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A água de Agudos e a melhor cerveja do Brasil

Sidney Aguiar
| Tempo de leitura: 2 min

Agudos é privilegiado por abrigar terras de grande atividade hidrológica, no munícipio estão localizadas as nascentes dos dois principais rios da região, o rio Batalha e o rio Lençóis, abrigando também a fábrica da cerveja mais famosa do Brasil.

Para entendermos se é mito ou verdade sobre essa lenda que se propaga por todo o país sobre a cerveja produzida no munícipio paulista de Agudos, precisamos entender sobre a principal matéria-prima de fabricação da bebida mais popular do Brasil, a água e suas funcionalidades no processo. A cerveja pode ser produzida a partir de vários cereais como arroz, milho e cevada, mas a água é a matéria-prima fundamental que, em hipótese alguma pode ser alterada e obrigatoriamente deve ser de excelente qualidade. Desse modo, 90% de suas características são decorrentes da água utilizada.

No passado, as cervejas austríacas eram tidas como as melhores do mundo e ainda hoje, estão entre as primeiras do ranking mundial. Toda essa fama é resultado do pioneirismo europeu em desenvolver as melhores cervejas com as melhores águas. Se a Europa tem as melhores cervejas do mundo, Agudos tem a fama de ter a melhor do Brasil. Embora tudo isso pareça um mito ou uma tática de marketing, não podemos ignorar as diferenças presente nos sabores, analisadas por quem mais entende, os consumidores.

Os processos utilizados na produção da bebida devem manter as características físico-químicas e organolépticas originais da água.

Muito embora haja uma explicação dada por alguns renomados mestres cervejeiros, sobre os diferenciais, temos que entender o que a química diz; que a água é o maior condutor de íons e que esses íons são estruturas minerais inquebráveis que sempre mantém suas características independentemente do estado.

A única forma de deixar vários tipos de águas uniforme é através da desmineralização pelo sistema de osmose (retirada total dos minerais por uma membrana semipermeável), entretanto, isso inviabiliza todo o processo de fabricação uma vez que, a ausência total dos minerais na água tornaria o produto sem sabor e sem caraterísticas.

Talvez isso fosse o grande segredo que o Dr. Fritz Weber, grande mestre cervejeiro austríaco, trouxe na bagagem, quando desembarcou no Brasil para procurar uma água ideal para a fabricação da antiga Cerveja Vienense, encontrando nas águas geladas do Pilintra, a composição ideal para fabricar as primeiras cervejas de Agudos, no início da década de 1950.

Certamente o esforço do Dr. Fritz alcançou seu objetivo escolhendo a água do Pilintra para fabricar, na época uma cerveja bem próxima da europeia, e atualmente, a melhor cerveja do Brasil. Como os processos de fabricação seguem um padrão, podemos afirmar que, indiscutivelmente, a água se torna um diferencial na percepção organoléptica do produto final.

O autor, Sidney Aguiar, é especialista em Sustentabilidade Corporativa e Gestão de Projetos

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