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Calçadão faz 22 anos com o m² mais caro de Bauru

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 5 min

São apenas sete quadras e uma longa história, que guarda suas origens no início do século passado. Hoje, o Calçadão da Batista de Carvalho comemora 22 anos de existência e, mesmo diante de um momento econômico de desaceleração no consumo, ainda permanece com o posto de metro quadrado mais caro e disputado da cidade.

Diretor tributário da prefeitura, Francisco Mangieri revela que o valor de cada metro quadrado da Batista varia entre R$ 2,8 mil e R$ 4,5 mil. Os números consideram apenas a área territorial (sem incluir as construções) e referem-se aos valores venais que, segundo Mangieri, estão bem próximos da avaliação atual de mercado.

“Embora a última atualização da planta genérica tenha sido feita no final de 2013, há uma comissão formada por corretores de imóveis e técnicos da prefeitura que faz um trabalho de reavaliação permanente. Ou seja, estes números estão dentro da realidade”, comenta.

Ele explica que os cinco primeiros endereços que aparecem no ranking são corredores comerciais. Atrás do Calçadão estão a avenida Getúlio Vargas, com metro quadrado territorial avaliado entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, e a avenida Nações Unidas, com valores oscilando de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil. Em quarto lugar aparece a região do Bauru Shopping, com metro quadrado custando de R$ 900,00 a R$ 1,5 mil e, empatados em quinto, a alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla e a avenida Nossa Senhora de Fátima, com variação na faixa de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil.

Para se ter uma ideia, o valor do metro quadrado de condomínios de alto padrão de Bauru oscila entre R$ R$ 400,00 e R$ 900,00. “Os imóveis localizados nos centros comerciais conferem maior retorno financeiro para os comerciantes, e, por este motivo, tendem a ser mais caros”, completa Mangieri.

Por este motivo, em trechos específicos, áreas da zona sul podem se equiparar ou mesmo ser mais caras do que alguns endereços da Batista, como é o caso dos locais mais bem avaliados da Getúlio Vargas (em torno de R$ 3 mil), em comparação com os menos valiosos do Calçadão (R$ 2,8 mil). Mesmo assim, o delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Carlos Eduardo Candia, destaca que os salões comerciais do Centro ainda são os mais disputados de Bauru.

Embora as lojas da zona sul tendam a ser mais sofisticadas e a atrair um público com maior poder aquisitivo, a localização central da Batista e a logística de transporte público que privilegia uma avenida próxima, a Rodrigues Alves, contribuem para concentrar um número maior de pessoas nesta área.

“Tanto é que, na zona sul, é possível encontrar imóveis comerciais vagos.  No Centro, raramente você verá algum estabelecimento com placa para alugar ou vender. Há um grande número de interessados em ter seu comércio nesta região”, frisa Carlos Eduardo Candia.


Comemoração terá selo, carimbo, placa e totem

O Calçadão da Batista de Carvalho faz aniversário hoje, mas a comemoração está marcada para o próximo sábado, na quadra 7. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Arnaldo Ribeiro, a cerimônia contará com a colocação de uma placa, reinauguração de um totem e lançamento de um selo e um carimbo comemorativos dos Correios.

“A intenção é resgatar o valor do Calçadão para a história de Bauru e a referência comercial que ele é para toda a região”, comenta.

Ribeiro explica que a placa, contendo a frase “Somente na Cidade Sem Limites se conjuga o verbo batistar”, será instalada no monumento de inauguração do Calçadão, localizado na quadra 7.  No mesmo local, o totem com mapa da cidade e telefones úteis será relançado. “É um totem que fica iluminado à noite, ou seja, que pode ser consultado nas 24 horas do dia”, acrescenta.

Durante a solenidade, os Correios lançarão o carimbo e o selo alusivo à data. Eles serão utilizados em todas as correspondências emitidas de Bauru nos próximos 30 dias.

O evento será realizado a partir das 11h e deverá contar com a presença do prefeito Rodrigo Agostinho e de representantes dos Correios, Câmara de Dirigentes Lojistas, Sindicato do Comércio Varejista de Bauru e Região, Associação Comercial e Industrial de Bauru e autoridades.


Calçadão já foi ‘Rua dos Esquecidos’

A vida comercial na rua Batista de Carvalho começou muito antes de ela ser transformada em Calçadão da Batista de Carvalho. No início do século passado, pequenos vendedores de secos e molhados e alfaiataria montaram pequenos pontos de comércio no trecho compreendido entre a atual rua Araújo Leite e o canteiro de obras da Estrada de Ferro Sorocabana.

Com a chegada cada vez maior de operários, que passavam diariamente pela Batista para acessar a Estação Ferroviária, vendedores aproveitaram o fluxo para estabelecer o que seria a principal concentração comercial bauruense, condição mantida um século mais tarde.

“A partir do crescimento da Batista de Carvalho, a área de comércio se expandiu à Primeiro de Agosto e travessas”, explica o historiador Luciano Dias Pires. Mas, antes de receber este nome, a Batista chegou a ficar conhecida como “Rua dos Esquecidos”, porque, enquanto outras vias vizinhas recebiam nomes por meio de projetos de lei aprovados pela Câmara Municipal, ela continuava sem identificação.

Quem cunhou a expressão foi o comerciante João Batista de Carvalho, que escreveu os dizeres em uma tábua e a fixou em um poste. Um dos pioneiros de Bauru, ele exercia a função de juiz de paz e possuía um armazém de secos e molhados na cidade.

O comerciante faleceu em 1901 e, três anos mais tarde, o então prefeito Gérson França decretaria: “A partir desta data, a Rua dos Esquecidos passa a ser denominada rua Batista de Carvalho.”

Na década de 1970, já com a sua referência comercial consolidada, a via passou a ser interditada aos sábados, durante o horário comercial, para dar maior comodidade e mobilidade aos consumidores.

Finalmente, em 21 de agosto de 1992, o Calçadão da Batista de Carvalho foi oficialmente inaugurado. Ele se tornou, na verdade, sendo um dos primeiros do Interior do Estado.

Atualmente, o mais antigo corredor comercial da cidade conta com mais de 130 lojas dos mais variados segmentos e que atraem compradores de Bauru e toda região. A via se tornou tão famosa e querida pelos consumidores que o ato de comprar, pesquisar preços ou “só olhar” as opções de mercadorias ganhou verbo próprio: batistar.

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