Google e Yahoo! reagiram às denúncias publicadas pelo jornal norte-americano “Washington Post” de que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) se infiltrou nos centros de dados das duas empresas, gigantes globais da Internet.
Em comunicado, o Google manifestou “indignação” diante das notícias, que são baseadas em documentos revelados pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden, de que a agência acessou milhões de registros de usuários de Internet. “Não provemos a qualquer governo, incluindo o americano, com acesso a nossos sistemas. Estamos ultrajados com o quão longe o governo (dos EUA) parece ter ido para interceptar dados de nossas redes privadas de fibra (ótica), e isso sublinha a necessidade de reforma urgente”, continuou.
“Sempre estivemos preocupados com a possibilidade desse tipo de espionagem, motivo pelo qual continuamos a estender a criptografia entre mais e mais serviços e links do Google”, disse David Drummond, chefe de aspectos legais da empresa.
O Yahoo! também negou que a empresa forneça acesso aos dados de seus usuários ao governo americano.
Keith Alexander, diretor da NSA, negou a reportagem do jornal. “Isso seria ilegal. Não temos acesso aos servidores. Trabalhamos sob ordem judicial”, disse.
Em nota, a NSA não falou diretamente sobre o assunto, mas disse que havia se focado em captura de dados “estrangeiros”, segundo o “New York Times”. Também disse não ser verdade que estaria coletando “vastas quantidades” de dados de americanos por meio desse método.
Segundo os documentos que vieram à tona, a NSA interceptou texto, áudio, vídeo e outras informações provenientes de centenas de milhões de contas de usuários, muitos dos quais eram americanos, por meio do grampo. Além do Google, cabos do Yahoo! teriam sido espionados.
A ferramenta para a exploração dos dados, chamada de Muscular, seria operada em parceira com a agência de espionagem britânica GCHQ.
No mesmo dia das revelações, o Google e o Yahoo! disseram não saber dessa captura de dados.
A revelação aconteceu horas depois de uma delegação da inteligência alemã ter aterrissado em Washington para conversar com a Casa Branca sobre as alegações de grampo do celular de Angela Merkel, chanceler da Alemanha.
Isso vem gerando uma crise diplomática de grande magnitude. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que, caso seja verdade que a Espanha também foi alvo de espionagem, isso seria “inapropriado e inaceitável entre parceiros.”
A ONU disse que recebeu confirmações de que não era espionada pela agência de inteligência americana, diz a BBC.
Embaixadora dos EUA no Brasil defende diálogo
A embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde, sinalizou ontem que a crise diplomática entre seu país e o Brasil é delicada, mas pregou diálogo para o impasse.
Ela entregou à presidente Dilma Rousseff na manhã de ontem no Palácio do Planalto suas cartas credenciais - um ato em que novos embaixadores no país são formalizados no cargo, com o consentimento presidencial. Ayalde está no Brasil nas funções de embaixadora norte-americana desde setembro passado, quando sucedeu Thomas Shannon na função.
A Folha mostrou ontem que a reclamação direta da chanceler alemã, Angela Merkel, contra o grampeamento de seu telefone celular mudou a retórica do governo americano