Ciências

21.12.2012 - É o fim do mundo!


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Os maias viveram na América Central e México entre os séculos 2 a 16, antes da colonização do Brasil pelos portugueses. O auge de sua civilização foi entre os séculos 2 e 9, período em que estavam na vanguarda da humanidade. Seis milhões de maias ainda moram nos países da região como Guatemala, Nicarágua, El Salvador, México e outros.

As cidades maias eram estados independentes e concorrentes entre si e chegaram a ter 3 a 14 milhões de pessoas. Algumas cidades predominavam sobre outras, guerreavam e cada uma tinha seus reis. Por isto, nunca houve um império maia como os incas e astecas. A seca e a falta de comida assolaram suas cidades e, gradativamente, foram abandonadas, invadidas pela floresta e estão por lá como pontos turísticos.

]Os maias tinham uma escrita própria, ciência, cultura, arquitetura e artes desenvolvidas. Na matemática, usaram o número zero bem antes que os europeus, construíram pirâmides maravilhosas e tinham observatórios astronômicos para acompanhar a Lua, Vênus e Marte, mesmo sem telescópios.

A civilização maia não usou a roda, nem animais de tração como meio de transporte; não conseguiu desenvolver um razoável sistema de comunicação. Isto gerou administração ineficaz, agricultura improdutiva e desrespeito ao meio ambiente que os fizeram sucumbir. Quando os espanhóis chegaram, já eram poucos e pobres, em torno de 30 mil pessoas.

A partir de símbolos e hieróglifos, os maias construíram calendários e o mais usado tem a forma redonda sendo chamado de Conta Longa. Neste calendário foi possível marcar de 11 de agosto de 3.114 antes de Cristo até o dia 21 de dezembro de 2012, um ciclo de tempo de 1.872.000 dias ou 5.125,37 anos.

Nossas agendas e calendários marcam também os anos e até séculos, depois param de registrar, tem um limite. Na sua agenda até que ano vai o calendário? Depois deste limite marcado pelo calendário Conta Longa, os maias iriam refazer o calendário adaptando-o a um novo ciclo para marcar o tempo. Mas sua cultura foi dizimada e o calendário Conta Longa caiu em desuso.

Apenas historiadores, cientistas, arqueólogos e místicos conhecem o calendário Conta Longa. Os místicos acreditam até que extraterrestres viveram entre estes povos antigos. Os maias sobreviventes perderam a união com o passado e os calendários e símbolos ganharam conotação histórica. O calendário Conta Longa parou de ser consultado e renovado, deixou de ser referência para as pessoas.

"O fim do mundo"

Os cientistas e os místicos detectaram que a marcação do tempo no calendário Conta Longa termina no dia 21.12.2012. Pronto! Isto foi suficiente para místicos, sensacionalistas e os de fácil credo, interpretarem e anunciarem que neste dia o mundo vai acabar. Fala a verdade, isto é o fim do mundo!
São mais de 4 mil sites, livros e artigos sobre o fim do mundo previsto pelos maias. No livro "As profecias maias para 2012" de Gerald Benedict, o mundo antes do fim será castigado por tsunamis, tormentas, furações e o desconhecido planeta Nibiru colidirá com a Terra. Os planetas e o Sol se alinharão com o centro da Via Láctea e uma nova humanidade se instalará com pessoas mais conscientes; as guerras acabarão e o materialismo deixará de existir.


Se for tudo isto, eu quero este fim do mundo!

Quem começou esta história de fim do mundo previsto pelos maias foi o historiador e artista estadunidense José Arguilles ao lançar o livro "O Fator Maia" há 25 anos. Em 1987, ele misturou calendário maia com filosofia chinesa, cultura new age com genética e fez um encontro chamado "Convergência Harmônica" para iniciar a contagem regressiva até o dia 21.12.2012.

Para o astrônomo e antropólogo Anthony Aveni da Colgate University, os maias tentavam prever como estariam após ciclos de tempo de 20 anos. Nunca fizeram previsões de apocalipse. Em maio, na revista Science, o arqueólogo Willian Saturno, junto com Aveni, relataram que em murais maias do século 9, na Guatemala, haviam cálculos sobre a trajetória da Lua, Vênus e Marte para 6.708 anos, muito além de nossa época!

Não há uma mínima evidência científica de que os maias tenham citado o fim do mundo. Mesmo assim, uma pesquisa do Instituto Ipsos, em maio, revela que 14% das pessoas em 21 países acreditam que viverão o fim do mundo em dezembro com o fim da marcação do tempo pelo calendário maia.

Raul Seixas diria: ... parem o mundo que eu quero descer! E eu gritaria: ... espere Raul, eu vou com você!

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