Bairros

Bairros: de tudo um pouco

Wanessa Ferrari
| Tempo de leitura: 7 min

Jardim Marambá


Quem conheceu a região do Jardim Marambá antes de 1990 provavelmente não imaginava que em pouco mais de duas décadas o bairro se transformaria no que é hoje: uma pequena cidade.


Tudo começou com a implantação do Condomínio Residencial Parque das Camélias, inaugurado em dezembro de 1990. A instalação do residencial concentrou, rapidamente, cerca de 3 mil pessoas, que passaram a ocupar os 720 apartamentos que compõem o condomínio. Com elas, em menos de seis meses, instalaram-se os primeiros estabelecimentos comerciais.


Depois, outros edifícios vieram - atualmente, contando com o Camélias, a região abriga sete condomínios e cerca de 7 mil moradores -, e, aos poucos, o bairro foi ganhando características de uma pequena cidade.


Por lá é possível encontrar estabelecimentos que vão dos tradicionais cabelereiros (apenas na avenida Orlando Ranieri são cinco!), padarias e farmácias, além de restaurantes, lojas de roupas e decoração, perpassando sorveterias, consultórios de dentistas e supermercado.


“O Jardim Marambá é um bairro em constante expansão. Ele tem, sim, uma cara de pequena cidade, contudo, não tem aquela cara de velho. O bom é que é um bairro novo, que sempre se renova”, comenta a cabelereira Norma Ruiz Romanholi, que mora no Parque das Camélias há 17 anos e tem um salão de beleza na principal avenida do bairro.


Antes de morar no Jardim Marambá, Norma morava na Vila Falcão, outro bairro bauruense que tem características de uma pequena cidade. Contudo, para ela, as diferenças entre os bairros são claras.


“Ah, o Jardim Marambá é mais novo e moderno. A Falcão já é antiga...”, compara.


A dentista Vanessa Zeni de Paiva Carvalho concorda com Norma. Apesar de morar em Bauru há apenas 8 meses, ela já reconhece as qualidades do Jardim Marambá.


“Morava em São Paulo e me mudei para Bauru com meu marido. Apesar de morarmos no Centro, decidi instalar meu consultório dentário no Jardim Marambá. A escolha deveu-se a dois fatores: o primeiro foi o fato de um colega estar vendendo o consultório montando porque ia mudar-se para outra cidade; o segundo foi porque notei que o bairro tem uma grande concentração populacional, de comércio e serviços”, justifica ela.


Mesmo sabendo das qualidades do Jardim Marambá, Vanessa se surpreendeu.


“Muitos pacientes vêm a pé ao consultório e elogiam a proximidade. Isso é muito bom”, constata.


Apesar de ter características de uma pequena cidade, o Jardim Marambá ainda não conta com agências bancárias.


“É o que falta”, aponta Norma.



Núcleo Mary Dota



Quando se fala em Mary Dota, o comentário de que o bairro é, na verdade, uma cidade dentro de Bauru é inevitável. E a comparação não é preciosismo nem bairrismo. Com 3.638 residências e uma média de 14.552 moradores, o Núcleo Mary Dota tem 18 vezes mais habitantes que Borá, a menor cidade do Estado de São Paulo, que segundo o último Censo abriga 805 habitantes.

E é justamente a dimensão e a populosidade do Mary Dota, que durante muito tempo ostentou o título de maior núcleo horizontal da América Latina, que tornaram as ruas do bairro, especialmente a avenida principal, Marcos de Paula Raphael, em um grande corredor comercial.

“Tem de tudo por aqui e por isso não saio do bairro para nada. Se for contabilizar, acho que vou apenas uma vez por mês ao Centro”, afirma Rose Aquino, 46 anos, que mora no Mary Dota há 20 anos e escolheu o local para instalar sua loja de aluguel de vestidos de noiva e trajes para festas.

“E vem gente de todos os cantos para comprar aqui, inclusive de outras cidades, como Botucatu, Jaú e Garça”, orgulha-se.

A afirmação de que quase não frequenta o Centro tem justificativa: o Mary Dota tem padarias, lanchonetes, agências bancárias, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), pet shops, lojas de materiais de construção, farmácias, diversas academias e até mesmo profissionais como médicos, advogados e dentistas.

Quem se orgulha das proporções assumidas pelo bairro são os moradores, que fazem questão de evidenciá-las. “Até a água daqui é melhor, minha filha”, orgulha-se Benedito Teodoro Martins, 75 anos, morador do Mary Dota há 8 anos.

 

Vila Falcão


Precisou pagar uma conta? Na Vila Falcão você pode escolher entre os principais bancos do País. Precisou fazer compras no supermercado de última hora? Sem desespero. Na Vila Falcão há uma unidade de uma das principais redes de supermercado existentes na cidade. Precisou de um presente de última hora, de um tênis novo, de um pão fresquinho para o café da manhã ou até mesmo de um centro velatório? Na Vila Falcão tem.


