que o original e interferir com o paralama ou mais para dentro, interferindo com a suspensão e caixa de roda.

No caso de trocar as rodas por outras de diâmetro diferente, precisa-se tomar outros cuidados além dos acima citados. Por exemplo, o diâmetro externo do pneu não pode ser alterado, senão teremos diversos problemas como alteração na calibração do velocímetro (velocidade indicada errada), mudanças na velocidade final e aceleração do veículo, altura do solo, dentre outros. O correto é manter o mesmo perímetro externo dos pneus originais, por isso se alterarmos o diâmetro da roda, teremos que alterar a altura do pneu. Existe um cálculo exato para fazer isso (já mencionei em outras matérias), mas tem uma regra mais simples e prática: para cada polegada que aumentar o diâmetro da roda, reduzir 10% na altura e aumentar 10mm na largura do pneu. Um exemplo: se a roda original for aro 13 (portanto, 13 polegadas) e usar pneus 165/80R13, ao passar para roda aro 14 deverá ter pneus na medida 175/70R14. Se passar para aro 15, os pneus deverão ser 185/60R15, tudo com o mesmo offset. Assim a roda cresce igualmente para dentro e para fora, sem interferências.

Agora que trocou as rodas, aprenda a usá-las e a mantê-las bem. Elas trazem benefícios subjetivos como embelezamento e personalização do veículo e outros mais práticos como redução de peso e maior estabilidade, pois pneus de perfil baixo e mais largos seguram melhor nas curvas. Mas lembre-se que as rodas de alumínio são mais frágeis do que as de aço, portanto cuidado ao enfrentar estradas ruins ou buracos, guias, "tartarugas", lombadas, etc. as rodas podem se danificar com impactos ou mesmo quebrar.