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Entrevista da semana: Luiz Toledo Martins

Ana Paula Pessoto
| Tempo de leitura: 6 min

Ele nasceu em uma família simples de Guaianás, distrito de Pederneiras, e chegou a Bauru aos 15 anos de idade. Perdeu os pais cedo, mas levou a sério o que aprendeu com eles: “Valorizar os estudos. E todos temos curso superior. Trabalhamos durante o dia e estudamos à noite. Um foi cuidando do outro”, narra o entrevistado de hoje: Luiz Toledo Martins, contabilista e advogado.

Casado (ele tem quatro filhos e 11 netos), ele é fundador e presidente do Grupo Mass, com a empresa Martins Assessoria Contábil e Empresarial como a pioneira do grupo, criada há mais de 40 anos. O grupo desenvolve atividades fiscais, contábeis e trabalhistas, entre outras, e conta com mais de 30 funcionários.

Considerado um expert em estatutos, ele levanta a bandeira de entidades assistenciais e é o responsável pela criação dos estatutos de boa parte dessas fundações, em Bauru. Procurador jurídico da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru, ele trabalha na instituição há 32 anos e já foi, inclusive, vice-presidente da casa. Leia mais. 

JC - Quando o senhor chegou a Bauru?

Luiz - Sou filho de sapateiro e minha mãe era funcionária pública federal. Ambos faleceram muito cedo, deixando nove filhos. Mas todos nós fomos orientados a valorizar os estudos. E todos temos curso superior. Trabalhamos durante o dia e estudamos à noite. Um foi cuidando do outro. Minha mãe trabalhava nos Correios de Cabrália Paulista e foi transferida para Bauru quando eu tinha 15 anos de idade. Ela faleceu um ano depois. E, meu pai, um ano depois dela. 

Jornal da Cidade  - Por que a faculdade de Direito?

Luiz Toledo Martins - Meu primeiro emprego foi como office boy em  um escritório de contabilidade, mas ajudei muito o meu pai a engraxar sapatos. Já a faculdade de direito veio em razão de eu ser técnico em contabilidade e perito judicial com especialidade em concordata e falência. Eu já estava casado quando voltei para as salas de aula. Fiz a faculdade na Instituição Toledo de Ensino (ITE) para complementar e especializar minha atividade profissional.  

JC - O Grupo Mass é formado por quantas empresas?

Luiz - São quatro. A pioneira é a Martins Assessoria Contábil e Empresarial, há mais de 40 anos no mercado. Também temos a Toledo Martins Advogados Associados, a Toledo Martins Corretora de Seguros e a Step Consultoria Gestão Empresarial. 

JC - O senhor atua há décadas na Apae, certo?

Luiz - Sim. Sou procurador jurídico da Apae e já fui vice-presidente. Estou há 32 anos na instituição. Tudo começou com a prestação de serviços ao Lions Club Norte de Bauru, onde aprendemos a servir a comunidade carente da cidade. Eu fui me envolvendo e me especializando no terceiro setor.

JC - Hoje o senhor é considerado um “expert” em estatutos.

Luiz - Eles são fundamentais para a segurança jurídica de instituições e funcionam como um “porto seguro” e guia para a atuação legal de entidades. Eu fiz o estatuto de quase todas as entidades filantrópicas da cidade. Através do estatuto, é instituída a finalidade e atividade sem fins lucrativos. E a entidade consegue a isenção do governo federal na parte patronal, de empregados... Então o meu trabalho consiste em dar assistência contábil e jurídica a essas entidades. Também contribuo com o desenvolvimento da cultura bauruense. Minha filosofia de trabalho sempre foi a dedicação à filantropia. Em 2001, eu fui presidente da Associação Hospitalar.

JC - Bauru é uma cidade solidária?

Luiz - Sim. A Feira da Bondade é uma demonstração da ativa participação da comunidade bauruense na causa solidária. A Festa do Sanduíche Bauru, no aniversário da cidade, também.  

JC - Sobre a família.

