Ciências

Assim nasceram este lugar e um livro!

Alberto Consolaro
| Tempo de leitura: 4 min

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Cássia Eller gravou a música “Queremos Saber”, de Gil, que deu origem ao nome do livro “Queremos Saber!”

Todas as semanas me permito sentar no chão de uma montanha bem alta para observar os vales e montes. No pico vejo o solo e a vegetação para checar o que a energia do tempo, sol, vento e chuva modificou. SAlberto Consolaroempre quis esta rotina, mas achava a montanha muito grande invejando as nuvens que tocavam seu cume: será que conseguiria?

Trabalhando no pé da serra, eu subia riachos, caminhos e estradas. Em cada um ora explorava as margens, ora acompanhava o fluxo e tentava descobrir por onde chegavam e como partiam. Até cachoeiras, abismos e armadilhas descobri nestas aventuras!

Os rios inevitavelmente dirigem se para o mar! Alguns com longas curvas e caminhos tortuosos como o Tietê, mas suas águas acabam chegando ao mar. Estradas correm para o movimento, para o centro e caminhar, como navegar, é preciso. Fui caminhando e aprendendo.

Fui percebendo a semelhança entre a água e o vento: mudam e adaptam-se abraçando e incorporando o que encontram, inclusive os obstáculos e sem que percebam: mudam a si e às coisas! Os caminhos e o rios me revelaram como chegar ao pico da montanha.

Sempre tive o cuidado de ir e vir, quase caminhando em círculos e, a cada dia, aumentava a caminhada. Na verdade, não foi tão detalhadamente planejado, mas foi acontecendo intuitivamente, uma coisa incrível. O tempo passava e a abrangência foi aumentando até que um dia perguntei: por que só alargar o círculo, vamos também subir, explorar a altitude e descobrir as belas vistas panorâmicas da montanha chamada Ciência.

A cada subida no cume da montanha descia inquieto: Pra quê? Por quê? Descobri que queria falar, contar, dividir o que via e aprendia e discutir o que refletia, mas sem verdades absolutas que só existem nas mentes autoritárias. Desta forma assumi: toda semana vou contar um pouquinho do que vi em cada subida da montanha: assim nasceu a vontade da coluna Ciência no Dia a Dia.

Cada dia que vivia, e vivo, no mínimo é uma poesia! A cada dia uma música. Em cada uma tem ciência que incidia, e incide! Não sei viver sem música e poesia, mesmo que escondidas e fugidias, procuro inserir-me nela ou ser inserido por ela. Mesmo que impossível identificar, elas estão no meio de tudo que procuro fazer.

Certo dia a morte veio para alguém; como de hábito revejo sua obra e redescobri uma pérola no fundo do porta-joias chamado Cássia Eller. “Queremos saber” era a música, a inspiração faltante para a tomada de decisão de uma mente falante.

“Queremos saber, o que vão fazer com as novas invenções. Queremos notícia mais séria sobre a descoberta da antimatéria e suas implicações na emancipação do homem, das grandes populações, dos homens pobres das cidades e das estepes dos sertões. Queremos saber quando vamos ter raio laser mais barato. Queremos, de fato, um relato, retrato mais sério do mistério da luz, luz do disco voador pra iluminação do homem tão carente, sofredor, tão perdido na distância da morada do senhor. Queremos saber. Queremos viver confiantes no futuro. Por isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão, a ilusão do poder, pois se foi permitido ao homem tantas coisas conhecer é melhor que todos saibam o que pode acontecer. Queremos saber, queremos saber, queremos saber, todos queremos saber.”

Depois de reuniões no Ministério da Educação em Brasília, cansados, reuníamos no final da tarde no restaurante da Academia de Tênis, um hotel. Um dos amigos chegava e, todos os dias, depois de deixar seus pertences no apartamento, impressionado, dizia: - perto do meu quarto tem um menino que canta muito bem! Precisam escutar. No quarto dia, meio assustado, contou: eu vi o “menino” cantando, era o Gilberto Gil, então ministro da Cultura. A música “Queremos Saber” foi composta por Gil e contei toda esta história para ele e, junto com o amigo Franklin no Rio de Janeiro, o provoquei se toparia prefaciar o livro “Queremos Saber!” com os artigos e crônicas do JC: aceitou na hora!

Assim, contei os devaneios que levaram à criação da Ciência no Dia a Dia e como surgiu o livro que comemora três anos ininterruptos da jornada de todas as segundas. Obrigado leitor pela paciência, compreensão, críticas e sugestões!

E ainda tenho a desfaçatez de convidá-los para o lançamento oficial do livro no dia 23 de julho, às 20h, no Teatro Municipal onde faremos uma aula-show, haverá um debate e uma exposição artística de Sueli Dabus, além de um coquetel. Apareçam!

PS: Amanhã estarei apresentando o livro em entrevista no Programa do Jô!

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