“É uma beleza. Tem de tudo por aqui. Não sinto falta de nada”, comenta Maria Aparecida Ponciano, que morou por muitos anos no Jardim Bela Vista e mudou-se para a Vila Falcão há uma semana.


Diferentemente de bairros como o Jardim Redentor e o Jardim Marambá, a Vila Falcão levou anos para conquistar o ‘porte’ de uma pequena cidade.


“A Vila Falcão é um bairro antigo, que criou uma identidade e que desperta a paixão de seus moradores. E é justamente esta identidade que valoriza o bairro e atrai o comércio e o serviço”, explica o antropólogo Cláudio Bertoli, professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru.


Esdras Teixeira Alves sabe bem o valor que a Vila Falcão tem em sua vida. Ex-morador do núcleo Nova Esperança, foi na Vila Falcão que ele decidiu investir e instalou sua sorveteria. O comércio que abriu as portas no local pela primeira vez no ano de 1989, tornou-se famoso e hoje é ponto de referência no local.


“Eu tinha uma sorveteria na avenida Rodrigues Alves, mas o prédio era alugado e precisei entregá-lo. Nesta época, estava a procura de um novo terreno para reabrir a sorveteria, foi quando encontrei esta área. Na época o bairro não era tão movimentado assim. Foi crescendo aos poucos”, conta ele, que, depois disso, morou por 15 anos no bairro.


De lá para cá, Esdras acompanhou a evolução do local.


“É um bairro ótimo. De uns anos para cá cresceu mais ainda com a chegada das agências bancárias. Tem mesmo porte de uma pequena cidade”, avalia.


Jardim Redentor


“O bairro foi crescendo aos poucos e a gente nem percebeu. Quando me mudei para cá, há 22 anos, tudo era muito diferente. O mercado era apenas uma portinha, as ruas eram de terra e quase não tinha comércio por aqui...”. O relato transcrito acima faz parte da recordação de Cláudio do Nascimento, 42 anos, morador do Jardim Redentor há mais de duas décadas e proprietário de um estabelecimento comercial situado no mesmo bairro.


Segundo ele, o Jardim Redentor era bem diferente do que é atualmente e só começou a ganhar a “cara” de cidade que tem hoje há cerca de 10 anos, quando o mercado passou por uma expansão e, aos poucos, os próprios moradores identificaram boas oportunidades de negócio nas ruas do entorno.


Atualmente, o bairro tem de tudo: lanchonetes, sorveterias, lojas de brinquedos, escritórios da advocacia, consultórios dentários, uma agência bancária, e até mesmo uma casa nordestina – considerada raridade na cidade.


“Até onde eu sei, só existem duas lojas que comercializam especificamente produtos nordestinos em Bauru: uma no Centro e outra aqui, no Redentor”, valoriza Cláudio, proprietário da loja.


Detendo tamanha exclusividade, Cláudio diz que teve motivos de sobra para instalar a casa nordestina no Redentor.


“Além de ficar perto da minha casa, é um bairro muito bom. Por aqui tem de tudo, o que facilita até mesmo para a loja. Outro fator positivo é que aqui no Redentor moram muitos nordestinos”, afirma ele, que acredita que a distância entre o bairro e o Centro ou a Zona Sul não é empecilho para seus clientes. “Imagine! Tenho clientes até mesmo de outras cidades”, revela.

 

Bela Vista


Tranquilo e completo, assim como uma pequena cidade. Talvez esta seja a melhor definição para o Jardim Bela Vista.


Formado no início da década de 20 por trabalhadores da ferrovia, em pouco tempo o bairro tornou-se reduto de famílias, virou caso de paixão e foi contemplado com estabelecimentos comerciais e de serviços dos mais variados tipos. Nesta toada e com o passar dos anos, apesar de estar localizado ao lado do Centro, o Bela Vista “proclamou” sua independência e assumiu ares de pequena cidade.


“Aqui tem de tudo. Não me mudo daqui por nada”, afirma Ronalda Ribeiro, 73 anos, nascida e crescida no bairro.


E se quem está dentro não quer sair, quem está de fora quer muito entrar. Um exemplo é a comerciante Juracy Cândida Alves, 50 anos. Vinda de Sumaré para Bauru para administrar uma banca de revista localizada na principal praça do bairro, a Praça dos Expedicionários, ela logo tomou gosto pelo bairro.


“A princípio, eu morava no Núcleo José Regino. Depois, com o tempo, fui conhecendo melhor o Jardim Bela Vista e me encantei. Hoje, não saio do bairro para nada. Há dois anos e meio morando em Bauru, se fui ao Centro duas ou três vezes é muito”, comenta.


E diferentemente dos outros bairros que se assemelham com pequenas cidades, no Jardim Bela Vista o comércio e os serviços não estão concentrados em uma única rua ou quarteirão, estão espalhados, pelos quatro cantos da “pequena cidade” que detém a mais bela vista da vizinha superdesenvolvida

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