Em cumprimento a um plano nacional de centralização das chamadas áreas-meio, o Banco do Brasil irá encerrar as atividades da Gerência de Reestruturação de Ativos Operacionais (Gerat) em Bauru. O órgão, responsável por negociar dívidas de grandes financiamentos contraídos na região, será transferido para Ribeirão Preto em breve, em data ainda a ser definida.
A informação foi confirmada ontem pela Diretoria de Reestruturação de Ativos Operacionais da instituição, em Brasília, e já era de conhecimento do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, que demonstrou preocupação quanto ao destino dos 22 funcionários vinculados à unidade. Além da Gerat de Bauru, o banco também confirmou a extinção da gerência de Sorocaba.
No Estado, serão mantidas as sedes de São José do Rio Preto, Campinas, São Caetano do Sul, Ribeirão Preto e São Paulo, além de uma unidade em São José dos Campos, ainda a ser instalada. “A centralização tem como objetivo a especialização das estruturas para um atendimento em âmbito nacional. A partir da maior padronização de processos, teremos ganho de produtividade”, destaca Gláucio Henrique, gerente executivo da Diretoria de Reestruturação de Ativos Operacionais.
O Sindicato dos Bancários discorda e afirma que a reestruturação irá burocratizar o trabalho de negociação de dívidas para os funcionários e os inadimplentes. Segundo Paulo Tonon, um dos diretores da entidade, o Banco do Brasil comete um “erro de logística” ao pensar na redução de custos no curto prazo. “O processo todo vai ficar mais demorado”, observa ele, que disse ter recebido a informação de que a Gerat de Bauru será fechada no prazo máximo de seis meses.
Salários
Mas, para o sindicato, a maior preocupação refere-se à manutenção dos salários dos funcionários, já que a grande maioria deles atua em cargos de comissão. Dos 22 postos de trabalho da Gerat de Bauru, aproximadamente 20 – entre gerentes, assistentes e analistas – são comissionados, conforme apurou a reportagem.
Com a extinção destas funções em Bauru, eles poderão optar pela transferência para outros municípios, com a possibilidade de assumirem cargos semelhantes e, assim, manterem os rendimentos, que giram em torno de R$ 6,5 mil. Mas, caso preferirem ficar na cidade, outras saídas seriam voltar a receber o salário inicial de escriturário, que é de cerca de R$ 1,8 mil, ou ainda aderir ao plano de demissão voluntária do banco, que segue até o final da próxima semana.
“Vamos tentar negociar esta realocação em Bauru sem perda de rendimentos, mas, em princípio, para ficar na cidade, eles perderiam a comissão”, avalia Tonon. Segundo o gerente executivo Gláucio Henrique, a manutenção dos salários dependerá “da disponibilidade de cargos na praça de Bauru”.
O enxugamento de áreas-meio do Banco do Brasil é um processo que vem se desenrolando há muitos anos e Tonon lembra que, historicamente, os funcionários têm conseguido a transferência para outros cargos sem reduções significativas de rendimento. Ainda de acordo com o diretor do sindicato, além das sedes de Bauru e Sorocaba, também serão fechadas as portas das unidades menores da Gerat de Botucatu e Marília.
Enxugamento em 15 anos
O fechamento de unidades do Banco do Brasil em Bauru vem sendo divulgado pelo JC nos últimos 15 anos. Em 1997, a instituição financeira fechou as portas do Centro de Processamento de Dados (Cesec), que foi transferido para Campinas. Na época, alguns funcionários também foram realocados para aquele município.
Dez anos depois, o banco anunciou o encerramento das atividades da Gerência Regional de Logística (Gerel) de Bauru, que oferecia suporte às agências bancárias, tais como realizar cotação de materiais para eventuais compras, projetos de engenharia e contratação de serviços.
Na próxima semana, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região pretende realizar um ato de repúdio à extinção da Gerência de Reestruturação de Ativos Operacionais (Gerat) na cidade.