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'Estudei com professores míticos dessa cidade', diz Briani |
“Bauru do Ciente, das festas e bailes do Tênis Clube, do Luso, da Hípica, o bar do Automóvel Clube... a padaria da Lalai aos sábados, quando o ‘footing’ corria solto na Batista; não só a pé, mas também o desfile de carros com tala larga, os Opalas ‘Envemo’, os ‘Corcéis Bino’ dirigidos pelos nossos ídolos da época, os mais velhos que já tinham 18, 20 anos e tinham carta de motorista, a maioria estudava na Fundação. Nós vimos nascer o Fran’s Café, o Capristor, o G Petisco. Não podemos esquecer os drive-ins do aeroporto, da travessa da Batista de Carvalho, onde se namorava dentro do carro... tempo ingênuo e sem muitos problemas de segurança...”
Essas são algumas das recordações sobre Bauru, precisamente entre 1967 até 1973, época em que o artista Carlo Briani viveu na cidade. O italiano nascido em Strá, Veneza, mudou-se para Brasil com os pais em 1966. “Meu pai se estabeleceu, na verdade, em Agudos, onde mora até hoje, e vim para Bauru estudar. Por isso, minha vida se transferiu totalmente para Bauru”, conta o ator.
Em mais de 30 anos de carreira, Carlo Briani já fez um pouco de tudo. De uma família italiana de produtores de vinho, se tornou o ator que já atuou em 20 novelas dos principais canais brasileiros; já atuou em inúmeras peças de teatro e em diversos filmes para cinema, incluindo grandes sucessos de público e crítica, como Oriundi e Estômago.
Os trabalhos mais marcantes, conforme lista, foram as novelas “Direito de Amar” e “Roda de Fogo”, na Rede Globo; “Meus Filhos, Minha Vida” e “Rosa com Amor”, do SBT, além de “Estrela de Fogo” e “Escrava Isaura”. “E o personagem Domenico da Louca Paixão, da Record” cita. No cinema, considera importante o trabalho feito no filme “Estômago”. No teatro, as peças “Três Homens Baixos” e “La Mamma” são destaques. “Em Bauru, até o momento, fiz a peça ‘Tal Pai Tal Filho’, que foi um sucesso, fizemos várias sessões, todas lotadas. Fui muito bem recebido pela cidade que considero parte importante da minha vida”, ressalta.
Talento daqui
E, quem diria que foi em Bauru que este artista daria os primeiros passos na carreira? “Foi em Bauru que eu comecei a fazer teatro amador no Sesc. Era um grupo chamado ‘Gruta’, Grupo de Teatro Amador, e chegamos a encenar uma peça escrita e montada por nós num teatro perto da velha fábrica da Sambra. Foi lá que peguei o bichinho do Teatro e nunca mais o deixei”, relata.
Amante do teatro, Carlo também estudou química industrial, na escola de Química Industrial na ITE. “Na época, considerado um dos melhores colegiais da América Latina”, recorda-se ele, que faz questão até de citar os nomes de seus professores. Memória boa, não?
“Estudei com professores míticos de Bauru, Gerson Trevisani - o Duda do Preve, o professor Escucuglia, o Fernando, Purini, Cardoso, Kuniu, Zé Luiz, e muitos outros”.
Ítalo-brasileiro
Em seus mais de 30 anos de carreira, Briani interpretou vários personagens italianos, afetuosamente reconhecidos pela comunidade italiana no Brasil. Sua vasta experiência, também por trás das câmeras e palcos e na execução dos mais diversos projetos culturais e de entretenimento, fazem de Carlo Briani um dos principais ícones da herança italiana no Brasil.
“Eu sempre fui e voltei, e sempre vivi nos dois países praticamente. Quando terminei a ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing - em São Paulo, resolvi me dedicar profissionalmente ao teatro e cinema, que até então era exercido como uma atividade paralela. Fui para a Itália fazer o ‘Centro Sperimentale de Cinematografia de Cinecittá’, em Roma, e cursei a ‘Accademia di Arte Drammatica A. Fersen’, também de Roma”, conta Briani.
Nesta oportunidade, o artista ainda fez vários cursos e estágios com Federico Fellini no filme “Citta delle Donne - Cidade das Mulheres”; com Terence Young (o diretor dos primeiros “007”) e com Lina Wertmuller, Audrey Hepburn, James Mason e Omar Shariff.
Depois desta temporada acadêmica, ele conta que trabalhou no Brasil de 1981 – quando fez sua minha primeira novela, “Os Emigrantes”, de Benedito Ruy Barbosa – até 1987 (ano da novela “Direito de Amar”). “Em 1988, voltei para a Itália como diretor artístico da “Telemontecarlo”, das Organizações Globo – TV de Estado do Principado de Mônaco de língua Italiana. Neste período, ganhei vários prêmios pela crítica especializada com os programas que realizei”.
Nesta época, na Itália, Briani também fundou e dirigiu um grupo teatral, o “Astolfo Brancaleone”, com o qual, durante três anos, recebeu o prêmio de melhor espetáculo do ano no Festival “Tutti in Scena”, de Roma. “Lá fiquei até a venda da emissora Telemontecarlo, em 1995, ano que fui trabalhar na Buena Vista, montando o embrião do que viria a ser o Disney Channel Itália. Voltei para o Brasil em 1997 e, desde então, estou aqui trabalhando na TV, teatro e cinema”.
O teatro
Sucesso de público e crítica, o trabalho mais recente é a peça teatral La Mamma, em que o artista encena três personagens. “Posso dizer que contracenar com amigos é maravilhoso. Já tinha trabalhado com a Rosi Campos em outro espetáculo, ‘A Saga da Bruxa Morgana’, com o Leonardo Miggiorin na novela ‘Essas Mulheres’ e a Debora Gomez foi uma boa surpresa. Devo dizer que é um elenco muito afinado e em sintonia e, junto com o texto, que é muito bom. Essa equação só podia ser sucesso!”, discorreu. “Quem sabe o ‘La Mamma’ não venha o ano que vem para Bauru?”.
E os planos para a carreira? Com energia de sobra, o ator responde. “Vamos continuar ‘La Mamma’ no ano que vem. Farei o próximo filme do diretor Marcos Jorge, estamos com um projeto teatral junto com a Rosi Campos, além de um trabalho na Itália com os produtores do filme ‘Em Busca da Felicidade’ do Will Smith e uma série para TV sobre uma super-mãe que sufoca o filho”, conclui.