Bairros

As histórias que as ruas da cidade contam

Wanessa Ferrari
| Tempo de leitura: 3 min

Os nomes de ruas são essenciais para a localização em uma cidade. Em Bauru, não é diferente. São os logradouros que nos permitem encontrar um determinado ponto em um bairro pelo qual nunca havíamos passado anteriormente. Mas a relação da maioria das pessoas com os nomes de ruas é sempre atropelada pela correria diária e pela ânsia da informação. Quase ninguém se interessa pelas histórias escondidas por trás das placas com endereços e, muito menos, pelos motivos que as levaram a ser fixadas ali, naquele bairro, naquela via.

 

Pare e repare. Você notou que as ruas do Centro da cidade, por meio de suas placas, propõem uma viagem pela história de Bauru? A rua Primeiro de Agosto, por exemplo, é uma das mais antigas do local e faz referência ao aniversário do município. Já a vizinha Batista de Carvalho é uma homenagem a um dos pioneiros do comércio bauruense, João Baptista de Carvalho, que adorava batizar as ruas das redondezas. Do mesmo modo, a rua Azarias Leite, faz referência a outra figura política importante da cidade, Azarias Ferreira Leite, que morreu em uma emboscada ao defender a criação da Comarca de Bauru.

 

Ruas com nomes de datas também estão espalhadas aos montes pela cidade. Exemplos são as ruas Sete de Setembro, em referência a Independência do Brasil; Quinze de Novembro, em homenagem à Proclamação da República, Vinte e Nove de Outubro, em recordação a data considerada como o dia da redemocratização do País, feita por Getúlio Vargas, entre outras.

 

Mas não são somente personalidades históricas e datas que dão nome às ruas de Bauru. Em alguns bairros é possível notar uma tematização nos nomes de logradouros. No Parque Santa Edwiges, por exemplo, as ruas têm nomes de pedras preciosas e de planetas. No Vale do Igapó, as alamedas têm nomes de aves e também de modalidades esportivas. Já no Núcleo Gasparini são as profissões que predominam nas placas de localização. 

 

“Acho muito interessante. É simples e torna a localização bastante fácil”, opina o comerciante Carlos Felipe, 47 anos, morador do Núcleo Gasparini há 24 anos.

 

Como funciona a escolha

 

Quando o assunto são as ruas da cidade, um dos aspectos mais curiosos e interessantes é o processo de nomeação. Pouca gente sabe, mas não é preciso ser famoso para ter o nome estampado em uma placa com nome de rua.

 

“Qualquer cidadão pode dar nome à rua”, frisa o pesquisador Irineu de Azevedo Bastos.

 

Até 199

, quando entrou em vigor a nova Lei Orgânica, o prefeito era responsável por aprovar e decretar nomes às ruas de Bauru. Nessa época, os próprios loteadores sugeriam nomes, que eram aprovados pelo prefeito. Por isso, vias com identificação igual ou parecida tornaram-se muito comuns. Contudo, atualmente, esse processo não é tão simples quanto parece. Depois da Lei Orgânica, a tarefa tornou-se mais criteriosa e ficou a cargo da Câmara Municipal.

 

“Somente pessoas falecidas podem dar nome às ruas. Para isso, é preciso que alguém apresente à Câmara o atestado de óbito e um breve histórico da pessoa. A aprovação depende de votação”, explica Soraya Elisa Segatto Ferreira, diretora de apoio ao legislativo.

 

Além disso, novos loteamentos são cada vez mais escassos na cidade, exceto em casos como condomínios fechados, o que faz com que a demanda por solicitações de nomes seja bem maior que a disponibilidade de vias.

Serviço

Para conhecer um pouco mais sobre a história de cada rua de Bauru, acesse o site www.daebauru.sp.gov.br, localize no canto esquerdo da página a seção Geoprocessamento e em seguida clique em História das Ruas. 

 

O levantamento documenta a história de pessoas ou datas que deram nome às vias de Bauru e foi feito pelo pesquisador Irineu Bastos em parceria com estudantes

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