Luiz - Eu conheci a minha esposa por intermédio de um hobby antigo: o futebol. Eu jogava futebol amador e, certa vez, em um campeonato na Associação Hospitalar de Piratininga, eu a conheci. Ela estava na torcida, morava na cidade, e me mandou um correio elegante em uma quermesse. Tivemos quatro filhos e temos 11 netos. E alegria dos netos é brincar com o avô (risos). Educamos nossos filhos com a filosofia de sempre servir ao próximo. Uma de minhas filhas trabalha na rede de combate ao câncer há muitos anos. Outra foi voluntária em uma comunidade cristã indígena, em Tocantins. Cada um serve ao próximo de acordo com seus dons.

JC - Viajar é hobby ao lado dos esportes?

Luiz - É, sim. Ainda sobre o futebol, eu cheguei a ser campeão amador estadual pela Associação Atlética de Piratininga. Alguns de meus amigos partiram seguiram o esporte profissional. Sobre as viagens, eu viajo o mundo todo para conhecer novas culturas, o povo e o seu modo de viver.

JC - As pescarias são capítulos à parte?

Luiz - Sim. Eu viajei durante 16 anos ininterruptos com um grupo de amigos para o Pantanal. Nós construímos um rancho em Porto Esperança, mas a turminha foi ficando velha, alguns morreram e nós entregamos o rancho para o caseiro. Agora temos um sítio de recreação perto de Salto Grande, onde ainda pego os meus peixes.   

JC - Imagino que o senhor tenha colecionado muitas histórias de pescador?

Luiz -Ah, sim. Normalmente, quando entra um novato em um grupo de pescadores, ele sofre nas mãos dos mais experientes. E nós armávamos “ciladas” para os que entravam. Era uma espécie de “batismo”. Foram brincadeiras muito boas. Uma vez levamos um coronel comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo para pescar com a gente e ele era muito cuidadoso e gostava de “contar papo”. Os peixes são grandes lá no Mato Grosso e batem no barco e, para contar vantagem, já que ele não estava pegando nada, a gente pegou um pedaço de pau e ficamos batendo no nosso barco, como se fossem os peixes. E fazíamos uma festa, como se estivéssemos pegando um peixe gigante. E ele ficou louco (risos). Outra vez, ninguém estava pescando nada, quando eu cheguei com um dourado de uns nove quilos. Fui descansar como se estivesse cumprido meu dever. Mas, nisso, o cara de quem eu havia comprado o peixe chegou para receber o dinheiro. Meus amigos ficaram malucos comigo (risos).

    

JC - Quando o senhor passou a levantar a bandeira da filantropia?

Luiz - Eu decidi fazer do voluntariado uma bandeira porque eu vivi também meus dias de dificuldade, quando garoto. E, já atuante na sociedade, eu passei a notar as dificuldades das entidades assistências. É muito melhor a gente servir do que ser servido. Mas tudo é feito com a ajuda de parceiros e amigos. Recentemente, construí um quiosque na Apae com uma campanha feita junto com meus clientes, sobre o imposto de renda, e a parceria da Tilibra.

JC - Vejo muitos símbolos religiosos em sua sala...

Luiz - Sou um homem religioso, sim. Sou católico e participamos da equipe de casais Nossa Senhora durante 16 anos. Tivemos um encontro mundial na Espanha e fizemos um trecho do percurso de Santiago de Compostela, o que foi muito bom porque aprendemos muito. Frequentamos a Paróquia de São Cristóvão.  

Perfil

Nome: Luiz Toledo Martins

Idade: 78 anos

Local de Nascimento: Guaianás (distrito de Pederneiras)

Signo: Virgem

Esposa: Celina Graciana Martins

Filhos:

Hobby: Pescaria, viagens e esportes

Livro de cabeceira: “Cabana”, de Randal Rauser

Filme preferido: Gosto de filmes de Faroeste

Estilo musical predileto: Música clássica e orquestrada  

Para quem dá nota 10: Para o Papa Francisco

Para quem dá nota 0: Para o fanatismo existente na guerra Israel/Palestina 

E-mail: ltoledomartins@yahoo.com.br

 

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