Há exatos 1
anos, ocorria um dos maiores naufrágios da história, o do transatlântico RMS Titanic. Talvez nenhuma outra catástrofe marítima tenha tido impacto tão forte na opinião pública.
Para marcar o centenário do navio, James Cameron relança o blockbuster Titanic. Entretanto, em 2
12, o longa vem com uma novidade: Será lançado em 3D. Além do filme, foi lançando um livro especial, intitulado “Titanic: A Tragédia que Abalou o Mundo”, do selo editorial Life. A obra contém fotos e histórias do navio e de muitos dos seus personagens.
Já o canal a cabo Nat Geo vai exibir documentários que mostram a busca por destroços da embarcação. Não vão faltar atrações para quem quiser reviver esse momento marcante da história mundial.
A viagem iniciada em 1
de abril de 1912 era glamourosa. Na primeira classe estavam mais de 4
pessoas, que não hesitaram em pagar, em valores de hoje, £ 64.2
4 ou US$ 11
.129 - algo próximo de R$ 2
5 mil - por uma passagem, apenas de ida, de Southampton a Nova York, sem contar os gastos posteriores com restaurante, bebidas finas e banhos turcos.
O Titanic transportava também passageiros de classe média alta e mesmo pobres, como boa parcela dos da terceira classe, emigrantes, em especial da Escandinávia, que iam tentar a vida nos Estados Unidos.
Logo após deixar Southampton (Inglaterra), o Titanic fez duas escalas, Cherbourg, no litoral francês, e na Irlanda. Nos primeiros quatro dias, tudo era festa. Nesse período, o comandante Edward Smith e oficiais receberam cerca de uma dúzia de mensagens telegráficas, dando conta do elevado número de icebergs na rota.
Se tivesse levado a sério as advertências, o Titanic poderia ter desviado apenas alguns graus de latitude sul e reduzido o risco de acidente.
No dia 14 de abril, às 23h4
, o observador de bordo viu um iceberg, centenas de metros à frente. Mesmo após as tentativas do oficial de plantão, William Murdoch, de desviar a direção do navio e dar marcha a ré, o impacto se deu em apenas 37 segundos.
Com a colisão lateral, centenas de arrebites externos foram arrancados e 5 dos 16 tanques de água, destruídos. Abriu-se uma brecha na lateral direita do navio, abaixo da linha d’água. O transatlântico de 46.328 mil toneladas começou a ser inundado. Em meia hora, inclinou-se para a direita e afundou lentamente.
Minutos após o choque, o Titanic emitiu seu pedido de socorro pelo telégrafo sem fio. A partir da colisão, foram quase três horas de desespero. Às 2h2
, afundou nas águas do Atlântico e partiu-se em dois, causando a morte de no mínimo 1.514 pessoas. Do total de desaparecidos, 9
% eram homens. Muitos morreram de hipotermia, pois a temperatura das águas naquele ponto é de -2 graus C.
A 32 quilômetros navegava o Californian, que não captou a mensagem porque seu telegrafista estava dormindo. Outro navio, o Carpathia, captou o pedido de socorro, mas 8
minutos após o impacto. Ainda assim, recolheu 71
náufragos, que levou para Nova York. Ao desembarcar, no dia 17, uma multidão de 4
mil pessoas aguardava os sobreviventes.
Entre eles havia famosos, como a atriz americana Molly Brown, ativista de direitos humanos. Entre os mortos, também, como Benjamin Guggenheim, magnata do cobre; George Widener, dono de grande fortuna em Filadélfia; John Thaver e Charles Hays, donos de ferrovias nos EUA; e Isidor Straus, um dos proprietários das lojas Macy’s. Guggenheim recusou a oferta de um colete salva-vidas por achá-lo “apertado e deselegante”.
Outros escaparam porque cancelaram a viagem, como o banqueiro John Pierpont Morgan - que financiou a construção do navio - e o industrial Henry Clay Frick.
Construído nos estaleiros da Harland and Wolff, em Belfast, na Irlanda do Norte, o Titanic incorporou algumas das mais avançadas tecnologias da época - o que fez o navio ganhar fama de “inafundável”.
Em sua construção trabalharam 12 mil pessoas, 3 mil das quais eram profissionais especializados, como mecânicos, eletricistas, soldadores, marceneiros, encanadores, pintores e decoradores.
Resgate
Após décadas de esquecimento, o transatlântico RMS Titanic voltou a chamar a atenção nos anos 198
, com a missão liderada pelo explorador Robert Ballard para localizar os destroços do navio no fundo do Atlântico.
Engenheiro, geólogo e explorador, Robert Ballard conseguiu apoio tecnológico e financiamento da Marinha dos Estados Unidos para construir um robô submarino de grande profundidade, o Argo.
Em troca, teve antes de participar de uma missão secreta: localizar dois submarinos nucleares norte-americanos naufragados nos anos 196
no Atlântico Norte, o USS Scorpion e o USS Thresher.
O engenheiro Robert Ballard os localizou em 1985, mas, ao partir em busca do transatlântico RMS Titanic, o robô submarino implodiu e foi triturado em milhares de pedaços, sob a pressão de 3 mil metros de profundidade no Atlântico.
Foi necessário montar outro robô para localizar o Titanic em 1 de setembro de 1985, a 3.784 metros de profundidade. O engenheiro e geólogo Robert Ballard voltou ao local no ano seguinte para fazer o primeiro estudo detalhado do naufrágio.
Terceira classe
Comissões de inquérito norte-americanas e inglesas instaladas após o naufrágio do Titanic no Atlântico confirmaram que, contrariamente aos boatos que persistiram por anos a fio, os passageiros de terceira classe não foram confinados para permitir o salvamento prioritário dos passageiros de classes superiores.