Aceituno Jr. |
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Idalina Barbosa recebeu a visita de Samir Hadba. Ele disse que o filho é uma pessoa boa, mas revoltada. |
Um encontro, no mínimo, inesperado. Foi isso que a advogada Idalina Aparecida Lorusso Barbosa, 46 anos, viveu no último fim de semana. Ela ficou frente a frente com o pai do principal suspeito de ter atirado contra ela. Samir Hadba, pai do jovem Solon Prieto Hadba, visitou a vítima e teria, inclusive, pedido perdão. Na Justiça, a família da advogada conseguiu uma vitória: o inquérito contra o marido de Idalina, aberto por ele ter atirado contra os bandidos com uma arma que não era sua, foi arquivado (leia mais abaixo).
O crime ocorreu no dia 4 de setembro. A advogada e professora universitária foi baleada quando chegava a sua casa, localizada na quadra 2 da rua Evandro Ruivo, no Jardim Estoril 3. Ao abrir o portão da residência, a mulher, que é ex-policial militar, se deparou com três assaltantes armados.
Pouco antes, os bandidos já haviam rendido o marido dela, a filha de 15 anos e o filho de 18 anos. Dois dias depois do crime, Danilo Rodrigues dos Santos, 21 anos, foi preso e confessou a ação. Ele ainda teria identificado Alex Ferreira de Oliveira, de 23 anos, e Solon Prieto Hadba, de 21 anos. Ambos ainda estão foragidos.
No último domingo, o pai de Solon, Samir Hadba, visitou a advogada. Por telefone, ele confirmou que a visita realmente ocorreu, porém, não quis revelar o teor do encontro.
De acordo com o que o JC apurou, Samir teria pedido perdão a Idalina, chegando a afirmar que seu filho é uma pessoa boa, entretanto, “um pouco revoltada”. Procurada pelo JC, a advogada preferiu também não divulgar nenhum detalhe do encontro.
Ainda nesta semana, ela contou que foi ouvida oficialmente pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG), que continua em busca do paradeiro de Solon Hadba e Alex de Oliveira. Idalina Lorusso disse que está se recuperando bem, porém, ainda não voltou ao trabalho. “Minha licença termina em novembro. Como tenho uma vida muito ativa, é estranho ficar parada. Dou uma passadinha ‘de leve’ no escritório para ver como as coisas estão”.
Medo
Apesar da boa recuperação depois de ter passado mais de uma semana internada - inicialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) -, a vítima ainda convive com o medo. “Está sendo muito difícil para mim. Qualquer barulho, qualquer coisa, a gente já se assusta”, relata.
Idalina Lorusso ainda conta que a família não decidiu se vai mudar da residência onde tudo ocorreu. “É algo que não descartamos ainda. Já vínhamos pensando nisso antes do ocorrido. Justamente por insegurança”.
A tentativa de retomar a vida tranquila esbarra exatamente na lembrança do trio de invasores dentro de sua casa. “A casa da gente é o local onde vamos para relaxar. É onde nos sentimos seguros. Depois de tudo que passamos, fica difícil”, conclui a advogada Idalina Lorusso.
Inquérito contra marido da vítima foi arquivado na 4ª Vara Criminal
Além do assalto, outro fato chamou a atenção no crime e levantou grande polêmica. José Ferreira Barbosa Neto, 49 anos, marido da vítima, conseguiu se soltar e atirou contra o trio de ladrões. Porém, a arma usada era do seu pai e, por isso, o homem foi preso em flagrante, passou a noite no Plantão da Polícia Civil e só foi liberado após pagar R$ 690,00.
Ele responderia por porte ilegal de arma de fogo, contudo, de acordo com Idalina Lorusso, o inquérito foi arquivado na Justiça por se considerar “fato atípico”.
A advogada explica que a decisão foi tomada na 4.ª Vara Criminal. “Foi apresentada vasta jurisprudência de que o caso não se configura como crime de posse irregular de arma e tudo foi arquivado”, explica Idalina Lorusso.
De acordo com ela, até mesmo o valor que foi pago de fiança será restituído a José Ferreira Barbosa Neto.