Assim que acontece, é manchete na mídia. Com o passar do tempo, vai perdendo espaço. Paulatinamente, até cair no esquecimento. Com o caso esclarecido ou não. Exemplos marcantes são os aviões desaparecidos, tanto o da Varig, em 1979, quanto o da Malaysia Airlines, recentemente.
Um dos desaparecimentos mais intrigantes foi o de um avião militar que ia da Inglaterra para Paris, em 1944. Isto porque nele viajava uma pessoa famosa, lembrada até hoje, decorridos 70 anos: Glenn Miller. Maestro, compositor e instrumentista, ele participou ativamente da Segunda Guerra Mundial. Nela não disparou nenhum tiro. Não matou nenhum inimigo. Sequer feriu alguém, já que "lutou" bravamente empunhando apenas o seu trombone.
Exatamente o que você leu, prezado leitor: nomeado capitão do Exército norte-americano, Miller foi transferido para a Força Aérea, onde criou a Glenn Miller Army Air Force Band, que fazia shows para os soldados, tentando amenizar as agruras da guerra e elevar o moral da tropa. Foram cerca de 800 apresentações.
Em 15 de dezembro de 1944 o músico embarcou em um monomotor militar para ir da Inglaterra a Paris. No dia seguinte a banda faria uma apresentação de Natal e ele se antecipou para cuidar da transmissão do show pelo rádio. No dia 16 os músicos chegaram a Paris e não encontraram o maestro, cujo avião havia desaparecido misteriosamente, sem deixar qualquer vestígio. Pois bem: em 2003, um oficial da Força Aérea norte-americana que pilotara o poderoso bombardeiro B-50, sentindo que estava à beira da morte, convocou a imprensa para fazer uma revelação estarrecedora. Afinal, ele não queria levar para o túmulo o segredo que o atormentara durante 60 anos. E contou o seguinte: "Certa madrugada o esquadrão partiu para executar mais um bombardeio.
Ao chegar ao local, deparou-se com um problema grave: a visibilidade era nula. E sem enxergar, o ataque seria um desastre: centenas de civis inocentes seriam mortos. A missão foi abortada. Mas havia outro problema: os poderosos B-50 estavam proibidos de aterrissar portando aquela carga tão perigosa. Uma pequena falha e tudo iria pelos ares. A ordem era clara: "desovar" as bombas em um local seguro. A operação foi realizada com sucesso. Mas houve um porém: naquele momento o esquadrão cruzava com um pequeno avião militar norte-americano, voando em altitude inferior, que foi atingido e pulverizado pelas bombas. Dentro dele estava Glenn Miller".
O maestro morreu. Mas, 70 anos após a sua morte, a sua música continua viva. Viva e animando os bailes da vida. Tanto que, quando qualquer orquestra anuncia "agora com vocês o som de Glenn Miller", a reação é imediata. E os casais deslizam pelo salão ao som de Moonlight Serenade, String of Pearls, In The Mood e tantas outras. O que faz brotar um sorriso de satisfação no rosto de Glenn Miller!
O autor é advogado aposentado.