Há uma diferença muito grande entre boca e vagina, e aí mora o perigo! Quem corre mais risco de contrair doenças infecciosas: cirurgião dentista ou ginecologista? Qual é a parte mais contaminada e exigida quanto à resistência: boca ou vagina?
Na boca temos os dentes, gengivas, língua e por ela passam o ar, alimentos, medicamentos e muitos produtos químicos. Na vagina, quase nada disto existe! A boca fica exposta, aberta e funcionando o tempo todo, enquanto a vagina, se expõe apenas de vez em quando: protegida e escondida!
Amar é arriscar e confiar absolutamente no outro! Amar implica em olhar no fundo da alma e dizer: minha vida está em suas mãos! Se não for assim, a relação se transforma em negociação como outra qualquer, e não em verdadeiro amor. Só o verdadeiro amor ou a ignorância absoluta faz uma pessoa beijar a boca de outra, imiscuindo-se língua com língua, misturando-se as salivas, esfregando-se mucosa com mucosa; até dentes e úvulas interagem. Uau!
Na linguagem científica, beijar na boca é misturar e trocar a rica microbiota e seus trilhões de microrganismos. A mucosa descama milhares de células que sobrenadam pela saliva. Na superfície da língua e dentes, a saburra ou biofilmes microbianos estão como películas aderidas com incontáveis restos alimentares e se soltam durante o beijo. Um engole a saliva do outro: que gostoso!
O ar respirado pelas duas bocas trás os vírus, bactérias, fungos e parasitas dos pulmões e outras partes que si misturam em rodamoinhos durante o beijo. Uma loucura! A saliva bebida e trocada transforma-se em néctar do amor com trilhões de vírus, bactérias, fungos e parasitas.
No coito, órgãos sexuais e superfícies mucosas regulares se entrelaçam e secreções se misturam, mas nada comparável com a complexidade de uma boca. No coito, não tem língua, nem dentes! Beijar na boca é íntimo, requer plena confiança; já transar, nem tanto! As prostitutas sabem disto há milênios: beijar na boca apenas namorado ou marido. Se for profissional, não beija na boca, apenas as amadoras, aprendizes ou incompetentes fazem isto!
Quem mais se contamina no sexo oral: a boca ou a vagina? O ginecologista com suas luvas, máscaras e óculos examina a paciente, mas não se submete a nenhum spray de motor de alta rotação, não joga águas em jatos, nem seus olhos e face são atingidos por partículas de materiais e produtos da boca e dentes. Isto acontece com o cirurgião dentista!
No cirurgião dentista há contaminação corporal, de roupas e acessórios: se sair assim e for para casa ou banco, estará obviamente colocando em risco muitas pessoas como os familiares queridos. Com ele poderão ir para casa os vírus da Aids, HPV, hepatites B e C, herpes, gripe e resfriado, além de bactérias da tuberculose, conjuntivite, sinusite e tonsilites. As roupas lavadas com as da família formam um caldeirão contaminante no tanque ou na máquina!
Esperma na boca!
Um exemplo de informação pseudocientífica está agitando a mídia e a mente das pessoas sexualmente ativas, especialmente os mais jovens e adolescentes.
O esperma na boca preocupa muitas pessoas! As substâncias que geleificam o esperma com 60 a 120 milhões de espermatozoides por/ml não tem microrganismos, a não ser que o homem esteja doente como os HIV positivos que podem liberar o vírus no esperma em pequena quantidade. Bactérias estão presentes no esperma apenas quando se tem doenças.
Se confiar no parceiro se pode até engolir ou bochechar o esperma, mas em nenhuma hipótese vai clarear/branquear os dentes ou ganhar peso por isso. O esperma não é ácido (pH=8,1 a 8,4) e não contem peróxido de hidrogênio para atuar sobre os dentes. Para clarear dentes, o pH tem que ser baixo!
Pela quantidade muito pequena (3,5 a 5ml) de esperma se ingerida, não dá para engordar. Seu sabor é acentuado e salgado. Outra coisa: embora tenha alguns tipos de açúcares para dar energia aos espermatozoides, o esperma não é cariogênico.
Muitas pessoas se inquietam, mas ficamos assim: 1) Engolir esperma pode, mas se o parceiro for casual ou promíscuo, arrisca-se contaminar com bactérias ou vírus, pois quem vê cara, não vê a qualidade do esperma! 2) Esperma não engorda. 3) Na boca, o esperma, de forma alguma, clareia os dentes!
Esperma ou sêmen no grego significa “semente”! Vagina vem de vagem: onde se colocam as sementes! Mas... na boca, esperma não fecunda ninguém! Então... divirtam-se, mas conscientemente!
Observatório
Esperma e clareamento dentário? - Mais de 500 sites, numerosos jornais e revistas do Brasil e do exterior, aparentemente sérios, reproduziram a notícia “Cientistas provam que sêmen humano clareia os dentes”. De tão absurdo, alguns meses atrás, nem considerei esta possibilidade e encarei como uma piada, simplesmente ignorei o assunto. Nos últimos meses e semanas, o assunto ganhou uma grande dimensão na mídia e muita gente escreveu, perguntou verbalmente e até assistiram uma pergunta no programa Altas Horas de Serginho Groisman em que o assunto foi abordado, embora não tenha sido respondido de forma esclarecedora ou enfática.
Eis a mentira! - A informação é falsa em todos os seus sentidos e com certeza foi um brincadeira que ganhou outras dimensões inesperadamente pelos autores que são desconhecidos do público em geral. O protocolo de tratamento seria colocar o sêmen humano na boca três vezes por semana, em períodos de 15 a 20 minutos, por um período de 21 dias. O resultado seria 46% melhor do o clareamento convencional.
Provas da mentira! - Os pretensos cientistas, segundo a notícia, publicaram o trabalho na prestigiosa revista “Science” do mês de janeiro como professores e pesquisadores da Universidade de Cambridge liderados pela Dra. Tiffany Gollinger Field. Desmontando a mentira: 1. A “Science” é semanal e não mensal; 2. Nos últimos 4 janeiros nenhum trabalho com este tema foi publicado nela; 3. A Dra Tiffany Gollinger Field não foi encontrada e na Universidade de Cambridge ninguém a conhece. Quem publicou a notícia como séria, indica que não checou a veracidade da informação, o que é muito grave do ponto de vista jornalístico.